Moda e beleza

John mãos de pincéis

Larissa Jedyn
26/04/2012 03:30
Ele é um dos queridinhos dos red carpets, mas lá no fundo, pinta rostos como se pintasse telas. Sim, porque John Stapleton, maquiador sênior da M.A.C, queria trabalhar com cinema e artes visuais antes de ser capturado pela maquiagem.
Pontos áureos, teoria da cor, luz e sombra foram sua escola em meio a batons, sombras e delineadores. Hoje, é um dos artistas de beauté mais badalados do planeta. Fama que não parece impressioná-lo e ele desconversa, enquanto escolhe a cor que combina melhor com o seu tipo de pele. Confira os principais trechos da entrevista concedida em São Paulo, em uma de suas visitas ao Brasil. “Adoro esse país. É a quarta vez que venho para cá.”
Você ingressou na moda pela passarela. Antes de ser maquiador, era modelo. Como foi isso?
Na verdade, estudei artes visuais em Manhattan (Nova York). Por causa dessa formação em artes, resolvi procurar algo para fazer em Los Angeles, quando fui descoberto por um olheiro. Mas a carreira de modelo foi rápida. Ganhei um pouco de dinheiro, mas achava que seria chato viver sendo só modelo. Daí para a maquiagem foi meio que natural, pois já conhecia o meio, tinha amigos maquiadores. Uma amiga da M.A.C me chamou para uma entrevista e a oportunidade de “pintar” todo o dia me soou incrível!
Mas qual era a sua base para a maquiagem?
Eu transferi para a maquiagem os mesmos princípios da pintura. O rosto recebia o que eu treinei um dia no papel, como o jogo de luz e sombra, teoria das cores. O resto foi gosto pela coisa e criatividade. As passarelas trazem também tendências de maquiagem.
Como é que se faz para adaptar o conceito de uma coleção na concepção toda da beleza?
É preciso conversar com o estilista, entender suas propostas e ouvir o que ele tem a dizer. O estilista Reinaldo Lourenço (John assinou a beleza do desfile da coleção de inverno, apresentada na SPFW em janeiro), por exemplo, sabe exatamente o que quer. Ele conhece a mulher que veste melhor do que ninguém.
Ele sabe a roupa que ela usa e como ela se arrumaria. Daí veio a orientação para a maquiagem de olhos fortes, muito preto, dramática. A mim coube incorporar esse conceito e dar forma à proposta. Com a Osklen foi diferente.
Ali, depois que vi a coleção dos guerreiros urbanos, uma estética meio fabril, com muita cor, optei pela maquiagem mais orgânica, de pele mate e alguns pontos de luz. Apesar de parecer uma maquiagem simples de fazer, ela é muito elaborada. Você abre mão de trabalhar os pontos fortes do rosto (olhos , boca e contornos), para recriar a pele, criar uma textura, uma nova luz.
Como adaptar as tendências para o dia a dia?
Eu acho que a principal lição a ser incorporada é não repetir fórmulas. É preciso experimentar. Se ficar sempre nas mesmas maquiagens, você não saberá até onde pode chegar. O que está em alta é a maquiagem mais natural, com alguns pontos de destaque, como texturas, luminosidade. A propósito, uma das tendências mais fortes da maquiagem desta estação é o brilho metálico. Então vamos lá e descubra qual é o que mais combina com você. Eu sei que as brasileiras têm um pouco de receio do brilho, de parecerem com a pele suada, engordurada. Mas há tantos produtos bons, que é impossível não encontrar um que atenda às suas necessidades.
Qual seu principal conselho para as mulheres em termos de maquiagem?
Deixem a segurança um pouco de lado. Para que usar sempre a mesma base, o mesmo batom, o mesmo lápis na parte de baixo do olho? Não se prenda a nada, muito menos à maquiagem de sempre. É tão fácil se divertir com a maquiagem. É tão simples. Se não der certo, é só limpar e fazer tudo outra vez.
O que a maquiagem pode fazer por uma mulher?
O mais bonito não são os traços perfeitos, a maquiagem irretocável, mas é quando uma mulher sabe quem ela é. Uma mulher de bem com a vida, disposta a se cuidar fica mais bonita. A maquiagem é um detalhe.
Como você percebe a beleza brasileira?
Você sabe que o Brasil é tendência no mundo, não é? E o que encanta os olhos estrangeiros é esse jeito naturalmente sexy das brasileiras. E isso acontece pela diferença, pela mistura de raças, pela liberdade. Não dá para definir nem formatar. A beleza brasileira é morena, é clarinha, combina com o sol, usa chinelo e salto alto e tudo isso nos agrada. E é uma coisa que não dá para imitar.