Saiba o que muda no comportamento dos cães no inverno
Fran Cherobim Paese*
16/06/2021 10:10
Funny puppy dog border collie lying on couch under plaid indoors. Lovely member of family little dog at home warming under blanket in cold fall autumn winter weather. Pet animal life concept
Você sente mais preguiça e fome no frio, né? Então, esse é um comportamento que também pode ser observado em cães. Com a chegada do inverno, a mudança de temperatura e os dias terminando mais cedo é comum eles sentirem mais sono e apetite.
Há alguns problemas de comportamento que podem ser notados neste período do ano: o cão pode ficar mais destrutivo, irritado, latir excessivamente e apresentar diminuição de peso. Normalmente, esses comportamentos estão relacionados ao tédio e às mudanças da rotina familiar, como a diminuição dos passeios, tempo de brincadeiras e de interação com o tutor. Tudo isso gera estresse e acúmulo de energia nos cachorros.
Para prevenir e melhorar essas questões é indicado manter uma rotina com interações e oferecer estímulos cognitivos para eles. É importantíssimo fazer atividades, mesmo que seja dentro de casa. Brincadeiras de faro recreativo e de jogar bolinha para o pet, por exemplo, são ótimas opções, assim como os exercícios de comunicação (comandos).
Você não deve deixar de levar o cão para passear, mas sim escolher os horários mais quentes do dia, porque mesmo quando estão agasalhados, as orelhas, patas e rabo ficam expostos e eles podem ficar termicamente desconfortáveis. Para saber a hora de encerrar o passeio use uma regrinha: quando você sentir necessidade de entrar, provavelmente, ele também está sentindo.
É essencial ficar ligado nas particularidades de seu pet e procurar suprir suas necessidades. Raças de pelo duplo, como huskys e samoiedas, são mais adaptadas ao frio e têm uma propensão de se tornarem mais ativos e brincalhões durante o inverno. Já aquelas raças de pelagem fina e corpos mais magros, como os greyhounds e staffies, por exemplo, podem perder o interesse em brincar no ambiente externo e de passear por serem muito sensíveis ao frio.
O melhor é você observar o seu cão. Mas, de forma geral, cachorros pequenos e magros sentem mais frio do que os mais gordinhos. Assim como filhotes e idosos podem ter mais dificuldade em regular a temperatura.
Com relação a cães com patologias é preciso acompanhamento mais cuidadoso. Idosos podem ser acometidos por artrite e no frio as crises tendem a piorar. É possível garantir o conforto de seu idosinho mantendo-o aquecido e fazendo exercícios dentro das possibilidades físicas.
Fique atento
Alguns estudos científicos sugerem um transtorno de comportamento sazonal em cães. No transtorno eficaz sazonal, o pet pode ficar mais letárgico, dormir por períodos muito maiores, ter menos interesse por brincadeiras, ganhar peso e parecer triste. Ainda está em estudo, mas o que se tem relacionado a esse transtorno diz respeito à disfunção na produção de melatonina e de serotonina.
A melatonina em excesso causa sonolência e letargia. Ela é produzida pela glândula pineal na ausência de luz e, com dias mais escuros do inverno, pode apresentar superprodução. Já a serotonina, que é um neurotransmissor que ajuda o animal a se sentir bem, precisa de luz para ser produzida e há indícios de que é afetada neste período do ano.
Em casos de mudanças muito bruscas de comportamento, procure um veterinário psiquiatra para avaliar o caso. Ele vai fazer uma anamnese para entender as mudanças de comportamento, sinais e sintomas, pedir exames e indicar o tratamento mais adequado.
Conforto e bem-estar
Escolher a cama certa, cobertores e onde eles vão dormir é vital para garantir que permaneçam aquecidos e confortáveis. Gente, cachorros que ficam no quintal devem dormir dentro de casa no inverno. E mesmo durante o dia, é preciso observar o comportamento deles ao ar livre para saber se não estão sofrendo com o frio.
A caminha deve ficar longe de correntes de ar e de preferência em um local com iluminação que tenha janelas. Porque eles gostam de se acomodar perto de fontes de aquecimento – cuidado com aquecedores e lareiras, instale grades de proteção para evitar acidentes.
A pele de seu cão pode ficar desidratada. Nesse caso, recomendo que converse com o veterinário clínico para indicar um hidratante ou suplemento alimentar que vai ajudar a manter a pele e o pelo saudáveis. Assim como se houver mudanças significativas de apetite.
Observe se a ingestão de água se altera no frio. O pet pode não gostar de consumir a água muito gelada, portanto, troque com mais frequência em dias muito gelados.
Com todos estes cuidados, você vai ajudar o seu cão a se manter confortável e saudável física e emocionalmente no inverno. Vocês podem curtir juntos essa que é a estação do ano do aconchego, filminhos, bons livros e comidas deliciosas.
* Fran Cherobim Paese é médica veterinária psiquiatra