Balanço da 41ª. edição do SPFW é uma ode à liberdade
Katia
29/04/2016 16:32
Comprimentos em todos os lugares, cores terrosas, mas também branco e preto. A moda é a liberdade de escolha. Fotos: Agencia Fotosite/divulgação
Moda, é claro, domina as edições do SPFW. É esse o foco, afinal. E na 41ª. edição que encerra nessa sexta feira (27) não foi diferente. Mas peculiaridades acontecem e é bom fazer comparações. Dessa vez, a semelhança é com a música que dominou o evento, tocada à exaustão por um dos patrocinadores da edição. Trata-se da composição de Martinho da Vila, “Mulheres”. Eis um trecho para grudar na cabeça enquanto você lê essa matéria:
“Já tive mulheres de todas as cores/De várias idades de muitos amores/Com umas até certo tempo fiquei/Pra outras apenas um pouco me dei/Procurei em todas as mulheres a felicidade/Mas eu não encontrei e fiquei na saudade/Foi começando bem, mas tudo teve um fim/Você é o sol da minha vida a minha vontade/Você não é mentira você é verdade/É tudo que um dia eu sonhei pra mim”
E o que isso tem a ver com a moda apresentada no evento? Quase tudo. As coleções do estilistas mostram que a democracia, apesar da palavra batida, é a regra no vestir e lançam coleções que podem ser usadas por todas as tribos. Admita, você já teve roupas de todas as cores, de todas as idades, com umas até certo tempo ficou, mas tudo teve um fim. Então que tal buscar mais qualidade nessa relação?
A novidade é que agora o fim não precisa existir. O caso de amor com a moda pode ser eterno, permite perenidade. Não precisa mais ficar com receio de usar uma coisa que gosta e estar por fora. Deixa disso, menina. E não é só o SPFW que revela isso, é um movimento do mundo, um novo jeito de pensar o consumo e as experiências, muito mais um reflexo dos hábitos sociais do que apenas… moda!
As peças deixam de ser descartáveis para contar uma história, É por isso, que muitos dos estilistas que apresentaram suas coleções nessa edição foram buscar inspiração na cultura, na arte e até em outros países. A história da sua roupa fala tanto quanto o modo que você escolhe se vestir. E se esse modo for despretensioso, vale também, porque a edição corrobora com o conceito de que fluidez e conforto são tendências sempre. Nada como se sentir bem com o que se veste.
Faz tempo que a moda deixou de ser consumo para contar histórias contundentes. Pode ser a peça da sua avó que você reciclou (referência a À La Garçonne, que aproveitou tecidos vintage), pode ser uma inspiração no Japão, Cuba, Havaí, como as que dominaram as coleções apresentadas nessa edição.
São coleções mais pensadas e menos descartáveis, afinal obras de arte são para serem levadas estrada afora e fazer companhia por muito tempo. Por isso, o olhar comum dessa coleção híbrida entre Inverno 2016 e Verão 2017 é a liberdade, mas com consistência. Afinal, a roupa não é mentira, é de verdade. Escolha o que você escolher.