Está sem tempo? Isso vai mudar quando descobrir quantas horas são gastas no celular
Camila Machado, especial para a Gazeta do Povo
23/07/2018 12:00
Tempo para passear com o cachorro, você tem? Ou então para cozinhar uma comida gostosa no final do dia? Para praticar um exercício? Visitar os seus pais, amigos? Planejar uma viagem? Dar um abraço gostoso em quem se ama? Cochilar no sofá?
A gente não tem tempo, trabalha demais. Mas e o tempo que a gente perde? E com coisas que não precisamos. Foi isso que eu descobri ao baixar o aplicativo Moment no meu telefone. Ele me mostrou o que eu já sabia, mas tava difícil admitir. O (enorme) tempo que eu passo olhando a tela do celular.
Em um dia comum, de doze horas, eu perdi seis deslizando o dedo no micro-computador. Na última quarta-feira (18), foram 3h45. Na terça, 2h17. Eu trabalho com a internet, na internet, para a internet. Eu preciso dela. Mas são muitas horas que passei olhando para baixo, para uma telinha brilhante.
E ainda tem mais: pelo app, também é possível ter acesso a quantas vezes o usuário pega o celular por dia. Veja só, em um dia bom, em que eu usei o telefone por pouco mais de meia hora -, peguei o aparelho 45 vezes. Eu perco, em média, quase duas horas da minha semana, checando minha tela, vendo as minhas notificações. É assustador.
Assustador e eu não estou sozinha. Parece mesmo que vivemos uma histeria coletiva.
Os brasileiros, segundo os dados dos relatório “2018 Global Digital”, da We Are Social e da Hootsuite, passam, em média, nove horas por dia navegando na internet. Dessas, mais de quatro horas são de acesso através de conexões móveis, dos celulares. Além disso, os usuários de smartphones no Brasil desbloqueiam seus aparelhos, em média, 78 vezes ao dia. O número é ainda maior entre os jovens, que checam seus celulares mais de cem vezes ao dia. Os dados são de uma pesquisa chamada Global Mobile Consumer Survey, realizada pela consultoria Deloitte.
Segundo o coordenador da comissão de Psicologia e Cultura do Conselho Regional de Psicologia do Paraná, Tonio Luna, o caso é mesmo de vício. “Na vida virtual, quando ligamos os celulares, há uma necessidade constante de aprovação, de interação. É preciso mostrar e encontrar a coisa mais importante, mais interessante, buscar recompensas, likes. Isso faz com que o cérebro se sinta estimulado, produzindo, inclusive, doses de dopamina – responsável pela sensação do querer. O mesmo acontece quando um usuário usa cocaína, por exemplo. Claro que em doses menores”, explica.
Mas como identificar o exagero?
Não existe um tempo mínimo ou máximo para estar conectado. Mas, segundo Luna, alguns sinais podem ser utilizados como alerta para saber se você (ou eu) está exagerando. Escutar quem está a sua volta é um primeiro passo. “Seus amigos vão lhe falar se você tem perdido muito tempo no celular. Hoje em dia, desligar o smartphone em compromissos ou jantares, é prova de amor”, disse.
O especialista aponta também a necessidade de se tratar o transtorno, quando diagnosticado. “Não é normal deixar as pessoas de lado para ficar no celular. Também não é normal se prejudicar no trabalho por conta do vício. Deixar de comer, de sair, de viver. Aí é transtorno”.
No consultório de Luna já chegaram pacientes que ficam até doze horas por dia no aparelho. Trabalhando? Sim. Mas não só isso.
Outra dica do psicólogo é manter o celular longe na hora de dormir. “O sono de qualidade é essencial. A luz e as informações que vêm da telinha podem esperar. Que é o celular é despertador não é mais desculpa para deixá-lo perto o tempo todo. Use outro método, deixe no modo avião. Também não cheque o aparelho quando for ao banheiro, no meio da noite”, explicou. Desativar as notificações e manter o celular no silencioso são outras dicas. “Parece bobagem, mas não é. Aquele micro-segundo em que a tela acende e perdemos o foco, fazem muita falta”, finaliza Luna.
Por aqui, seguiremos as recomendações. E, enquanto escrevo esse texto, meu IPhone está com tela virada para baixo (nada de notificação piscando).
Sobre o app: O Moment tem uma versão gratuita que marca o tempo que você usa o celular e quantas vezes o checa. A versão premium permite também regular o tempo que você planeja ficar no celular (custa R$ 12,90). Há também o pacote para o Moment Family (R$ 49,90). Além disso, há como contratar um suporte de um profissional, que auxilia no controle do tempo gasto ao telefone. Outras aplicativos similares são o Menthal, Freedom, Forest e o StepLock.