Moda e beleza

Moda para ver e ouvir em alto e bom som

Larissa Jedyn
25/01/2012 14:39
Samba-ópera, música folclórica, MPB, canções conhecidas remixadas e outras até cantadas pelo próprio estilista. As trilhas sonoras que embalam os desfiles da São Paulo Fashion Week, a mais importante semana de moda da América Latina — que acabou nesta terça-feira (24) –, são um capítulo à parte. Elas, muitas vezes, completam a ideia da coleção ou são inspiração primeira.
Em seis dias de desfile, tocaram na Bienal de São Paulo hits de todos os tempos, músicas com execução ao vivo (como no caso da Ellus, que trouxe uma orquestra para a passarela) e experiências sonoras ímpares.
A Neon, que é dada aos desfiles-shows, colocou suas modelos coloridas para andar ao som de ópera. Ela que em outras temporadas já se rendeu aos boleros e tcha-tcha-tchas. Em meio aos agudos clássicos que ecoavam no teatro da PUCSP, uma coleção pop, com referências étnicas, estamparia e geometrismos inspirados em Istambul.
Rita Comparato e Dudu Bertholini apostam num inverno leve, de silhuetas justíssimas (com algumas intervenções volumosas, como o leque que se abria diante do vestido tubinho) e até bodies para compor com calças e blazers. Para terminar, teve festa em ritmo de samba, com uma bateria de escola de samba para animar os fashionistas.
Para usar: saias lápis, scarpins de salto médio e meias coloridas para alegrar a sobriedade esperada do inverno.
O último dia teve ainda a coleção masculina de Alexandre Herchcovitch, apresentada ao ritmo de sanfonas folclóricas. O ponto de partida foi a indumentária dos judeus ortodoxos, muito tradicional e sem grandes variações, que foi traduzida em linhas contemporâneas, detalhes de alfaiataria, com muito preto, branco e listras.
No mais, casacos impecáveis, calças e bermudas curtas (usadas sobrepostas a outras calças ou com meias até os joelhos), e casacos em náilon bem esportivos. Detalhe de styling (edição do desfile) que causou um efeito belíssimo foi o acabamento de macramê em alguns casacos, que terminou em longas e dançantes franjas.
Destaque para os casacos longos, encorpados, em material parecido com couro. Os trench coats bicolores (em branco e azul marinho) também chamaram atenção.
A Amapo veio com uma roupa ousada, cheia de recortes e transparências ao som de Enia. O corpo veio envolto em tiras de tecido providenciais, recortes quase reveladores e estampas abstratas, que apareceram impressas e rebordadas em paetês. Looks completamente brancos foram boas novas. Para os homens, costumes (ternos) justos.
E André Lima, festejado com uma primeira fila cheia de artistas, como Camila Pitanga e Fafa de Belém, misturou som oitentista com Ney Matogrosso na trilha sonora e tecidos variados nas roupas. As quase esculturas vieram cheias de babados, bordados, volumes estudados e patchworks bem elaborados. Na cartela de cores, tons terrosos e metálicos, com efeito envelhecido.
Para apostar: terninho feminino metálico e de alfaiataria impecável.
Passado revisto
O Renascimento foi a essência da coleção de Fernanda Yamamoto, que apresentou uma moda leve, jovem e muito sofisticada. Tudo começou com a elaboração de tecidos, entre eles florais delicados e jacquards com pinturas do século 15 impressas. Isso tudo foi trabalhado depois pela estilista que pontuou, colou e costurou pedras brilhantes sobre o pano, fez mixagens entre eles e criou peças contemporâneas.
Destaque também para o feltro desgastado que ganhou uma camada plástica e resultou num material leve, parecido com uma seda. Ela também optou por uma silhueta mais seca, mais sensual, com recortes geométricos.
Hit do desfile: o casaco reto em tecidos compostos e canutilhos bordados. Para fazer uma linha mais informal, usar com jeans e camisetinha. E para uma produção festiva, pode ser acompanhado de um tubinho preto.
*A jornalista viajou a convite do evento.