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Ao abrir o pote de margarina, você dá uma espiada no rótulo para ver quantas calorias está consumindo. Ao sair para levar as crianças na escola, se depara com um out-door daquela modelo maravilhosa de biquíni. A sua filha já avisou que quer um igual. Depois de um dia cansativo de trabalho, não consegue encontrar forças para ir à academia, mas viu em um anúncio um novo tratamento que promete acabar com a flacidez, as gorduras localizadas, os cabelos brancos e a celulite.
O ideal de beleza que se estabeleceu nas últimas décadas está nos lares de todas as classes sociais como uma ditadura silenciosa, de conceito efêmero e sem conexão com a saúde e o verdadeiro bem-estar. Os especialistas são os primeiros a alertar que a vaidade está chegando a extremos insuportáveis.
Ser vaidoso e cuidar da aparência é saudável e importante, mas tem um limite. Afinal de contas, o padrão de beleza divulgado principalmente nos meios de comunicação é para poucos. “As pessoas ficam deprimidas porque não dão conta de alcançar aquele ideal. Esse comportamento causa uma série de doenças, como anorexia e bulimia; não só em mulheres, mas em homens e crianças”, explica a psicóloga especialista em transtornos alimentares, Denise Cerqueira Heller.
Por ser um padrão tão difícil de alcançar, pessoas comuns, com dinheiro ou não, lotam os consultórios médicos em busca de soluções imediatas. Dietas mágicas, medicamentos novos e, principalmente, cirurgias plásticas. “O cirurgião não faz milagres. É preciso pensar bem antes de tomar uma decisão. Todo procedimento tem riscos”, explica.
A insatisfação pode não ser resolvida com uma mudança de visual. Quem passou por uma cirurgia de redução de estômago, por exemplo, nem sempre consegue se livrar de alguns vícios e traumas. O aumento da auto-estima não é conquistado apenas com mudanças externas. “Somos influenciados pelo o que os outros pensam de nós. E quem faz uma operação geralmente está em busca de aprovação social. Mas precisamos aprender que não podemos ser amados por todos”, diz a psicóloga Juceane Mattos Loureiro.
Não são apenas os que lutam com a balança que se sentem excluídos pelo padrão de beleza vigente. Os idosos também sofrem com essa realidade. “A valorização da aparência influenciou a terceira idade de uma forma positiva. Os idosos estão cuidando mais de si e isso se reflete na saúde. O problema é quando eles se envergonham da idade. Vão caminhar no parque mais cedo para não serem vistos pelos mais jovens ou decidem fazer uma cirurgia plástica para disfarçar as rugas”, explica o psicólogo Guilherme Falcão, especialista em terceira idade.
Para o psicólogo, não há nada que substitua o bem-estar e isso vale para todos. “Existe um antigo provérbio que diz: ‘O coração alegre formoseia o rosto’. Cultivar uma vida intelectual, espiritual, social e sentimental é fundamental para encontrar a verdadeira beleza. De nada adianta ter rosto e corpo perfeitos se o olhar é triste”, conclui.
Serviço: Denise Cerqueira Heller (psicóloga), fone (41) 3243-5883 / Guilherme Falcão (psicólogo), fone (41) 3013- 5415 / Juceane Mattos Loureiro – psicóloga, fone (41) 3019-4032 / Sérgio Gradowski (cirurgião plástico) fone (41) 3243-6216.
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