Comportamento

Um é pouco, dois é bom e três é melhor ainda

Larissa Jedyn - larissa@gazetadopovo.com.br
02/08/2009 03:04
Confira os bastidores da entrevista, os desencontros, a filosofia de boteco e o humor inteligente desses três amigos:
“Vocês estão diante do time mais credenciado de chargistas de todo o bairro Centro, de Curitiba”, diz Tiago Recchia, apontando para Paixão e Benett. O “vocês” a que ele se refere na frase somos eu (a repórter), o fotógrafo, o trainee, o assessor de imprensa e todos os frequentadores do bar e restaurante que serviu de cenário para nossa produção de fotos. “Nós somos os verdadeiros Los Três Amigos”, brinca Tiago, fazendo referência a seus personagens e aproveitando para reclamar que a dupla de companheiros anda faltando muito aos compromissos noturnos, em que falam de desenho e filosofam sobre a vida. “Esses dois são uns canalhas, me dão os ca­­nos sempre. Mas vou dizer que uma das melhores coisas que já me aconteceram foi receber o convite para trabalhar com eles”, arremata, com uma declaração de afeto extremo.
Os três estavam ali por causa de uma proposta relativamente simples: reuni-los para uma conversa ao redor de uma mesa. Depois descobri que tem gente aí no mercado tentando fazer isso há anos sem sucesso. Estar na Gazeta e conhecê-los bem deveria ser um bom começo. Mas orquestrar o encontro não foi assim tão fácil. O primeiro contato foi com Bennet, que aceitou a proposta e disse preferir as manhãs para conversar. O segundo, Tiago, topou, só pediu para que evitássemos justamente as manhãs – “Sabe como é, sou notívago…”. O terceiro passo foi tentar encontrar Paixão. Depois de três dias de tentativas e cerca de 600 recados espalhados por todos seus locais de passagem, ele me ligou rindo da insistência. Topou também. Só que todas as suas tardes estavam ocupadas. Só nos restavam as manhãs. Desculpe, Tiago…
Dia marcado, instruções enviadas por e-mail, pedidos de fotos de arquivos e questionamento sobre o número do manequim. Vieram as respostas. Um já planejava uma sessão de fotos “à moda das capas dos discos das bandas de rock das antigas”. O outro se arrepiou em personificar o estilo do pessoal do Nazareth (banda escocesa de rock dos anos 70) e perguntou se eles poderiam usar figurinos de mafiosos. Nada disso. Seriam simplesmente eles mesmos. Chegado o grande dia, Paixão veio ao jornal para se­­­guirmos juntos ao CanaBenta. Tiago ligou para confirmar o endereço e Benett já estava lá nos esperando. Esperou aliás mais de uma hora e quase desistiu. Juntos esperamos quase duas horas pelo Tiago (justiça seja feita, a culpa foi do trânsito). Mas a diversão estava garantida.
Troca-troca, no bom sentido
Além das biografias, contadas pelos próprios e remedadas pelos amigos (que você lê nas próximas páginas), os três falaram uns dos outros. Eles foram generosos e sacanas na dose certa. Paixão falou dos colegas, entremeando tudo com uma de suas histórias fantásticas e pedindo para que os outros revelassem “aquelas boas”… “O Tiago tem um humor aguçado e é uma figura. O Benett tem um sarcasmo de dar inveja”, diz.
Benett, com a palavra, revelou ter começado a carreira colecionando as charges de Paixão. “Ele era o meu sonho de profissional. Depois, conhecendo bem, pensei seriamente em mudar de profissão”, brinca. Paixão aproveita a deixa e provoca: “Eu sou você amanhã, Benett. Você consegue imaginar isso?”, diz. “Mesmo com a inspiração, não temos o mesmo traço. Já o Tiago teve grande influência nos meus desenhos. Os narizes e mãos que eu faço são a partir dos estudos que fiz em cima dos desenhos dele.”
O terceiro amigo, Tiago, se desmancha a falar dos companheiros que “ainda vão integrar um estúdio de desenho juntos”. O Paixão, segundo ele, é um caricaturista de primeira. “Não existem dois como ele. Fico olhando como ele resolve as coisas. Eu não tenho a delicadeza do seu traço nem a fidelidade. O meu traço é mais preguiçoso, mais vagabundo. Já o Benett é um piadista de primeira, tem umas sacadas de humor fantásticas. Ele tem o dom do humor textual. O Paixão tem um belo desenho e belas sacadas. Só usa palavras quando acha que seu desenho não se sustenta”, diz.
Serviço:
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Agradecimento