Produzir, vestir, descartar. A vontade de subverter a velha lógica de consumo incentivou diversas marcas brasileiras a adotarem o conceito de upcycling, ou seja, produzir novas peças a partir de materiais que seriam descartados.
Peças de roupa antigas, camisas novas rejeitadas pela indústria, madeiras descartadas nas Olimpíadas do Rio de Janeiro: tudo pode virar matéria prima. Mas a ideia de usar estes materiais não faz com que o produto seja de menor qualidade ou mais barato. Pelo contrário: artesanais, as peças são únicas, ganham reforços e cuidados exclusivos, aumentando a durabilidade e também seu valor.
Confira algumas marcas que produzem roupas, sapatos e acessórios a partir do conceito de upcycling:
1. Farrapo
Criada em 2012, a marca curitibana transforma o que seriam farrapos — retalhos e peças antigas — em confecções exclusivas pelas mãos de Kamila Olstan. Seu material vem de roupas próprias, brechós e também do Banco de Tecidos de Curitiba. As peças antigas são descosturadas, completamente remodeladas e unidas a outros tecidos, transformando calças em blusas, camisas em tênis, entre outras produções, a partir de R$ 85.
Serviço: Casa 102 – Rua Julia da Costa, 102 – (41) 99256-5934 – farrapocustom.com.br/
2. Re-Roupa
Com o slogan “roupa feita de roupa“, o projeto recria peças já existentes no guarda-roupa dos clientes, dando novas cores, cortes, modelagens e usos. Algumas peças prontas, também feitas com material de reuso, estão disponíveis para compra no site a partir de R$ 55.
Além da produção, o Re-Roupa promove oficinas de upcycling e trabalha em conjunto com cooperativas de mulheres costureiras no Rio de Janeiro, em projetos pontuais. Um exemplo foi a criação de brindes corporativos para uma indústria, feitos a partir de uniformes desgastados dos próprios funcionários.
Serviço: Rua General Glicério, 440 Laranjeiras, Rio de Janeiro – www.reroupa.com.br
3. COMAS são paulo
Idealizada pela estilista uruguaia Agustina Comas, a marca tem como matéria prima camisas masculinas descartadas pelo controle de qualidade das grandes indústrias. Escolhidas as camisas, elas se transformam em saias, chemises, croppeds e calças femininas e masculinas, a partir de R$ 135. O ateliê de produção fica em São Paulo, mas as peças podem ser adquiridas pelo site.
Serviço: http://www.comas.com.br/
4. Insecta Shoes
A partir de roupas vintage usadas e tecidos de garrafas pet recicladas, a Insecta Shoes produz botas, oxfords, sandálias e slippers veganos e unissex. Na loja virtual, cada parte do sapato — sola, palmilha, cabedal, couraça e contraforte — tem sua especificação descrita, do tipo de material à origem do produto. Os sapatos custam a partir de R$ 180 e alguns acessórios, como necessaires, têm valores a partir de R$ 55.
Serviço: https://www.insectashoes.com
5. Estúdio NHNH
Também veganos, os sapatos do Estúdio NHNH têm alguns modelos mais clássicos, com saltos diversos e estampas lisas, e outros mais ousados. A última coleção da marca mineira usou como matéria prima persianas descartadas e blecautes. Cada par vem acompanhado de uma etiqueta impressa em papel-semente, alinhada aos conceitos de não-desperdício. Os pares custam a partir de R$ 294.
Serviço: http://estudionhnh.com/
6. Zerezes
A marca Zerezes conseguiu levar o conceito de upcycling para um acessório impensável, os óculos. As peças são produzidas a partir de três tipos de material: acetado, madeira documentada pelo Ibama ou madeiras redescobertas, que vieram de caçambas de entulho das ruas do Rio de Janeiro. A ideia surgiu em época das grandes obras que aconteceram na cidade, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, que encheram as caçambas de madeiras nobres. Todas as peças de madeira recebem resina de mamona, o que sela e impermeabiliza o material. Os óculos custam a partir de R$ 430.
Serviço: Rua Alexandre Mackenzie, 104, Centro, Rio de Janeiro, RJ – http://www.zerezes.com.br/