Quantas gerações convivem com você em casa ou no trabalho hoje em dia?
Observamos atualmente vários impactos da longevidade nas famílias multigeracionais, assim como desafios a serem enfrentados por todos na convivência, nas relações, nos papéis de cada um, nas necessidades, nas opiniões e muito mais. Se olharmos ao redor encontraremos facilmente 4 ou 5 gerações interagindo entre si. Existem famílias envelhecendo juntas, em que filhos de setenta cuidam muitas vezes de seus pais de noventa anos. Em que netos cuidam de seus avós ou, ao contrário, os avós cuidam de filhos, netos e bisnetos. Isso é o que a longevidade vem nos mostrando.
E sim, estamos convivendo com nossas famílias por mais tempo. Mas como, cada vez mais, isso vem implicando diretamente nas relações de cuidado?
Nesta convivência existem vínculos sociais, afetivos, de apego, de conflitos, intimidades e afinidades, em que tudo é dinâmico, se movimenta, e às vezes, em determinadas famílias, as ações tendem a se repetir entre as gerações. A base do cuidado, do acolhimento, da atenção e do apoio vem da estrutura familiar. Assim, como fica o cuidar e o ser cuidado entre as gerações? Que formatos são encontrados nos domicílios brasileiros? O que se tem visto ou vivenciado? Estresse, falta de preparação, informações desencontradas, desgastes?
Se no percurso da vida familiar não existem acordos, diálogos, apoio mútuo e de confiança e, de repente, aparece uma situação de dependência... a vida desencadeia uma rede de desencontros e desestabiliza o presente e o futuro da família.
Quando uma pessoa que depende desta estrutura familiar envelhece, inicia um processo de buscas, da obrigação ou satisfação do cuidado, da aflição, dos conflitos financeiros, medo e insegurança de ambas as partes.
Até acertar este grau de ajustamento entre esta relação multigeracional envolvendo a longevidade, que perpassa por envelhecer com dignidade, suscitam-se vários sentimentos e emoções. A importância da rede de apoio multigeracional deveria ser um diálogo constante para que, lá na frente, houvesse a consciência do cuidar e ser cuidado, evidenciando conforto e respeito pelo futuro de cada um.
Esta coexistência/coabitação intergeracional deve ser refletida para que os filhos que não querem cuidar de seus pais dando-lhe o mínimo que é dignidade de viver não venham sofrer a mesma situação em sua velhice. “Faça ao outro aquilo que no futuro gostaria que fizessem por ti” – isso faz parte desta construção de valores e significados na proteção, cooperação, cumplicidade, atenção e claramente na relação de cuidado intra e extrafamiliares.
Em muitos casos a atuação de profissionais especializados no contexto do cuidado entre as gerações familiares promove espaços saudáveis, educativos e construtivos. Pense nisso!