Comportamento

Saiba como é a vida (nua e crua) de um chef de cozinha

Gilson Garrett Jr.
30/05/2015 16:01
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Cozinhar é um dos trabalhos da chef Kika. Ela ainda administra as finanças do bistrô e visita fornecedores. Imagens: Reprodução

Cozinhar é um dos trabalhos da chef Kika. Ela ainda administra as finanças do bistrô e visita fornecedores. Imagens: Reprodução
Engana-se quem pensa que vida de chef é cozinhar e aproveitar o glamour das entrevistas, ser jurado em competições gastronômicas e aparecer em eventos. Para desempenhar a função máxima da cozinha, é preciso acordar cedo, dormir tarde, ficar em pé por pelo menos 12 horas, viajar quilômetros para comprar a melhor carne ou pescado, acompanhar de perto a produção e colheita de legumes e verduras. Além de tudo isso, tem que aliar as horas de trabalho com cuidar dos filhos e estar ao lado da família.
É este outro lado que a websérie do Bom Gourmet, Vida de Chef 5 Estrelas, vai mostrar a partir desta segunda-feira no canal de vídeos da editoria de gastronomia da Gazeta do Povo, o www.BomGourmet.tv. E ninguém menos que os Chefs 5 Estrelas, cozinheiros de Curitiba eleitos pelo Prêmio Bom Gourmet 2014, vão estrelar o novo projeto em vídeo. Manu Buffara, do Restaurante Manu; Ivan Lopes, do Mukeka; Kika Marder, do Sel et Sucre; Eva dos Santos, do Bistrô do Victor; e Ivo Lopes, do La Varenne;  mostram sua rotina, paixões e trabalho árduo.
A cada dia, até sexta-feira, um documentário, com seis minutos em média, vai ao ar no canal de vídeos. E o primeiro começa com a chef Manu. Foram mais de 100 horas de gravações e quase o mesmo tempo para a edição com o objetivo de mostrar os bastidores dos principais nomes da gastronomia paranaense. “A ideia da série é desmitificar o dia a dia dessa profissão, que não é só de glamour, mas também permitir que as pessoas se inspirem com a rotina de qualquer chef.  Eles doam toda a energia no preparo dos pratos mas as pessoas só veem o trabalho finalizado”, diz a editora do Bom Gourmet, Deise Campos.
Os trabalhos de filmagem da websérie começaram no fim de 2014 e só terminaram em março. Ao longo dos dias de gravação, a equipe – formada por produtora e cinegrafista– que acompanhou os chefs pegou carona com cada um deles para retratar o trabalho árduo por trás das criações.  A produtora de vídeos do Núcleo Estilo de Vida da Gazeta do Povo, Angélica Rodrigues, conta que teve momentos emocionantes, como ver o desenvolvimento da gravidez de Manu, que não mudou sua rotina até nas vésperas do nascimento da filha. Outros mais difíceis, como uma greve de caminhões na estrada que fez a viagem para o interior de São Paulo, de 2 horas, virar 10 horas.
Angélica conta que os vídeos mostram muito mais que astros da gastronomia, revelam o lado humano. A produtora diz ainda que não houve pré-roteiro, tudo o que foi relatado reflete a vida deles. “Tive que ser muito ouvinte e transformar o que eu ouvi em imagens. Interferimos muito pouco”, diz.
Encontrar um ingrediente de qualidade próximo do restaurante nem sempre é uma tarefa fácil. Na websérie, os chefs contam como é este trabalho. Todos eles, sem exceção, precisam viajar em busca de ingredientes. Manu Buffara, por exemplo, se desloca semanalmente até o litoral paranaense para buscar mel da abelha nativa jataí e hortifrútis usados no restaurante.
    Para garantir a qualidade das hortaliças, a chef Manu Buffara fornece as sementes para os produtores. Ela ainda participa da colheita de alguns ingredientes.
Para garantir a qualidade das hortaliças, a chef Manu Buffara fornece as sementes para os produtores. Ela ainda participa da colheita de alguns ingredientes.
Para Ivo Lopes, sexta-feira é dia de visitar o mercado de peixes de Guaratuba. Criterioso, gosta de escolher pessoalmente os peixes e camarões que serve no restaurante. Lopes busca o carro-chefe da casa, o pirarucu, no interior de São Paulo. “Ser chef é muito gratificante. A gente passa horas, dias pesquisando um ingrediente, mas não tem maior satisfação que ver um cliente sorrindo”, afirma.
A chef Eva dos Santos acompanha a compra e o corte da bracatinga que é usada no restaurante para o preparo dos pratos na brasa.
A chef Eva dos Santos acompanha a compra e o corte da bracatinga que é usada no restaurante para o preparo dos pratos na brasa.
No início da semana, Eva dos Santos tem uma missão: comprar a brasa para fazer os pratos com a técnica que se tornou símbolo da sua cozinha. A chef se desloca até Campo Magro, na Região Metropolitana de Curitiba, e pega do fornecedor a bracatinga, madeira usada para defumar os pescados no Bistrô. “Botar a mão na massa faz parte do serviço”, diz a chef.
O chef Ivo Lopes vai buscar os pescados, pessoalmente, no mercado municipal de Guaratuba toda semana.
O chef Ivo Lopes vai buscar os pescados, pessoalmente, no mercado municipal de Guaratuba toda semana.
Na profissão, cozinhar é apenas um dos trabalhos do chef. Kika garante que o dia a dia é corrido. “Minha jornada é tripla: tem três filhos, dois menus [almoço e eventos] e o terceiro é a gestão do restaurante”. Ela inicia o dia levando os filhos à escola, vai ao restaurante e cuida da parte administrativa do bistrô. Fica na cozinha até o fim do almoço e depois visita  fornecedores.
O pirarucu é o carro-chefe do Mukeka e Ivan vai buscá-lo no interior de São Paulo.
O pirarucu é o carro-chefe do Mukeka e Ivan vai buscá-lo no interior de São Paulo.