Banco de tecidos dá vida nova aos retalhos em Curitiba
Bruna Covacci
30/12/2016 09:00
Cada pedaço de retalho será aproveitado. Esse é o objetivo do Banco de Tecidos, que surgiu em São Paulo quando uma figurinista Lu Bueno resolveu criar um sistema para trocar materiais que sobravam do seu trabalho, e já tem sede em Curitiba há quase um ano e meio, trazido pelo estilista Henrique Cabral. O Banco permite recolocar no mercado tecidos que estavam guardados em armários ou que já não agradavam seus donos, liberando espaços e ainda diminuindo o consumo de recursos naturais.
Henrique, no Banco de Tecidos. Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo.
“É um empreendimento social porque está diretamente ligado a sustentabilidade. Damos novas funções a excedentes que não seriam utilizados. E é muito comum que existam esses resíduos, pois a maioria das pessoas que compra tecido acaba acumulando uma reserva de retalhos”, diz. Na prática, funciona da seguinte forma: você leva os panos que estão sem uso na sua casa, 25% dele fica para o banco e os outros 75% da pessoa. O valor em peso é revertido em crédito para a conta corrente. “Não precisa pegar tudo de uma vez só. Você fica com créditos”, explica. Quando o usuário não tem uma conta corrente, também pode comprar os tecidos em dinheiro – o quilo custa R$ 45, independente do tipo: vale para malha, rendas, cambraias ou sedas. “As pessoas precisam entender que o valor desse tecido surge quando ele é transformado em roupa. Não adianta ter um pedaço de pano guardado”, diz.
Banco de tecidos.Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo.
Para vender o tecido para o banco ele precisa ter no mínimo 25 x 25 cm, menos que isso é considerado resíduo. O ideal é que ele tenha o tamanho suficiente para se tornar uma peça de roupa, ou mais – existem casos de pessoas que levam rolos de oito ou 10 metros de tecidos. “Tenho uma cliente de Florianópolis que encontrou tecidos da antiga fábrica da Renaux, de Santa Catarina. É uma das principais tecelagens do país, mas fechou. Mas quando ela viu o corte quis levar para casa na hora”, diz. A questão afetiva também aparece em tecidos antigos, com mais de 20 anos.
Henrique diz que a maior parte dos clientes do banco são pessoas com relação com o tecido: sejam eles artesão, costureiros ou estudantes de moda.