Com amor, segundo dia de SPFW teve parceria com O Casulo Feliz (PR)
Bruna Covacci
19/10/2015 23:15
“Se já passou da hora de saber que moda é arte, imagina de aceitar que o amor é livre”, disse Ronaldo Fraga após o seu desfile que trouxe o amor como temática. Para ilustrar sua afirmação, nada como o primeiro ato: um casal de modelos trocou de roupa entre si. Para Fraga, falar de amor em tempos de guerra é um ato de subversão, é resistência. Com corações pulsantes estampados em sedas e jacquards, o sentimento deu pano para mangas, vestidos, blusas e blazeres. Na fila final, os modelos deitaram em camas na passarela. “Minha intenção era que o público pudesse interagir com os modelos, para ver que eles não são um universo distante e paralelo”, comentou.
Entre as cores: roxo, vermelho, branco e rosa. Nos materiais, vinte tecidos produzidos pelo O Casulo Feliz (Vale da Seda), do artesão paranaense Gustavo Rocha. “Estamos em crise, nós vemos o Brasil que cria o Brasil da indústria e o Brasil feito à mão separado, como se cada um estivesse numa ilha. Nós precisamos de união e tenho o maior orgulho de afirmar que todos os materiais usados no meu desfile são nacionais”. Outra marca paranaense que contribuiu com peças para a apresentação do estilista foi a de acessórios Yë, que reutiliza refugo de couro e madeira. A beleza foi assinada pelo maquiador oficial da Natura, Marcos Costa. “Pensei na frase de Leonilson: ‘o amor faz a gente enlouquecer’”, disse. Por isso o cabelo desconstruído, desfiado e cheio de textura. As flores na cabeça ficaram duas semanas no sol para poder secar. “O batom tinha que ser vermelho! É a cor da paixão!”, comentou Costa. A pele é corrigida e acetinada, uma beleza fresh.
Quem abriu o dia de desfiles foi a Animale, que fez sua apresentação no terceiro andar do prédio da Bienal. Sua mulher é elegante, contemporânea e não precisa se esforçar para ser sexy. Na coleção, Vitorino Campos apresentou comprimentos e propostas de modelagem variadas – da alfaiataria em casacos e peças mais estruturadas à languidez da seda em peças mais soltas. A pegada sexy aparecia na renda francesa, trazendo transparência em tops e com o efeito lingerie.
Conversando com a arquitetura e a natureza estavam o contraste entre soft e heavy. Bolsas e sapatos foram desenvolvidos através de misturas de texturas e materiais. Botas em couro compunham looks elegantes, assim como os scarpins com salto em acrílico. Todos os tecidos são naturais: seda, lã, couro, pele, tricô e renda francesa. Outro destaque é o lançamento da linha de óculos. A coleção explorou uma cartela de cores mais ampla, que ia do rosa claro ao pele queimado, passando por verde escuro, amarelo vivo, laranja, preto, branco, mostarda, cinza claro e escuro.
A UMA apostou na mulher em movimento, pronta para todas as ocasiões: por isso o minimalismo que já é característica da marca. “A moda tem que ser versátil e eficiente nos dias de hoje”, afirmou a estilista Raquel Davidowicz. Por isso a coleção versátil, descomplicada, confortável e com ênfase na mistura de materiais e sobreposições.
Um mantô de lã se transforma em uma jaqueta, as botas fazem papel de legging, o plissado é na verdade um amassado, o moletom aparece misturado com materiais nobres, como seda e couro. As cores são sóbrias, vão do preto ao cinza, passam pelo camelo e o marsala e têm um toque de excentricidade com o metalizado em bronze e prata. Entre os tecidos, tafetá de seda, couro, lã, moletom e viscose de malha. A pegada é esportiva urbana. Vanessa Rozan, responsável pela beleza natural e com blush rosado do desfile, apostou no batom ameixa e na pegada “corra, Lola, corra — em versão vitoriana”, brincou. Outro destaque da apresentação são as bolsas feitas com placa de alumínio, para dar o efeito amassado.
Quem encerrou a noite foi a marca Lilly Sarti, das irmãs Lilly e Renata Sarti. Na passarela, cores e materiais se combinavam pela contraposição. Os recortes diferenciados, a mistura de texturas e a assimetria são a prova de que o diferente está na moda. As cores são ocre, berinjela, azul, preto e cinza. Entre as tendências que mais apareceram no dia estão o comprimento mídi, o uso de peles, a assimetria, o veludo e as golas rolê.