Moda e beleza

Giorgio Armani abre a polêmica: existe “jeito gay” de se vestir?

Camille Bropp Cardoso
22/04/2015 16:41
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“Seja gay, mas não se vista como um”. Com esse conselho fashion, o estilista italiano Giorgio Armani, ícone da moda e ás da alfaiataria elegante, começou uma polêmica depois de conceder uma entrevista ao jornal Sunday Times, publicada no domingo (19). Gay assumido, apesar de tocar pouco no assunto, o estilista defende que a “homossexualidade não precisa ser exibida ao extremo”.
“Um homem homossexual é 100% homem. Ele não precisa se vestir de forma homossexual. Quando a homossexualidade é exibida ao extremo — como se dissesse ‘ah, você sabe, eu sou homossexual’ — não faz sentido para mim. Um homem precisa ser um homem”, disse.
Na entrevista, o estilista comenta também sobre como prefere um visual mais natural para homens e mulheres, sem tantos músculos nem tantas plásticas. Mas foi o comentário sobre “vestir-se gay” que atraiu mais repercussão. As principais críticas comparavam principalmente a declaração às últimas criações da marca e ao próprio estilo de vida de Armani, fã de bronzeamento artificial.
"O senhor Armani disse que homossexuais deveriam parar de se vestir como gays. Então, aqui estão algumas das roupas mais recentes da marca". Bryan Boy, blogueiro de moda, via Twitter. Imagem: Reprodução
"O senhor Armani disse que homossexuais deveriam parar de se vestir como gays. Então, aqui estão algumas das roupas mais recentes da marca". Bryan Boy, blogueiro de moda, via Twitter. Imagem: Reprodução
"Vestir-se como gay? Giorgio Armani acha que isso existe". Who What Wear, blog de moda, no Twitter.
"Vestir-se como gay? Giorgio Armani acha que isso existe". Who What Wear, blog de moda, no Twitter.
"Giorgio Armani diz que ele não quer pessoas gays vestindo Armani. Ele quer ir a falência, não entendi?". Imagem: Reprodução/Twitter
"Giorgio Armani diz que ele não quer pessoas gays vestindo Armani. Ele quer ir a falência, não entendi?". Imagem: Reprodução/Twitter
Farpas à parte, o colunista na revista britânica AttitudeJames Dawson, foi mais fundo no debate: “A declaração de Armani prontamente teve uma raivosa e engraçada resposta nas redes sociais, onde lembraram que as próprias coleções da marca dificilmente são desenhadas para lenhadores”, escreveu.
“[Mas] há uma bem citada opinião de que homofobia é  ligada a misoginia, ou o ódio a mulheres. Pense nisso. Pessoas atacam homens gays por causa do seu comportamento ‘maricas’, que evita trejeitos tradicionalmente masculinos em favor de estereótipos femininos”, continuou. “Isso é deprimente o suficiente quando vem de pessoas de fora da comunidade LGBT, mas inquestionavelmente ouvimos esse mesmo sentimento de dentro dela”.
Ainda na Itália
A polêmica veio se juntar à briga que os estilistas italianos Domenico Dolce e Stefano Gabanna, da Dolce&Gabbana, tiveram em março com o cantor e compositor britânico Elton John. O músico ameaçou boicotar as roupas da marca depois que a dupla afirmou ser contrária a métodos artificiais para a formação de famílias, como a técnica da fertilização in vitro.
“Eu acredito na família tradicional”, disse Dolce à CNN, em resposta à tentativa de boicote. Em contrapartida, os empresários afirmaram ser a favor da adoção de crianças por casais gays. “Nós amamos casais gays. Nós somos gays”, disse Gabanna.