Um vídeo infantil disponível no YouTube levantou um alerta para situações perigosas que podem acontecer quando os pais não estão atentos ao conteúdo assistido pelos filhos. A pediatra norte-americana Free Hess divulgou em seu blog o relato de uma mãe que descobriu, no meio de um programa infantil, que o apresentador dava dicas de suicídio. Na publicação, a mãe afirma que ligou o “YouTube Kids” para distrair seu filho durante um episódio de sangramento nasal. “Estávamos sentados no chão do banheiro, observando o YouTube Kids quando vi. Foi um desenho simples e inocente – até que aconteceu”, relata.
Segundo ela, no meio do conteúdo, um homem apareceu estendendo o braço e ensinando as crianças a tirar a vida. “O que eu acabei de ver? Eu realmente só vi isso? Desliguei o vídeo imediatamente”, escreveu. Preocupada com a situação, a mulher terminou de atender seu filho e voltou a assistir a animação, sozinha, para entender o que havia ocorrido. “Lá estava novamente. Quatro minutos e quarenta e cinco segundos no vídeo”.
Nas imagens, o homem aparecia rapidamente, estendia o braço e mostrava como a criança deveria cortar-se para chamar a atenção. Após a explicação, ele desaparecia da tela e animação voltava ao normal. “Como alguém pode fazer isso?”, questionou a mãe, que não foi identificada.
A pediatra Hess denunciou o caso em seu
blog e o vídeo foi retirado do ar. No entanto, as imagens acenderam o alerta de que as crianças não estão seguras quando navegam na internet. “Eu gostaria de dizer que são incidentes isolados, mas infelizmente não posso”, escreveu a pediatra, que já identificou outras animações assustadoras no YouTube.
“Minha pesquisa me levou a um mundo horripilante, onde as pessoas criam charges que glorificam tópicos e cenários perigosos como autoflagelação, suicídio, exploração sexual, tráfico, violência doméstica, abuso sexual e violência armada, o que inclui um tiroteio simulado na escola”, relatou em outra
postagem.
O que fazer?
De acordo com a psicopedagoga e palestrante Ana Regina Caminha Braga, o fato é mais comum do se que imagina, e os pais não podem deixar as crianças sozinhas diante das telas. “No meio de muita informação positiva existem conteúdos destrutivos que podem aparecer no meio de um desenho ou em uma janela que pisca e a criança clica”, alerta.
Por isso, os responsáveis devem verificar o que os filhos acompanham pela internet, orientá-los com valores positivos e sempre manter um diálogo aberto em casa. “Ao ter essa relação de confiança, a criança contará aos pais quando assistir algo que a deixou com medo”, afirma a psicopedagoga. Isso ocorrerá, inclusive, nos momentos em que eles não entenderem o que foi apresentado. “Ainda que não saiba o que é aquilo, a criança perceberá que é algo ruim e que precisa relatar aos pais”, completa a palestrante.
Os responsáveis, segundo ela, também podem utilizar ferramentas disponíveis no computador e no celular para bloquear sites com conteúdo negativo e baixar aplicativos de câmera para monitorar os filhos.
“Hoje o pai e a mãe estão muito ausentes e não conseguem acompanhar as crianças o tempo todo presencialmente, então devem usar o que estiver disponível e também orientar as pessoas que ficam com a criança a manter esse cuidado”.
Com isso, será possível perceber eventuais mudanças de comportamento e evitar atitudes esperadas em relação ao uso da internet. “Se a criança agir de forma diferente, ficar muito interessada em determinado vídeo ou até agressiva, fique alerta”, orienta Ana Regina, que aconselha o tempo máximo de duas horas em frente às telas diariamente.
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