Moda e beleza

A moda da São Paulo Fashion Week

Larissa Jedyn, larissa@gazetadopovo.com.br
05/02/2012 02:08
Uma temporada de inverno clássica como há tempos não se via. A São Paulo Fashion Week veio com ingredientes dos frios de antigamente como o preto, as golas de pele, o couro, os comprimentos midi e as silhuetas justas para elas, e bem comportada para eles. Tudo revisto pela costura contemporânea. As novidades foram os tecidos, os tratamentos, o jeito de costurar para mostrar um corpo novo.
Boa parte do que se viu nos 30 desfiles pode, sim, ir para a rua. Os ajustes vão mais para questões particulares de formas e medidas, do que para as essenciais pensadas pelos estilistas. O conceito trabalhado por eles foi palatável, adaptável e compreensível. Em alguns casos, houve até sugestões de mistura entre uma peça-conceito e outra do dia a dia. Coisa de criadores de olho no mercado.
Para quem espera uma tradução do que se viu na passarela para as ruas, as apostas são claras e certeiras. Os looks totais pretos são tendência para eles e para elas, desde que, de preferência, misturem mais de um material (couro, lã, náilon, jeans encerado, lurex e tecidos planos). O couro vem também em peças de todos os tipos – das saias justíssimas aos casacões militares. Bordados e metálicos encabeçam a lista de efeitos e materiais. No mais, silhueta ajustada para homens e mulheres (saias, calças, blazers e coletes) em contraposição a casacos de linhas retas. Esses últimos perfeitos para serem jogados sobre as produções sequinhas nos dias de muito frio.
Montaria (foto 1) – O inverno da Cori vem com referências esportivas, mas mantém uma cara urbana e usável em quase todas as situações. O couro pontuou boa parte das peças da coleção, em reforços nos ombros, cotovelos, ou em composições com outros materiais. Na cartela de cores, tons terrosos, preto, verde e metálicos.
Retrô (foto 2) – O filme Viagem a Darjeeling, de Wes Anderson, serviu de inspiração para a estilista Juliana Jabour, que coloriu seu inverno de amarelo e nude e trabalhou com uma silhueta dos anos 1920 e 1960. Atenção para as golas: generosas de tricô, retrôs e algumas românticas como a da foto.
Espacial (foto 3) – Silhueta justíssima, frisos delineando o corpo, cintos e mangas anatômicas. Essa foi a aposta da grife Tufi Duek, que recriou na passarela mulheres-foguete, com suas saias e vestidos tubo, acabamentos metálicos e linhas geométricas.
Midi (foto 4) – As saias na altura dos joelhos ou um pouquinho para baixo deles são a aposta da estação. A Colcci apresentou uma seleção de modelos superbacanas, em couro, lápis ou levemente godês, como esta da foto, que combina com a blusa no mesmo estilo.
Discurso (foto 5) – Guerreiros urbanos, discurso na ponta da língua e uma moda esportivo-chique com alguma referência militar. Esta é a tônica da Osklen que segue em seu posicionamento em defesa da sustentabilidade e inventa roupas com materiais ecológicos. Destaque para as sobreposições e para o uso do couro reaproveitado.
Tradição (foto 6) – A indumentária dos judeus ortodoxos foi revista por Alexandre Herchcovitch em sua coleção masculina. As peças tradicionais e com pouquíssimas variações, foram desdobradas em alfaiataria de primeira, sobreposições com casacos esportivos e detalhes de macramês.
Clássicos (foto 7) – A estética do século 19 serviu de base para o estilista João Pimenta, que vestiu homens contemporâneos com alfaiataria clássica desconstruída. Peças em jacquard, saias avanjajadas, paletós bem cortados e sobreposições apareceram nos looks, marcados pela cartela de cores sombria.
Cavalera (foto 8) – No faroeste urbano da Cavalera, a sobreposição é quase que uma ordem. Os tons neutros – cinza, verde militar e cáqui – se combinam numa boa e casam muito bem com o inverno.
Glória Coelho (foto 9) – A marca resolveu falar de vulcões, neutrinos e fim do mundo numa coleção de geometrismos e costura de qualidade. No look, casaco navalhado para ser usado sobre base nude.
Jefferson Kulig (foto 10) – Esporte é uma das marcas do trabalho do curitibano Jefferson Kulig, que misturou tecido e aplicações típicas dos uniformes em roupa de rua.
Mario Queiroz (foto 11) – Bordados para eles também, na coleção que misturou a alfaiataria já tradicional de Mario Queiroz com detalhes rebuscados e tecidos nobres.
Pedro Lourenço (foto 12) – Preto, couro, silhueta seca e chique. Pedro Lourenço fez um inverno clássico, com toques contemporâneos.
RRosner (foto 13) – Na sua estreia na SPFW, RRosner trabalhou com moda festa, renda e corpo à mostra. Tudo para ser usado sob muitas mais camadas de roupas nos dias mais frios do inverno.
*A jornalista viajou a convite do evento