Como o enriquecimento ambiental pode aumentar a qualidade de vida de seu pet
João Piva*
25/08/2021 11:22
Sabe aquele dia típico de domingo em que você acorda tarde, assiste a séries e fica mexendo no celular? Entediado, você começa a ficar ansioso pela vinda de mais uma semana. Bom, até aí tudo bem, né? Porque isso ocorre apenas em um dia da semana. Agora, imagine se todos os dias fossem assim…
Você já pensou que a vida do seu pet pode ser exatamente essa? Sem estímulos físicos e cognitivos e, portanto, propensa ao estresse, ansiedade e aos problemas de comportamento decorrentes disso. Se o seu pet é daqueles que tem comida à disposição, dorme grande parte do dia, late ou mia para tudo, destrói a casa toda e o evento mais esperado da semana é a hora que você diz “vamos passear”, sinto muito em te dizer, mas a vida dele é um tédio.
Para driblar o ócio e dar mais qualidade de vida para o seu cão ou gato, te apresento o mais novo integrante da rotina do seu companheiro: o “enriquecimento ambiental” (EA). Incorporar algumas mudanças na rotina do seu pet pode auxiliar no tratamento de comportamentos indesejáveis e, principalmente, proporcionar bem-estar e qualidade de vida.
A prática de EA teve sua origem em zoológicos nos anos 1920. Ao perceber que uma rotina sedentária estava prejudicando a saúde dos animais, os pesquisadores, em conjunto com os tratadores do zoológico, começaram a criar ambientes interativos e complexos que permitiam que o animal apresentasse comportamentos naturais.
Assim como os animais silvestres, nossos gatos e cães também precisam exercer comportamentos naturais das espécies. Com nossa rotina corrida e ambientes urbanos, a forma mais prática de proporcionar isso é por meio do enriquecimento ambiental – que pode ser classificado em cinco tipos: alimentar, sensorial, cognitivo, social e físico.
Dentre os tipos de enriquecimento ambiental, o mais comum e utilizado é o alimentar. A ideia é inserir novas formas de fornecer o alimento, simulando os desafios da natureza, induzindo o animal a utilizar seus sentidos, cognição e habilidades físicas. São exemplos: morder, roer, forragear, correr e pular para conseguir o alimento.
Para isso, você pode usar bolinhas dispersoras de ração, pode oferecer cascos, chifres e ossos naturais. Também são algumas sugestões: colocar a ração em garrafa PET, dentro de coco verde, em caixas de papelão ou em canos de PVC. Você pode, ainda, deixar a ração em árvores ou simplesmente espalhada na grama ou pela casa. Mas, atenção, sempre supervisione essas atividades.
A Jeito Animal adota uma ampla visão das possibilidades do EA. Por isso, inserimos a musicoterapia e a aromaterapia como complemento nos tratamentos, associando odores e sons a boas experiências. E o passeio? Fundamental na rotina, além de exercício físico é também classificado como EA social por proporcionar o contato do animal com outros indivíduos da mesma ou de diferentes espécies. Uma dica é evitar mencionar a frase ‘’vamos passear”, pois gera muita ansiedade nos cães e pode ser um dos motivos para o seu cão puxar e latir muito ao sair de casa.
Outro estímulo importante para os pets são as brincadeiras e os exercícios de comunicação, como senta, deita, fica, deixa, ou truques como dar a patinha e cumprimentar. Essas ações chegam a cansar os cães tanto quanto um passeio, devido ao estímulo mental.
As creches são ótimas opções, pois trabalham com todos os tipos de EA. Agora que você já sabe um pouco mais sobre EA, bora deixar a rotina do seu pet mais interessante e menos domingo dorminhoco? Durante as próximas colunas da Jeito Animal vamos falar sobre cada um dos tipos, em detalhes, e ensinar você a deixar a rotina do seu pet mais estimulante e saudável física e emocionalmente.