Comportamento
O homem contemporâneo não é um só, e essa diversidade tem sido negligenciada pelos estudiosos. É difícil encontrar antropólogos que topem falar do assunto, psicólogos que não vejam o homem pela perspectiva feminina e pesquisadores que indiquem estudos atuais a respeito. O que descobrimos ser unânime é a desorientação que hoje assombra o sexo masculino. “O próprio homem tende a querer ser um mistério. Ele não se abre como as mulheres, prefere manter segredo sobre quem realmente é e até participar de ambientes secretos e restritos”, diz o antropólogo Carlos Balhana, mestre em História Social do Brasil.
Antes, receber o carimbo de “macho” era mais fácil. Bastava fumar charuto, sentar à mesa e aguardar o melhor pedaço de carne, ser encrenqueiro e falar grosso. Dá para imaginar cabra mais macho que esse?
Depois vieram os conceitos de homossexual, metrossexual e, quando o clube masculino teve de assumi-los e respeitá-los, a coisa ficou mais complicada. Junte isso às consequências da luta feminina por novos espaços. Nada de farrear até de madrugada, nada de regalias em casa ou piadinhas preconceituosas. Assim como a mulher foi podada por muito tempo, o homem teve de experimentar as tesouradas, e agora resta observar essa nova forma de ser masculino, conceito que abrange múltiplas facetas.
Novos desafios
A professora doutora em Literatura da PUCPR Catia Toledo Mendonça lembra que hoje eles lidam com uma mulher que não conhecem, que exige um desempenho sexual, que não precisa aceitar as amantes ou recolher, sorridente, as cuecas recém-abandonadas pelo chão. “Hoje ele se vê em um relacionamento com alguém tão importante quanto ele. E está tendo de aprender a lidar com essa nova situação”, diz.
As mulheres também são apontadas pelo psicanalista Márcio Zanardini Vegas, mestre e doutorando em Psicologia, como influenciadoras dessas mudanças. “O homem ficou assustado com a mulher que não precisa dele. Ele não tem mais aquela bem-definida função de provedor e parece perdido”, diz.
Autoafirmação
Os pesquisadores que se propuseram a estudar o comportamento masculino (das décadas passadas) já diziam que a masculinidade é dependente da aprovação de outros homens, e que ela se define basicamente como “não ser como as mulheres”, conduta que pode levar a atitudes exageradamente masculinas.
A psicóloga Renate Michel, psicoterapeuta, mestre em educação e professora da PUCPR, explica que são os homens mais inseguros em relação à sua identidade que procuram se afirmar com estereótipos masculinos, ou seja, como machões, ogros, brutamontes… Eles são agressivos com outros homens ou com a própria família, ou trabalham demais, assumindo a postura de provedor (dizendo que o fazem pelo bem da sua família).
“O homem seguro de si não se sente ameaçado pelo homossexual, por exemplo. Já os inseguros sentem-se agredidos pela existência de gays ou bissexuais, estranham ‘este outro que é tão diferente de mim, e, no entanto, é homem’”, afirma Renate.
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