Longevidade

Edilmere Sprada

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Edilmere Sprada é diretora da Aging 2.0 Curitiba

O cuidado como um propósito de vida

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11/06/2022 10:58
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Para além do mero significado de uma palavra, aproximamos você do sentido que se conhece como “cuidado”. Essencial é entender que, por detrás deste termo simples, existe um ecossistema imenso que envolve a longevidade. Percebemos a necessidade emergente de um entendimento global do cuidado. Dentre os pilares principais do movimento Aging 2.0 encontra-se esta palavra em três deles: no cuidado formal e informal, no cuidado coordenado, que é no sentido de comunidade, e no cuidado com a saúde do cérebro. Convidamos você a embarcar nesta aventura da arte do cuidado pelo sentir.
Com o tempo passamos a agir cuidando “sem sentir” profundamente a sua importância ao longo da vida. Temos em mente uma tarefa diária: viver - mas como você cuida de seu dia, do seu corpo, da sua mente, da espiritualidade? Quem cuida de você? Estaria essa pessoa olhando por você em todos os momentos? Qual tempo você tem para cuidar da saúde financeira? Sim, isso também é cuidar! Assim como cuidar da forma como nos comunicamos, daquilo que ouvimos e até cuidar do planeta! Será que estamos cuidando com responsabilidade? Ou precisaremos rever os conceitos ou atualizar a palavra cuidado. Até que ponto abandonamos o cuidado com nós mesmos para olhar o outro em primeiro lugar? Ou será que estamos cuidando muito mais de algo material do que cuidando de nós? Acredite, haverá um tempo em que tudo deve ser interiorizado, sentido e expressado no percurso da sua vida.
Estas são algumas das poucas reflexões que podemos trazer, até como forma de puxões de orelha para aqueles que levam a vida sem olhar para o cuidado, sem sentir como um propósito de vida. Na verdade, o cuidado deveria ser um daqueles compromissos mais importantes do nosso dia a dia. É fato que conhecemos o conceito do cuidar, que é sim uma arte, pois exige equilíbrio, amor e outros ingredientes como: paciência, tolerância, empatia, mas também exige limite, responsabilidade e negociação.
O cuidado familiar exige de nós muito além daquilo que um dia imaginamos. Refletir sobre quem vai cuidar de você no futuro é um excelente exercício. Quem um dia se preparou para receber cuidados de outra pessoa como adulto? Recebemos isso na infância, na adolescência e depois parece que só resgatamos o conceito, por exemplo, quando temos que cuidar de um filho ou de nossos pais, avós, tios, amores e amigos. Estaríamos preparados para o cuidado e quem sabe até um dia contratar alguém para cuidar de quem amamos? É um malabarismo viver no cuidado com tantas responsabilidades, muitas vezes sem suporte, informações, treinamentos, ferramentas essenciais para apoiar aquilo que conhecemos como simplesmente cuidar.
Há uma preocupação que permeia pela escassez desde o profissional cuidador até pelas possíveis soluções tecnológicas para o cuidado, outra é no olhar para as necessidades do cuidado coordenado, tão fragmentado para as pessoas que hoje vivem em condições crônicas de saúde. “Cuidados de longo prazo” necessitam de planejamento e uma demanda expansiva em função do envelhecimento populacional.
Muitos países estão se preparando para investimentos distintos nesta área, mas infelizmente ainda existe uma deficiência no Brasil, não há uma política pública direcionada para o setor referente ao cuidado prolongado, para os cuidadores profissionais e, tampouco, referente ao cuidado social e à saúde do cérebro.
Caminhemos, mas que o cuidado jamais seja um fardo e sim, uma jornada de aprendizado, um propósito na vida de todos. Cuide-se!
*Diretora Aging 2.0 Curitiba, bióloga, empresária, membro do Sumaúma Hub - Innovation is Ageless e do Movimento LAB60+. Atua desde 2005 nas áreas de envelhecimento humano, qualidade de vida e economia da longevidade.