Temos que nos ocupar com o envelhecer, o trabalho e o futuro? Muitos não se preocupam com isso. Um pensamento comum é “quando me aposentar, não quero fazer mais nada. Só viajar, descansar, sem horários, sem compromisso”. Mas, infelizmente, a renda da aposentadoria pode não dar condições de manter sua vida no mesmo padrão, por isso, muitas vezes é preciso continuar trabalhando. Por outro lado, vemos outras pessoas dizendo: “Gosto de trabalhar. O trabalho me faz bem. Me sinto útil trabalhando”.
O trabalho sempre teve muita importância e significado na vida das pessoas, em qualquer idade, principalmente, pelo senso de utilidade na sociedade. Ser necessário e estar ativo e presente significa ter voz e ser respeitado, estar no lugar onde se sente feliz.
Depois de 35 anos ou mais de trabalho, e rumo aos 60 anos ou mais (60+), surge o dilema: “não quero parar ou, quando parar, preciso me preparar, pois não quero me tornar um peso para minha família.” Viver 24 horas, sem intervalos na convivência com todos, é diferente. Exemplo disso é o que vivemos pelo isolamento na pandemia nos trabalhos em home office. Os estilos de vida precisam ser adaptados ou modificados para que essa convivência dê certo. Sabemos de casais que, por causa disso, adoecem física e mentalmente, podendo criar situações que as levam a depressão ou crises de ansiedade, pânico e angústia e até separação.
Felizmente, o conceito de longevidade tem colocado ações mais positivas e produtivas para o público 60+, saindo da ideia de que o idoso não serve mais, é doente, mas ainda existem preconceitos, comportamentos intitulados hoje como “Idadismo” e “Ageismo”. A maturidade, porém, tem colocado uma nova visão para esta geração, que tem demonstrado um perfil mais ativo e participativo. Assim, a sociedade vem mudando conceitos e o olhar em relação às pessoas idosas.
Segundo o censo do IBGE (2019)a média de expectativa de vida das pessoas, no Brasil, era de 76,6 anos. Com a crise sanitária imposta pela pandemia de COVID-19, segundo dados do IPEA considerando o período de março de 2020 a dezembro de 2021, tivemos um retrocesso, com uma queda na expectativa para 72,2 anos. Caso a crise sanitária não diminua, com o passar dos anos teremos um menor índice de natalidade e uma população envelhecendo cada vez mais (e principalmente entre 2030 e 2050), reforçando a necessidade, urgente, de maior planejamento e reflexão sobre o futuro do idoso.
O amadurecimento da população vem fazendo com que o mercado de trabalho valorize as pessoas com 60 +. Além disso, há a influência no aumento da idade para aposentadoria tanto para homens (65 anos) quanto para mulheres (62 anos), e o surgimento de projetos de lei que incentivam o trabalho para esse público no Senado e no Congresso. Empresas também estão dando oportunidades de trabalho e hoje vemos inclusive estágios seniores. O crescimento de empreendedores com 60+ vem gerando empregos e oportunidades intergeracionais, tornando o trabalho mais leve e agradável, nesta fase da vida. Existem muitos projetos e ações voltadas para essa faixa etária que cresce cada dia mais pela longevidade. Que assim vivam melhor e mais felizes, fazendo sua visibilidade aumentar por estarem mais ativos e produtivos.
“O idoso é um jovem que deu certo”, reza o ditado. Temos que refletir sobre isso, afinal, na vida temos os ciclos de evolução natural do ser humano. Do nascer ao envelhecer, a LONGEVIDADE é passar bem, por todos esses ciclos, com saúde e felicidade.
Portanto, viver mais é bom, mas viver mais, sendo ativo, trabalhando, com saúde e sendo feliz, é melhor ainda!
*Raphael Di Lascio é Psicólogo Clinico e Psicólogo Organizacional e do Trabalho, responsável pelo Projeto Mature Ser.