Marca curitibana de lingerie tem peças que vão até o manequim 60
Marina Mori
21/10/2018 07:00
Foto: Mariana Quintana / Divulgação
“Toda mulher tem uma história para contar”. É a partir desta afirmação que a marca curitibana de lingerie Ovelha Negra apresenta seu reposicionamento no mercado. Desde que foi criada, em 2013, a marca tem como objetivo abraçar a pluralidade feminina e agora dá mais um passo nesta missão: anuncia a ampliação da grade de tamanhos-padrão para mulheres plus size até o manequim 60. A novidade surge através de uma instalação fotográfica com direito a roda de conversa sobre autoafirmação na próxima terça-feira (23), na Galeria Ponto de Fuga, anexa ao Ginger Bar.
Treze mulheres da vida real foram convidadas para estrelar em 20 fotografias que serão apresentadas ao público sem edição. Nos cliques da fotógrafa Mariana Quintana, cicatrizes, estrias e celulites de mulheres diversas aparecem harmoniosamente decoradas por sutiãs e calcinhas de tule e renda.
O grupo foi formado pela designer da marca, a curitibana Maria Eduarda Malucelli, 26, em novembro do ano passado, em parceria com o instituto de psicologia ComSentir. Tentando entender como o público plus size consome moda, ela entrevistou cerca de 60 mulheres acima do peso. “Queria saber como elas escolhiam lingerie, o que elas pensavam quando viam fotos, como se sentiam comprando”, conta. Todas as respostas confirmaram suas suspeitas.
“A autoestima dessas mulheres é muito abalada. Elas têm vergonha de consumir lingerie e, quando querem, não encontram calcinhas bonitas”. Segundo ela, mudar este cenário requer sensibilidade e planejamento das marcas tradicionais, que não vendem especificamente para o público plus size (mesmo com o crescimento constante deste mercado – em 2017, houve aumento de 7% comparado ao ano anterior, segundo o instituto Inteligência de Mercado IEMI; o setor de vestuário geral cresceu metade deste percentual).
“Elas não querem um tratamento especial; querem comprar roupas como todas as outras mulheres”, diz Malucelli, referindo-se às alternativas de venda sob encomenda, que requerem tempo de espera. Nos últimos dois anos em que a Ovelha Negra investiu no modelo, cada peça demorava um mês para ser produzida.
Outra questão é a falta de variedade. Segundo a designer, os modelos de lingerie plus size se restringem a peças “sem graça”: calcinhas e sutiãs de cor bege sem atrativo algum a não ser a “função modeladora”. Por isso, a primeira peça escolhida para abranger até o manequim 60 foi o carro-chefe da marca, a calcinha Joana. Disponível em seis cores diferentes, o modelo hot pant é feito em algodão com detalhes em renda (R$ 54,90).
“As políticas inclusivas têm que ser aplicadas no dia a dia. Não adianta eu fazer um discurso lindo sobre isso e não colocar em prática”, afirma Malucelli.
Ela acredita que a lingerie tem um papel fundamental na valorização da mulher sobre o próprio corpo. “Elas são as peças mais importantes do guarda-roupa de uma mulher”.
Segundo a designer, muito mais do que serem associadas à sensualidade, as peças íntimas são ferramentas poderosas de autoafirmação. “Há uma grande pressão para que a gente seja sexy e é muito difícil desconstruir isso. Você não precisa vestir uma lingerie para outra pessoa. Quem tem que se sentir bem é só você”.
Serviço
“Toda mulher tem uma história para contar” – exposição fotográfica da marca de lingeries Ovelha Negra