Moda e beleza

Morre Elio Fiorucci, criador dos jeans mais desejados dos anos 1970

Bruna Covacci
21/07/2015 10:39
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Asas de anjo eram o símbolo da marca criada pelo italiano. (Foto: Reprodução)
Conhecido pelos modelos de jeans com cortes perfeitos, cores ousadas e irreverência, o italiano Elio Fiorucci revolucionou a moda nos anos 1970. Qualquer pessoa com mais de 40 anos sabe bem o que a marca significou. Quem não teve uma calça original, foi atrás de um modelo trazido do Paraguai para não ficar por fora da mania. Aos 80 anos, o estilista foi encontrado morto na manhã da segunda-feira (20), em sua casa em Milão.
Há alguns anos, numa conversa com a jornalista e consultora de moda, Glória Kalil, falamos sobre a marca de Elio: a primeira grife internacional a entrar pelo Brasil. A relação entre os dois? Todas as peças passavam pela triagem e o bom gosto de Glória. E ela me contou: “Ainda tenho uma delas em meu guarda-roupa”. Depois de um tempo, as peças começaram a ser fabricadas no Brasil.
Em sua homenagem, a jornalista escreveu em seu site que a cabeça do italiano era como uma antena aberta e inteligente, que captava toda a vontade dos jovens nas ruas e seu talento as transformava em roupas e objetos que ele colocava na sensacional loja da Galleria Passarela em Milão. “Foi o primeiro a fazer uma loja ‘concept’, onde roupa, gadgtes, música, livros, revistas, se misturavam formando uma ideia de lifestyle que todas as marcas passaram a copiar desde então”, escreveu.
A produtora de moda Pati Sabatowitch recorda o quanto a peça significou um sonho de consumo, mesmo nos anos 1980. “Tem relação com identidade. Como ela era mais justinha e tinha uma pegada jovial, era o que os adolescentes queriam ter. Era um símbolo”, disse. Além disso, Pati acredita que ela se adaptou muito com o corpo da brasileira.
“Coqueluche” em Curitiba
Nereide Michel, jornalista e editora do suplemento do Viver Bem na época do boom da Fiorucci, lembra que, além da calça, camisetas com o símbolo da marca (o conhecido anjinho), agendas e papéis de carta eram desejadas por todos. “Em Curitiba foi uma loucura. Sua chegada foi um marco na história da moda que possibilitou a entrada de outras grifes, como a Zoomp, logo depois”, lembra.
O diferencial de cores e modelagem era um conceito embutido e procurado pelos consumidores, algo que traduzia o desejo de liberdade.
Artistas como Andy Warhol, Keith Haring, Basquiat e Ettore Sottsas frequentavam suas lojas e desenhavam vitrines, pôsteres, papelaria e objetos para ele.