O homem que se fez passar por um designer famoso no maior evento de moda do mundo
Redação
18/08/2018 07:00
Foto: Reprodução Facebook / Vice
A Semana de Moda de Paris é um dos eventos mais aguardados por fashionistas e designers do mundo inteiro. Mas, para ter acesso aos desfiles dos maiores nomes da alta costura, é preciso pertencer a um grupo seleto. Só entram os que têm convite VIP – influenciadores digitais com milhões de seguidores e estilistas renomados. Há pouco tempo, um jovem australiano resolveu desafiar o sistema e invadiu a Paris Fashion Week. Como? Ele se fez passar por um designer famoso que nunca existiu.
Em um vídeo produzido pela Vice Austrália, Ooba Butler mostra como conseguiu se infiltrar em desfiles das maiores maisons da Europa, passar a noite com designers italianos e curtir a noite parisiense ao lado de estrelas como Alexa Chung. Tudo sem nunca ter desenhado uma peça de roupa.
O plano começou em Brixton Market, uma feira de camelôs em Londres, no Reino Unido. Butler confessa um fascínio pelas marcas falsificadas de lá. Ele se diverte ao passar por cuecas Pierre Klein, Pierre Kalvini (cópias fajuta da nova-iorquina Calvin Klein), mas uma, em especial, é sua favorita: Georgio Peviani. “O nome da marca falsa não parece nem um pouco com a grife Georgio Armani, tampouco a etiqueta”, conta ele, no vídeo.
Mesmo assim, ele fica impressionado com as vendas e a qualidade dos jeans. “Georgio Peviani está fazendo o que todo designer de moda de sucesso precisa fazer, exceto existir. Para ajudá-lo a atingir seu potencial máximo, vou me transformar nele e ir à Semana de Moda de Paris”, decide.
A primeira etapa do plano foi criar um website da marca. Em seguida, cartões de visita com e-mail e Instagram. Após comprar algumas peças do designer fantasma na feira, Butler chega à capital francesa. Ele conta que entrou na área de credenciamento agindo casualmente e, cinco minutos após distribuir alguns cartões explicando quem era, recebeu uma credencial.
“Então estou lá dentro bebendo drinks de graça, interagindo com blogueiros, modelos, cumprimentando pessoas em suas sandálias Balenciaga. Mas quero saber até que ponto posso chegar”, continua o jovem. “Sou convidado para uma noite com um monte de designers italianos. Converso com um modelo chamado Jean e em um determinado momento paro e digo: ‘Jean, eu preciso te ver nestes jeans’”.
O modelo veste a peça e distribui elogios ao “designer”. Butler vai além. Oferece suas peças a uma compradora ligada às grandes lojas de grifes italianas e ela diz que sim, venderia os modelos de Georgio Peviani em Milão, um dos principais centros de moda do mundo.
A próxima meta de Georgio Peviani é ser convidado ao after party da Paris Fashion Week. “Pessoas matam para estarem nestas festas. Jamais deixariam um homem que não existe entrar”, diz. Corta a cena e Butler está lá, estrelando dezenas de selfies com influencers e estilistas renomados, bebendo e dançando. “Alexa aparece e nós terminamos a noite em Paris até 4h da manhã”, conta ele, se referindo à modelo britânica Alexa Chung.
Missão cumprida para Oobah Butler, mas o jovem ainda não está satisfeito. “Preciso saber quem é o verdadeiro Georgio Peviani”. Ele descobre um endereço em Londres após rolar três páginas no Google. É ali, em uma vitrine com anúncio neon ao lado de um banner com propagandas de comidas asiáticas, que Adam Asmal, o fundador da marca de jeans, mantém sua loja.
“As pessoas querem comprar jeans Armani que custam 150 libras (R$ 744 em média). Nossos jeans custam no máximo 35 libras (R$ 173) e têm excelente qualidade”, defende Asmal. O homem, que aparenta ter entre 65 e 70 anos, conta que deixou a Zambia, seu país natal, em 1982 para tentar uma vida melhor no Reino Unido. Ele criou a marca Georgio Peviani no início dos anos 1990 e, desde então, já enviou suas peças para o mundo todo.
Quando Butler pergunta a Asmal como ele se sentiu ao saber que um jovem se passou por ele para estar na Paris Fashion Week, o senhor sorri. “Fiquei feliz que alguém pelo menos deu uma olhada e viu potencial na marca. Agora estamos tentando trabalhar no marketing da Georgio Peviani”.
O jovem mostra, então, sua surpresa a Asmal. Um dia antes, ele havia preparado um editorial exclusivo com os jeans da marca. Macacões com acabamento desfiado, jaquetas fechadas de modo despojado (ora com os ombros de fora, ora sobrepostas com camisas azul marinho) e os agora icônicos shorts vermelhos ganharam uma aura de street style old school inspirado nos anos 1990.
“Está ótimo! Que legal”, exclama o senhor, sorrindo surpreso com os cliques. Todas as fotos podem ser conferidas no novo site da marca.