Curitibano assina figurino de Elza Soares em um dos 10 melhores álbuns do mundo
Bruna Covacci
08/12/2016 15:37
Vestido foi feito exclusivamente para cantora. Foto: divulgação
Ela já foi indicada ao Grammy Latino, nomeada “cantora do milênio” pela BBC de Londres e aclamada por revistas internacionais por sua voz explosiva. O respeito da crítica de fora corresponde à legião de fãs que Elza Soares coleciona. Seu mais recente trabalho, “A Mulher do Fim do Mundo”, foi considerado pelo jornal “The New York Times” um dos 10 melhores do ano, dividindo a lista com “Lemonade” de Beyoncé e “Blackstar” de David Bowie.
Vestida pelo curitibano Alexandre Linhares, a cantora preserva a parceria e valoriza o trabalho local, feito à mão e com identidade artística. Os dois começaram a trabalhar juntos em “Elza canta e chora Lupicínio”. “A Elza me pediu para vesti-la de rosas”, conta Alexandre. “E assim o fiz, só rosas. Entreguei o vestido e pedi para que ela não usasse o forro. Ela sorriu e aceitou a ideia”. A peça foi feita à mão. Ao todo, 200 rosas foram aplicadas ao tule.
Cena do espetáculo "A Mulher do Fim do Mundo". Foto: Rosano Mauro Jr.
Logo depois, veio o convite para a produção do figurino de “A Mulher do Fim do Mundo”. Para o espetáculo, Linhares assinou o macacão preto de vinil com correntes e chifres no ombro, um dos pontos marcantes do show. “Enquanto o processo de criação do vestido de rosas foi mais livre, dessa vez o trabalho tinha um briefing mais definido”, diz. Alexandre conta que mostrou para a cantora alguns croquis para a sua aprovação e ela topou tudo. “Até os chifres!”, lembra. Na semana em que a cantora esteve em Curitiba, na apresentação de “A Voz e a Máquina”, no Teatro da Caixa, o estilista aproveitou para modelar a peça diretamente no corpo da cantora. “Foi como se eu estivesse fazendo uma escultura”, diz.
Alexandre Linhares com a cantora. Foto: André Sanches.
Para Linhares, a sua marca e a cantora têm algo em comum: sonhos. Ambos usam a roupa como forma de comunicação, um outdoor. Não querem passar em branco. Ele lembra que Elza é uma mulher batalhadora, destemida e porta-voz de tantas causas sociais importantes. “Ela é desbravadora e pioneira. Uma mulher que abriu os caminhos para uma geração e não se cansa, sempre corre atrás dos seus sonhos”. Linhares lembra que Elza Soares foi humilhada, perdeu filhos, amor e até a casa, sendo expulsa do país. Ainda assim se reerguei e jamais desanimou. “Ela é a voz de um milênio e vai cantar até o fim, até o último grito”, finaliza.