Quando você começou na área, como era o trabalho dos cabeleireiros?
Comecei aos 17 anos. Não havia tecnologia e, naquele tempo, permanente era feito com fios elétricos – cada rolo usado para permanente tinha um lado positivo e outro negativo, como uma bateria. E se mudava a voltagem. O nível de amônia nas tinturas era muito alto. Fazia mal para todo mundo.
O que mais mudou desde então?
Em cada década, sempre aconteceu algo revolucionário. Em 1960, as mulheres iam diariamente ao salão. Não eram pessoas necessariamente ricas. Os preços é que eram baixos. O que foi mudando radicalmente o salão de beleza foi o estilo de vida das pessoas. Quando a mulher começou a trabalhar e a levar dinheiro para a casa, a coisa mudou muito. Havia um look prático para o trabalho e um look para sair. O tempo passou a ser mais precioso. As mulheres passaram a ir menos ao cabeleireiro e os preços, por conta disso, foram aumentando. O cinema também influenciou o cabelo e impulsionou as mudanças.
O quê, e quando, a filosofia de Bauhaus trouxe para os salões de beleza?
A Bauhaus chegou aos salões na década de 60. A escola trouxe para mim o porquê das formas e das texturas. É uma arte aplicada. Da mesma forma que Freud é importante para a Psicologia, Bauhaus é importante para qualquer tipo de arte.
O que você acha do título de “cabeleireiro das estrelas” dado para alguns profissionais atualmente?
É muito bom para a profissão ter cabeleireiros especializados em atender estrelas. Isso aconteceu nos Estados Unidos e na Europa também, assim como no Brasil. A ideia é fazer entender que existe um profissional de valor por trás da celebridade. Atrás da Michelle Obama há um cabeleireiro, Rhani Flowers. Assim como Oprah Winfrey, vista por 50 milhões de pessoas por dia. Falar disso só pode ser positivo.
Hoje muitos cabeleireiros se autodenominam hair designers para se destacar de profissionais mais simples. Quem pode ser chamado de hair designer e qual é realmente a diferença entre esses e os cabeleireiros comuns?
Para ser um hair designer você tem de saber tomar decisões de design. Você precisa ter formação em arte. Isso toma muito tempo de estudo. Se um profissional se denomina hair designer, ele tem de saber trabalhar não só com o cabelo, mas com outras formas de design – embalagens, móveis, roupas.
Um cabelo simples, com corte reto, comprido, sem nada demais, pode ser considerado um produto de hair design?
Simplicidade faz parte da arte. Se você faz um erro em algo simples, ele sempre vai aparecer. Se o cabelo é curto ou comprido, não importa. As linhas são esculpidas.
Como as pessoas podem escolher seus cortes de cabelo? Além do tipo e cor do cabelo, quais outros aspectos devem ser considerados na hora de fazer a opção por um novo corte?
A maior parte das pessoas escolhe baseadas em revistas, filmes, tevê e no que se está usando nas ruas das grandes cidades. O mais importante a ser considerado é a forma da face e o estilo de vida. A textura do cabelo também determina bastante. Quanto tempo a pessoa pode manter aquele estilo. Hoje as pessoas trabalham muito e por isso o tempo disponível para manutenção é algo muito importante.
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