Longevidade

Norton Mello

Norton Mello

Norton Mello é PhD em Senior Living e diretor da Aging 2.0 Curitiba

Tecnologias nas moradias

Norton Mello
Norton Mello
30/09/2022 17:37
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Iluminação e camas articuladas são soluções para mobilidade e redução na visão. | Arquivo Pessoal

Você já parou para pensar em como a tecnologia pode auxiliar de forma positiva durante o processo de envelhecimento, especialmente dentro das moradias? Diversos ambientes podem ser servidos de tecnologia, de forma até mesmo subliminar, oferecendo mais autonomia, relativa independência e, em alguns casos, dignidade.
Na cozinha já vemos armários suspensos que contam com mecanismos deslizantes e permitem o alcance de todas as prateleiras independentemente da altura. Temos também fogões com sistema de detecção de vazamento de gás ou incêndio, mantas de abafamento de fogo, iluminação mais “vívida” e identificação das portas por adesivos com símbolos de copos, pratos, xícaras, facilitam a lembrança e memorização. Isso apenas para citar alguns exemplos!
No quarto, camas articuladas facilitam o ato de levantar e deitar, enquanto sensores de presença podem acionar luzes de vigília durante a madrugada para iluminar o caminho sem incomodar outras pessoas. Além de interruptores com adesivos fosforescentes ou iluminados que facilitam a identificação de onde estão localizados. Nos banheiros, os vasos automáticos que agregam ducha higiênica e secagem permitem aos usuários mais autonomia e dignidade, evitando o auxílio muitas vezes constrangedores para realização da higiene íntima.
Mas não é só a parte motora a beneficiada. Em toda a habitação, o uso de cenários de iluminação que simulam o ciclo circadiano com temperatura das luzes mais adequadas a cada ambiente favorecem os estados de atenção ou relaxamento. Sistemas de automação acionados por comando de voz permitem abrir e fechar cortinas e persianas, regular a temperatura ambiente, acender e apagar luzes, ligar a tv em seu programa preferido, aumentar e diminuir o volume, realizar ligações telefônicas e vídeo chamada, facilitando a vida de quem já tem a mobilidade comprometida. Esses sistemas podem estar integrados com dispositivos como a Alexa ou Google Home, ou ainda com os robôs de telepresença, como o Robios da Human Robotics, a única empresa brasileira a fabricar, configurar comportamentos e prestar assistência técnica no Brasil.
E por falar em robôs, uma das suas maiores vantagens é o fato de eles conseguirem identificar padrões comportamentais e acionar resgate em caso de quebra desses padrões, como por exemplo quedas ou longos períodos no banho ou dormindo. Eles ainda podem agregar equipamentos de telemetria para avaliar a temperatura corporal, glicemia, pressão sanguínea e se comunicar com balanças e outras tecnologias “vestíveis”, como os relógios inteligentes, os quais atualmente estão implementando uma série de funções de monitoramento de nossa saúde.
Além disso, os robôs permitem a ligação por vídeo chamada enquanto a pessoa anda pela casa, podendo ser utilizados para teleconsultas. Eles podem inclusive permitir aos familiares e amigos, por meio de um link, que caminhem pela residência. E, uma vez configurados, podem lembrar as pessoas de seus compromissos, como tomar algum medicamento, contribuindo para a maior adesão a tratamentos.
Algumas dessas tecnologias ainda não têm custos populares, é verdade. Porém, a maioria não estão muito além em termos de preço de um smartphone de primeira linha. O importante é que as barreiras tecnológicas para o público sênior estão caindo gradativamente, pois ao se utilizar reconhecimento facial e acionamento por comando de voz, damos adeus aos controles remotos multifuncionais, que só os adolescentes conseguem configurar. Isso permitirá cada vez mais o acesso de inúmeros dispositivos para qualquer idade.
  • Diretor da Aging 2.0 em Curitiba e Engenheiro PhD. em Moradias para Idosos, com projetos arquitetônicos realizados nos Estados Unidos e no Brasil, dentre os quais o BIOOS, em Curitiba.