Moda e beleza
Minas Trend Preview antecipa inverno 2012
O primeiro vento gelado vem de Minas Gerais. Isso mesmo, enquanto o verão nem bem deu as caras e as lojas estão repletas de, digamos, pouca roupa, a máquina fashion sopra as inspirações para a indústria de confecção de como será o inverno. Na passarela do Minas Trend Preview, evento que abriu no mês passado o calendário da moda nacional, agora é frio.
Confira os looks que vão arrasar nas festas de fim de ano
E trata-se de um frio recheado de preto e metalizado. A cor e o efeito servem de base para estamparia, mix de materiais, costura de conceitos diferentes. A silhueta, por sua vez, é limpa, numa clara referência ao art dèco e suas linhas quase geométricas. Saem os longos florais das tardes de verão e entram os mídis dos anos 1920 e 1930. Com direito a franjas, claro. Elas vêm sobre as roupas, no arremate das saias, aparecem substituídas por penas e até por tecido desfiado. É a tal da licença poética para dar uma graça aos dias cinzentos.
A cintura da próxima estação está no lugar – de onde nunca deveria ter saído. Aparece marcada por um cintinho, um tecido que desce solto, sem marcar demais ou criar volume onde não há, ou por um detalhe de alfaiataria que modela as curvas do corpo.
A alfaiataria, aliás, é outra marca desse inverno, feito de blazers, vestidos tubos, casacos e calças, todos bem cortados e assentados – um tempo na estética desconstruída das últimas estações.
E o feito à mão, que sempre esteve presente nas coleções apresentados na semana mineira, apareceu desta vez de um jeito mais comedido. Não em todo o look, apenas nos acessórios (riquíssimos, criativos, ousados e gigantescos) e na intervenção feita diretamente sobre os tecidos, em forma de bordados, desfiados, pespontados.
Voltando às duas linhas mestras do frio, um recado já no desfile de abertura do evento, que contou com a curadoria do estilista Ronaldo Fraga e reuniu parte das grifes que participam da passarela e do salão de negócios: o preto desta vez não está, assim, tão comportado.
Ele apareceu em redingotes superfemininos (casaco nos joelhos, levemente evasê) e quase aristocráticos (muitas vezes com a aplicação de peles nos punhos e gola), em longas saias transparentes usadas com shortinho por baixo e casaco mais pesado, na mescla com branco em padronagens tradicionais (pied de poule) e sempre acompanhado de muito metalizado. Aí valem as aplicações de tachas em microvestidos, bordados em palas de casacos, efeito sobre tecidos e couro e lurex, muito lurex. Confira os looks:
Vestido quase todo comportado, não fosse pelo detalhe assimétrico da manga. O tecido é plano e preto. Da E-Store.
Do desfile de abertura, um mox de marcas na composição de saia de franjas, bordado na camisa e casaqueto em paetê metalizado.
Transparência e brilho no look do desfile de abertura.
Patchwork de tricô e tecidos planos em look do desfile de abertura.
Camisa de tela e saia de franjas no look do desfile de abertura.
Tubo em alfaiataria e efeito metalizado, da Apartamento 3.
Tecido desfiado faz as vezes de pele, na coleção da Apartamento 03.
Folhas de outono estampam o vestido de lurex da GIG, que trouxe para a passarela as Quatro Estações de Vivaldi, muito brilho e silhueta alongada.
Conjunto de saia e blusa de lurex da GIG. Detalhe para o mesmo tecido nos sapatos.
O inverno vitoriano de Patrícia Motta veio com muito couro, píton e pele, colorida até, como neste casaco da foto.
As flores do frio são mais discretas, não tão coloridas, mas absolutamente leves. Quem quiser usar o look em seda da Maria Garcia nos dias mais frios, basta jogar um casacão por cima.
Alfaiataria comportada e cor flúor no desfile da Maria Garcia.
A Mary Design, antes especializada em acessórios, leva agora os conceitos de brasilidade também para a roupa. Destaque para o vestido feito em fuxicos.
Alfaiataria desconstruída e feminilidade comportada na moda de Samuel Cirnansck.
Cor, bordados e tapeçaria na coleção da Última (abertura1) Transparência e brilho no look do desfile de abertura.
*A jornalista viajou a convite do evento.
