Moda e beleza

Além do filtro solar, outros aliados evitam manchas, flacidez e rugas na pele

RBS, por Camila Kosachenco 
26/06/2018 12:00
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Manter em dia um ritual indicado pelos dermatologistas é fundamental para prevenir e adiar os efeitos do tempo na pele. Foto: Bigstock

Maior órgão do corpo humano, a pele exerce uma série de funções no organismo. Ela serve como barreira de proteção, resguarda glândulas, vasos e nervos e tem papel importante na sensibilidade.
“Existem muitos autores estudando a questão da aparência. Enxergamos o outro através da pele, dos olhos e dos cabelos. Ela tem papel funcional, mas também é o órgão que nos liga com o exterior e é por ela que o outro nos vê em um primeiro momento”, diz a médica dermatologista Maria Gertrudes Neugebauer.
No cuidado estético com a pele, combater os efeitos da ação do tempo é um dos pontos que mais movimenta o mercado. Cremes, preenchimentos, aparelhos e uma infinidade de procedimentos compõem um arsenal disponível para ambos os sexos e (quase) todos os bolsos.
Antes de investir naquele creme caro ou procedimento supertecnológico, é preciso começar pelo cuidado mais básico de todos: o uso diário de filtro solar. Médicos dermatologistas fazem coro ao colocar o produto no topo da lista dos mais importantes para manter a integridade da cútis. Pudera, o sol é considerado o inimigo número um da pele. Em excesso, a exposição solar lesiona e provoca manchas. O efeito do sol vai muito além do vermelhão após um dia inteiro na praia.
“Os danos solares são cumulativos. Os problemas dos 50 anos são decorrentes da adolescência”, ilustra a dermatologista Gabrielle Adames, da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Além dos prejuízos estéticos, os raios ultravioleta B, aqueles que estão mais intensos entre 10h e 16h, são os responsáveis pelo aparecimento do câncer de pele, tipo mais comum no Brasil, correspondendo a 30% de todos tumores malignos registrados no país, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Depois do filtro solar, completam o kit de cuidados essenciais a limpeza diária e a hidratação – inclusive nas peles oleosas. Seguir à risca esse ritual é fundamental para manter a saúde do órgão e retardar um pouco os efeitos do tempo. Não é só essa rotina, contudo, que vai garantir o não aparecimento das rugas, da flacidez ou o surgimento de manchas. Há diversos fatores, inclusive genéticos, que influenciam a aparência da face. Desdobramos esses problemas e apontamos algumas soluções para contorná-los.

O que é a pele?

Foto: Bigstock
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Maior órgão do corpo humano, é composta, basicamente, por três camadas: epiderme (primeira e mais externa), derme e
tecido subcutâneo.

Todas as peles são iguais?

A estrutura é a mesma, mas a pele negra, por exemplo, tem produção maior de melanina do que a branca. Entre os sexos também há pequenas diferenças: homens contam com colágeno mais espesso e compacto. Eles tendem a ter poros mais abertos e maior produção de oleosidade em função dos hormônios.

Flacidez

Não adianta: a partir dos 25 anos, o colágeno da pele começa a se degradar. A melhor forma de retardar esse processo é a prevenção. Cremes com ativos derivados da carcinina são aliados, especialmente porque conseguem impedir que o açúcar que consumimos transforme as moléculas de colágeno e elastina, prejudicando a elasticidade da pele. Além desses produtos, outra saída é investir em estimuladores de colágeno, como a hidroxiapatita de cálcio e o ácido polilático.
“Eles são injetados e atuam em diferentes camadas, estimulando a produção de colágeno”, diz a dermatologista Gabrielle Adames.
No quesito tecnologia, o mais indicado para tratar a flacidez é o laser Erbium YAG, que promove o que se chama de rejuvenescimento 4D.
“Ele pode ser aplicado dentro e fora da boca e age com profundidade na pele, reposicionando estruturas. Dá muito resultado”,  descreve a médica dermatologista Tatiana Gabbi, da SBD, acrescentando que esse procedimento é praticamente indolor.
Outra prática que pode ser usada para combater a flacidez é o ultrassom microfocado. Apesar de bastante eficiente, é doloroso.
“Mas tem um resultado excelente, que aparece em até três meses. Pode ser usado no pescoço e na mandíbula, suspendendo as estruturas da pele”, afirma Tatiana.

Manchas

Hábitos diários simples ajudam a ter uma pele saudável e bonita. Foto: Bigstock
Hábitos diários simples ajudam a ter uma pele saudável e bonita. Foto: Bigstock
Embora todas as peles possam sofrer com manchas, a genética é um fator importante nesse contexto. A união de histórico familiar e exposição ao sol resulta na chamada melanose solar, manchas causadas pela radiação ultravioleta A, presente ao longo do dia.
De acordo com a dermatologista Maria Gertrudes Neugebauer, os tratamentos disponíveis conseguem apenas atenuar o problema, nunca eliminá-lo de vez. Entre os ativos que podem ajudar, estão o ácido retinoico e a hidroquinona. Já os aparelhos mais comuns são luz pulsada, CO² e microagulhamento.
Outro tipo de mancha comum é o melasma, associado a fatores hormonais. O problema tende a aparecer com uso de contraceptivos orais ou durante a gestação. Para tratá-lo, a recomendação são peelings de ácido retinoico, microagulhamento e muito filtro solar com cor.
“Quem tem melasma precisa usar proteção em ambientes fechados, pois as luzes internas também mancham”, lembra Gabrielle Adames.

