Moda e beleza

Estilista Gloria Coelho fala como será a moda do futuro

Bruna Covacci
27/03/2017 10:30
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Coleção de Gloria Coelho. Foto: Marcio Madeira/Divulgação.

Gloria Coelho é um dos principais nomes da moda brasileira. Apaixonada por tecnologia e pesquisas, nos anos 2000, desenvolveu um tecido próprio que seca rápido, tira 3% da celulite e, por ser sintético, é antibacteriano e não cheira mal. No verão ele não fica quente porque respira e, com uma roupa de proteção térmica é possível usar até no frio glacial, para esquiar.
A estilista Gloria Coelho na Namix, em Curitiba. Foto: Kelly Knevels
A estilista Gloria Coelho na Namix, em Curitiba. Foto: Kelly Knevels
À frente do seu tempo, aponta o futuro da moda como o sustentável e ecológico. “Precisamos fazer roupa sem deixar resíduos. Só vai sobreviver o empresário que não explorar o outro e cuidar do planeta”, diz. Enquanto isso, ela acredita que o consumidor tem necessidade de buscar algo novo, que não existe: roupas diferentes, com volumes inusitados. “Nós fazemos o básico renovado”, diz.
Com relação à tecnologia de moda produzida no Brasil, a estilista lembra que a entrada dos produtos da China e a facilidade de importação fizeram com que a produção local se tornasse quase inexistente. Tudo está atrasado. “Vivemos um momento em que a moda deveria estar assim: se está frio a roupa aquece, se está calor diminui o tamanho da peça. Deveria ter um chip para controlar a cor e a estampa da peça. Tudo isso já é possível, não fazemos porque é caro, mas logo estará acontecendo”.
Para sua coleção de inverno, Gloria apresenta a moda de um futuro próximo: pensa em 2020. Para chegar até aqui fez uma análise do comportamento social. “Há dois anos começou a se dar valor ao cabelo natural: seja ele crespo, liso, ondulado ou black power. As meninas estão mais naturalistas e a maneira de ser de cada um também mudou, se tornando mais livre”, diz. A estilista conta que, atualmente, tudo é individual, cada um é personalizado.
Focada em três diferentes mulheres: a “refinada”, que acompanha a marca desde o começo e envelheceu ao lado grife, sem deixar de lado o interesse por novidades e pela moda, representando 60% da coleção; a “irreal”, mais nova, filha ou neta da cliente original e jovem, que usa shorts, vestidos curtos e sem manga, com 20% das criações destinada para elas; e também a “especial”, mulher que não tem um corpo ‘padrão’ e é feliz assim, também ganhando 20% da atenção na coleção. Os detalhes estão em todos os lugares: na barra da calça com uma patch, um zíper ou numa costura diferente.
Pre Fall 2017 inspirado na Escócia. Fotos: Marcio Madeira.
Pre Fall 2017 inspirado na Escócia. Fotos: Marcio Madeira.
A grande onda de 2020 está na a assimetria e no oversized. Blazeres, mantôs, cardigãs, parkas e jaquetas não vão deixar ninguém passar frio. Há uma recuperação das peças com capuz o resgate da interferência do street style no fashionismo. “A sensualidade está nos decotes ombro à ombro e nos lados mais curtos das saias. Aposte também nas transparências”, lembra.
Segundo ela, a mudança da moda é clara: “Até mesmo as marcas de luxo estão mudando. Elas saíram do clássico e estão colocando sapatos pesados, como o salto tratorado. É um grande sinal”, conta. Agora, já há quem misture botas com vestidos de festa – as barras estão mais curtas para que o detalhe possa aparecer. As camisetas podem ser transparentes, metálicas ou ter estampas que brincam com a ilusão de ótica. Há tricôs enormes ou pequenininhos. As mangas estão compridas.
SPFW
Depois de pular a última temporada da São Paulo Fashion Week, a estilista comentou que não está fora do evento. “Eles ainda estão construindo o see now buy now (veja agora compre agora, em tradução livre). Os pensamentos estão desencontrados e preferi não gastar energia para fazer uma roupa que minha cliente já conhece”, disse. A criadora explica que o período do verão é mais longo que o inverno no Brasil, quando se trata de moda. “Preferi dar atenção ao que dá maior faturamento para a empresa, mas vou voltar”.
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