Deu branco na moda. E muita cor também. O mais provável é que tenha dado a louca nos criadores, que resolveram colocar o avesso da roupa para fora, retalhar couro para arejar o corpo, remodelar as formas com uma costurinha aqui e outra ali. O fato é que vale misturar tudo e ir aos limites da simplicidade. Esse foi o recado da edição de verão da São Paulo Fashion Week
*A jornalista viajou a convite do evento
Em brancas nuvens
Ele vem sozinho, em produções com tecidos naturais e looks monocromáticos sofisticados. Mas pode vir também misturado a cores cítricas, que funcionam como pontos de luz nos looks. O branco, que sempre dá as caras no calor, combina com a pele bronzeada e a leveza da estação. Vale usar algodão branco em peças de alfaiataria, tule nas sobreposições e até couro.
Foto 1: Mexicanas roqueiras, coloridas e floridas até quando a roupa é quase toda branca. No look da Cavalera, paetês, bordado floral e vestidinho transparente tipo camisola.
Foto 2: A conversa entre Brasil e Portugal, proposta pela Maria Bonita, trouxe peças em tecido rústico entremeadas de telas e pespontos em fios de ouro – numa referência à ourivesaria tradicional lusitana.
Foto 3: A alfaiataria da V. Rom é contemporânea: tem blazer alongado, calça mais curta e camisa em patchwork – que vira ponto de cor em uma produção toda branca.
Foto 4: Inspirada na cultura negra, a coleção Royal Black da Osklen falou de brasilidade de um jeito bem contemporâneo: formas limpas, muito branco, tecidos tecnológicos e couro sustentável. Destaque na foto para os macacões, que continuam em alta, e o comprimento mais curto da calça.
Na onda do color block
Verão combina com cor, isso é fato. Mas desta vez, a estação mais quente do ano vai se vestir de blocos coloridos, contrastantes entre si ou de nuances de um mesmo tom. A tendência cria linhas geométricas nas produções, inspiradas nas artes gráficas. Yves Saint Laurent já fez isso lá atrás em seu vestido inspirado na obra de Mondrian.
Foto 5: Inspirada nos balneários chiques, um bauhaus tropical, de formas simples e muita cor. Esta foi a receita de verão da Neon, que trabalhou estampas gráficas, grandes blocos de cores e intervenções étnicas.
Foto 6: Bem ao estilo dos anos 70, a Colcci trabalhou com cores fortes, gritantes, usadas juntas ou sozinhas, como neste vestidinho. Na cartela de cores, muito verde bandeira, azul marinho e “bic”, laranja e algumas intervenções de listras.
Foto 7: A Reserva aproveitou a passarela para polemizar e brincar sobre Cuba, a ditadura, o roteiro turístico e a cultura popular. Na coleção, roupas em cores “tropicalientes” e formas amplas.
Listas, plissados e fendas
Os dias quentes serão riscados por listras – não só as de inspiração náutica, mas também as irregulares e coloridas. E por tudo mais que ajuda a criar efeitos visuais na roupa, como plissados delicados, que reforçam o movimento do tecido, fendas sensuais e cortes sequenciados no material, como couro e cetim.
Foto 8: Divas contemporâneas vestem Reinaldo Lourenço, que desta vez fez alfaiataria em couro para o verão. O material foi retalhado e aplicado tira a tira em uma base de tecido transparente.
Foto 9: O curitibano Jefferson Kulig resolveu “humanizar” e “aquecer” seus tecidos tecnológicos com a aplicação de lã, tecida artesanalmente. As camadas de materiais criaram listras de texturas.
Foto 10: Na Cori, Priscilla Darolt fez moda baseada no universo do tênis, dos uniformes esportivos, dos plissados e das quadras. O resultado foi uma moda clássica, só que com forte referência esportiva. Na foto, calça reta com regata de listras aplicadas.
Foco total na costura
Roupas elaboradas, trabalhadas a exaustão segundo os preceitos da costura clássica. A alfaiataria e o repertório da costura formal apareceram como nunca nas coleções de verão, combinados a peças leves e descompromissadas, como camisetas e vestidos simples. Alinhavos, pences e aplicações apareceram inclusive para o lado de fora da roupa.
Foto 11: O avesso da roupa veio para o lado de fora, revelando, assim, um repertório de fendas, pences e pontos do estilista Alexandre Herchcovitch. Extremamente feminina, a coleção veio em forma de vestidos delicados, bojos estruturados e ricos tecidos.
Foto 12: Ronaldo Fraga falou de Noel Rosa num carnaval de 1935. Para isso, revirou fotos antigas, costurou referências de época e fez uma coleção que combinou plissados, bordados, corte a laser e brilhos.
Foto 13: O universo da caça foi só o ponto de partida da coleção masculina de Alexandre Herchcovitch. O que veio depois foi uma moda utilitária, com peças multifuncionais e de detalhes capazes de revolucionar a moda convencional. Um deles é essa camisa em tecido “gelatina”, impermeável e ultramoderno.
Vai dar muita praia
Cavas altas que alongam mais as pernas, bojos estruturados capazes de redesenhar os seios, cintura alta. A moda praia veio com novidades que modelam o corpo e podem levar essas peças para além da areia. Que tal, por exemplo, usar um maiô junto de uma pantalona esvoaçante num passeio no calçadão à tarde? É só caprichar nos acessórios.
Foto 14: As musas nacionais dos anos 70 deram cor, formas e vida à coleção de Adriana Degreas. Ela se inspirou em ícones brasileiríssimos como Sônia Braga e fez uma moda de hot pants (calcinha de cintura alta), bojos estruturados e estampa tropical.
Foto 15: As cavas altas, que voltaram à moda, ajudam a alongar as pernas e garantem o bronzeado. A movimento investiu também nos maiôs bem recortados, com decotes e em formato “engana-mamãe”.
Foto 16: O modernismo conduziu a linha criativa da Água de Coco para o próximo verão, definindo blocos de cor na moda de praia e os efeitos geométricos nas peças.
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