Limpeza de pele com aromaterapia não utiliza produtos químicos; saiba como funciona
Marina Mori
01/11/2018 07:00
A esteticista Marina Santamaria utiliza apenas óleos essenciais e produtos naturais para realizar a limpeza de pele em seu consultório. Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo | Gazeta do Povo
A inusitada união da terapia secular dos óleos essenciais com a extração de cravos e espinhas promete vantagens em diversos sentidos – do tratamento estético ao combate ao estresse. O Viver Bem foi conferir como funciona a técnica, realizada em Curitiba pela farmacêutica esteta Marina Rodriguez Santamaria. Sem usar nenhum cosmético sintético, ela aposta essencialmente na aromaterapia para realizar limpezas de pele.
Segundo ela, “os produtos naturais são mais miméticos, ou seja, sua afinidade com a pele é bem maior e por isso o risco de alergia é mínimo”, explica a especialista. Como bônus, os óleos essenciais, considerados protagonistas do procedimento, agem de modo terapêutico durante a técnica.
“Eles são relaxantes poderosos. O nariz tem 10 mil cílios olfativos que captam essas moléculas aromáticas e as levam diretamente para o sistema límbico, que é o centro das nossas emoções”, diz Santamaria.
Para ela, garantir que o paciente saia de seu consultório com a pele renovada não é o suficiente; a especialista faz questão de proporcionar um momento de tranquilidade a quem quer que deite na maca por quase duas horas.
“Não posso mentir que não vai doer um pouco, afinal é uma limpeza de pele, mas a maior parte do processo é um momento em que o paciente tem para se desligar da correria do dia a dia”, afirma. Seu consultório é um refúgio em meio à agitação constante da Praça Osório, no centro de Curitiba.
Do alto do 16º andar de uma sala comercial na Rua Voluntários da Pátria, o ambiente se enche delicadamente com uma mistura de aromas florais e amadeirados suaves e sons de natureza, projetados por pequenos auto-falantes no canto da sala, enquanto a esteticista guia a consulta.
O procedimento só começa após uma anamnese completa, que inclui o preenchimento de um questionário sobre hábitos alimentares, prática de exercícios físicos e rotina de cuidados com a pele. Em seguida, Santamaria faz um cálculo para diagnosticar o fototipo do paciente (que varia de 1 a 6). Quanto menor o índice registrado, mais sensível é a pele. “A partir disso sei quais produtos posso ou não usar”, explica.
Ela então prepara uma máscara com os óleos essenciais específicos para o tipo de pele e necessidade do paciente. Eles têm uma função para cada etapa do procedimento; enquanto alguns ajudam a abrir os poros, como é o caso dos óleos de melaleuca, gerânio rosa e alecrim, outros agem como calmantes ao fim do procedimento, como o de hortelã-pimenta.
Depois, é hora de aplicar uma máscara à base de albumina (substância proveniente da clara de ovo). O produto age como uma cola que, quando retirada, leva consigo cravos e impurezas do rosto. Quando necessário, a esteticista usa um extrator manual para finalizar a limpeza.
Óleo para controlar a oleosidade da pele?
Pode parecer controverso, mas nem todo óleo é considerado comedogênico. Os responsáveis por causar espinhas e “entupir” os poros são os óleos minerais, derivados do petróleo. Já os vegetais penetram na pele sem impedir a respiração cutânea e “carregam” as moléculas benéficas dos óleos essenciais até o sangue.
“O óleo de jojoba, por exemplo, tem propriedades anti-inflamatórias; o de abacate é usado para peles envelhecidas. As mais de 100 moléculas que compõem esses óleos são minúsculas e permeiam a pele com mais facilidade”, explica a farmacêutica-esteta.
O uso dos óleos essenciais na pele é o mais seguro dentro da aromaterapia, garante Mayra Castro, professora de cursos de aromaterapeuta e membro da Associação Brasileira de Aromaterapia, a Abraroma.
“O perigo é quando são aplicados puros ou na pele fragilizada”, alerta. “São substâncias muito complexas do ponto de vista químico. Quem já tem uma predisposição a alergias pode desencadear alguma reação. Do contrário, é bastante seguro”.
A especialista frisa, porém, que a garantia do uso eficaz depende de conhecimento profissional. Portanto, apesar de serem facilmente adquiridos, os óleos essenciais devem ser administrados com cautela. “Quem conhece esses limites são os aromaterapeutas. Pelo fato de serem naturais, o público acha que são atóxicos, mas um tratamento com aromaterapia não deve passar de 21 dias”, diz Castro.
Todo mundo precisa fazer limpeza de pele?
O procedimento é o ideal para quem deseja manter o rosto com aspecto mais saudável e, claro, se livrar dos comedões – os famosos cravos. Contudo, é impossível realizar esta segunda missão de forma permanente.
Embora algumas pessoas tenham menos tendência a desenvolver os microrganismos, outras travam uma batalha constante com os pontinhos pretos que costumam tomar conta do nariz, testa e queixo – conhecida como “zona T”.
A única forma de evitá-los ao máximo é manter uma rotina de cuidados diários e realizar a limpeza de pele regularmente, segundo a médica dermatologista Carolina Borralho Gobbato, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. O intervalo entre as sessões, explica ela, depende do tipo de pele e da idade.
“O tempo de renovação celular varia conforme a idade. Enquanto pele mais jovens se renovam entre 26 e 30 dias, as mais maduras levam até 40. Por isso, quem é mais novo tende a precisar refazer o procedimento antes”, explica.
Contraindicações
Pessoas que têm muita sensibilidade ou doenças como rosácea e dermatite devem evitar limpeza de pele. Mesmo quando feita de forma delicada e natural, como no caso da técnica Tissue (patenteada pela naturoterapeuta Luciana Marques), é preciso esfoliar o rosto para retirar os comedões com eficácia. “A gente precisa afinar a camada cutânea externa e, por isso, é necessário que a pele esteja saudável”, diz a farmacêutica.
Até mesmo pessoas com acne não podem passar pelo procedimento, lembra a dermatologista. “As pessoas acham que limpeza de pele é um tratamento para a acne. Ela não trata, pelo contrário: quando tem lesão muito infeccionada, pode aumentar e até gerar cicatrizes”, alerta Gobatto.
As especialistas reforçam, contudo, que algumas reações são normais por até 48 horas após o procedimento, como vermelhidão, sensibilidade e leve ardência.