Os principais vilões

Dormir de maquiagem
É durante a noite que a pele se renova: ela descama e elimina as “sobras” pelos poros. A maquiagem bloqueia esses poros, impedindo a oxigenação da pele. Isso pode ressecar e acelerar o envelhecimento a longo prazo.
Açúcar
Consumo excessivo de doces e farinhas brancas prejudica a pele por causa da chamada glicação, uma quebra na fibra do colágeno. Apesar de terem açúcar, as frutas contêm fibras, o que retarda a queda dessa substância no sangue. A dica é sempre optar pela fruta inteira, e não pelo suco.
Álcool e cigarro
Essa dobradinha prejudica a saúde da pele e contribui para o acelerar o envelhecimento.
Noites mal dormidas
Uma boa noite de sono é fundamental para o reparo celular, que ocorre somente quando dormimos.

Rugas

Foto: Bigstock
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Franzir a testa, fazer beicinho ou dar aquela piscadinha de olho são cruciais para a formação das famosas rugas de expressão, ou dinâmicas, como chamam os especialistas. De tanto forçar o movimento, a pele perde a elasticidade e acaba formando novos vincos, chamados de rugas estáticas.
“As dinâmicas se formam em pessoas jovens com colágeno bom pelas expressões excessivas. Água mole em pedra dura… “, diz a dermatologista Maria Gertrudes Neugebauer.
A boa notícia é que dá para prevenir o aparecimento dessas marcas: a saída é apostar em cremes que inibem o mecanismo da metaloproteinase, um grupo de enzimas que pode contribuir significativamente para o envelhecimento cutâneo ao provocar a quebra do colágeno.
“Esses cremes fazem o estímulo das células da camada dérmica, produzindo novo colágeno e elastina, o que evita rugas e flacidez”, explica a dermatologista Gabrielle Adames.
Tatiana Gabbi, médica dermatologista da SBD, completa: “Para prevenir rugas, os melhores ativos são o ácido retinoico, a vitamina C e seus derivados”.
Quando as marcas já estão instaladas, é mais difícil tratar. Além dos cremes específicos, a dica é apostar em alguns procedimentos. Um dos mais populares é a aplicação de toxina botulínica, substância que se liga aos receptores da musculatura, impedindo que os impulsos nervosos cheguem ao músculo, paralisando o movimento.
Com duração média de quatro meses, o tratamento também pode atuar na prevenção das rugas.”Quanto antes começar, melhor – indica Gabrielle. Rugas mais evidentes também podem ser amenizadas com preenchimentos de ácido hialurônico.
“A região onde há aplicação se hidrata, pois ele puxa água para si, promovendo volume. A vantagem é que, quando o resultado não fica bom, pode-se utilizar uma substância que dissolve o ácido hialurônico”, complementa Tatiana.
Outros procedimentos para apagar as rugas são os lasers ablativos, o CO² e o microagulhamento – que faz diversos microfuros na pele. O objetivo de todos é o mesmo: promover o chamado resurfacing, ou seja, refazer toda a superfície facial para estimular a produção de colágeno.
“A ideia é melhorar a face como um todo e igualar a pele do rosto “, afirma Tatiana.

Mitos e Verdades

Foto: Bigstock
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Quanto mais caro o creme, melhor
Mito
Basicamente, os cremes são compostos por dois itens: os ativos de tratamento e o veículo. O que varia é a porcentagem dos ativos e os veículos. Uns hidratam mais, outros melhoram a textura e por aí vai.
“Mas não é por isso que o creme mais barato não terá veículos tão bons quanto os mais caros”,  afirma a dermatologista Gabrielle Adames.
Lavar o rosto demais é prejudicial
Verdade
Esse hábito pode provocar lesões e sensibilizar a pele. O ideal é lavar pela manhã, para retirar os produtos aplicados à noite, e no fim do dia, para eliminar a maquiagem e as impurezas.
“Peles muito oleosas podem ser lavadas até três vezes por dia”, recomenda a dermatologista Tatiana Gabbi.
Posso usar os mesmos produtos da minha amiga
Mito
“Há uma avaliação individual feita pelo dermatologista. Assim, a pessoa pode usar um creme e não obter benefício “, destaca Gabrielle.
Alimentação influencia a saúde da pele
Verdade
“Quando a pessoa engorda, a pele como um todo muda. Além disso, dietas pobres em proteínas podem acarretar flacidez “, diz Tatiana.
Frutas, verduras e legumes são aliados, pois acrescentam antioxidantes ao organismo.
Posso dispensar o filtro solar no inverno
Mito
Mesmo no frio, os raios solares continuam intensos.
“Se estiver dia claro, pode haver queimaduras em função da radiação B, mais presente das 10h às 16h. A radiação A, que mancha e envelhece, está presente o dia todo”, relembra Tatiana.
Preciso usar filtro em dias de chuva
Depende
Quando o dia está muito fechado, teoricamente, o filtro solar poderia ser deixado de lado. Contudo, é importante passá-lo para criar ou reforçar esse hábito tão importante.
Para ambientes fechados, Tatiana indica uso de filtros com cor ou cosméticos tipo BB creams, que protegem das luzes visíveis.
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