Moda e beleza

Moda: tendências apontam para um inverno nobre

Larissa Jedyn e Roberto Couto
23/02/2012 02:06
O que se viu nas duas semanas de moda, que determinam os rumos da confecção nacional, foi um inverno classudo e sofisticado. Para eles, a elegância de costumes bem cortados, muito tricô e algum resquício de rebeldia nas peças em couro e silhuetas ajustadas para definir mais o corpo. Para elas, a feminilidade das cinturas no lugar, das silhuetas bem comportadas (assim como os comprimentos midi ou, no máximo, na altura dos joelhos), dada aos bordados e às rendas – que sobrevivem ao verão.
Uma boa aposta são os vestidos leves (de voile ou renda), enriquecidos e salpicados com miçangas, para serem usados sob casacos. Ou nos conjuntinhos, que repetem o material ou a estampa nas duas peças (calça ou saia e blusa). Tudo com cara de meia-estação (principalmente lá no Fashion Rio) e pronto para ser usado com um agasalho mais encorpado – pelo menos nesta parte bem mais abaixo da linha do Equador. A SPFW trouxe boas opções deles, em formatos levemente descolados do corpo, muitos com cara de paletós roubados do marido ou feitos em tricô bem rústico.
O preto apareceu mais, como sempre, só que com um diferencial importante: a cor sóbria e invernal veio em tratamentos e materiais variados, como couro, envernizados, vinil, lã, pele, tecidos tecnológicos e borracha. Houve coleções quase que completamente dedicadas a ele. Os tons terrosos também tiveram espaço, em composições monocromáticas ou não, assim como o branco total. Preto e terrosos são facilmente aplicados nas produções invernais: são básicos, combinam entre si, podem ser usados sozinhos e com outras cores. Sem contar que são ótimas companhias para os bordados e os metalizados – sobre couro, nas rendas, no lurex, nos bordados, nos banhos sobre os tecidos. E, falando em tecidos, outro clássico volta à tona: o veludo.
O resumo da ópera é que o frio virá embalado em muita coisa já vista, só que revista pela tecnologia da costura, da modelagem e dos tecidos dos novos tempos. Será muito provavelmente uma temporada de roupas elegantes – para eles e elas –, materiais nobres (couro, lã e veludo) e efeitos marcantes. O melhor é eleger uma tendência, misturá-la a alguns clássicos do guarda-roupa e tratar de se aquecer.

Bordados
Coven, Fernanda Yamamoto, Mario Queiroz, Printing e Triton
Delicados ou pesadões, não importa. Suas peças de inverno terão de ter pelo menos um bordado. Valem miçangas, pérolas e cristais, aplicados sobre um vestido levinho ou bordados pesados e sequenciados em peças de tricô. O melhor é combinar uma peça superdelicada ou feminina demais com outra mais rocker, mais neutra, de couro ou jeans. Misturar continua sendo uma boa forma de atualizar as produções.
Couro
Agatha, Ellus, Ellus e João Pimenta
Navalhado, estampado, com verniz, fosco, desgastado, matelassado, com aplicação de lurex, trançado, metalizado, ecológico. Aposte no couro e nos efeitos provocados por ele e com ele. E desta vez o material não estará presente só nas jaquetas ou nas calças justinhas. Ele veio em saias e vestidos, aplicado em reforços nos cotovelos e joelhos, nas laterais das peças, em formato de renda. As maiores apostas são couro em preto, em qualquer tom terroso ou metalizado – até os coloridos.
Metálicos
André Lima, Coven, Iódice e Tufi Duek
Um inverno feito para brilhar. O lurex setentista, as camadas de tinta metalizada sobre o tricô de todos os dias, o couro, o jeans e a malha pintados. Qualquer coisa está valendo. O que se viu nos desfiles foram os tradicionais ouro e prata (com mais destaque para dourados e cobres), mas também cores fortes metalizadas, como o azul bic (sim, aquele do último verão!) e o ameixa. E tudo misturado com peças básicas ou forçando a mão numa composição elaborada de brilhos, bordados, rendas e couro.
Preto
Alexandre Herchcovitch, Ellus, Lino Vilaventura, Pedro Lourenço e Uma
Não é muita novidade falar em preto no inverno. Mas desta vez ele veio com diferentes roupagens. Teve efeito molhado (do veludo), lustroso (do vinil), fosco (dos emborrachados), texturado (dos couros), tudo podendo até ser usado junto, numa mesma peça, com toda essa riqueza de detalhes e informações. Outro destaque foram as golas de pele (fake, é claro!), prontas para aquecer os pescoços, adornar casacos elegantes e sofisticar os looks. O preto veio muito sozinho (só com essas diferenças de material) ou combinado principalmente com os tons terrosos (do marrom escuro ao quase nude) e metalizados.
Transparências
Alexandre Hertchcovicth, Cavalera, Ellus, Huis Clo e Melk Zda
O mais bacana do inverno são as camadas. Muitas delas revelando um pedacinho do look pensado para aguentar as baixas temperaturas. E a mais próxima do corpo, podendo ser até um vestidinho leve de renda ou voile. Só é preciso lembrar de esconder o que for preciso. Até porque fica mais charmoso. As rendas, a propósito, estão com tudo: em camadas, aplicadas sobre golas e punhos, revelando um contorno ali e outro aqui. Tudo para dar um charme a mais e ser revelado só na hora em que o casacão de lã for retirado.
Tricô
2º Floor, Auslander, Colcci, Juliana Jabour e Osklen
A tendência é democrática, até porque você sempre vai conhecer alguém por perto que faça bem tricô. As tramas da vez são mais vazadas, rústicas, grandalhonas. Não com tranças, mas com texturas. Voltam os casulos, as blusas meio esgarçadas, os pontos quase laceados. E para combinar – sem “engordar” demais a silhueta –, o melhor é apostar nas peças mais ajustadas.
Silhueta justa
Alessa, Neon, R. Groove e Tufi Duek
O slim vale para eles e elas. Mas não se trata mais do extremamente justo. Os vestidos bandagem, por exemplo, saíram completamente de cena. O que está em alta é o ajustado comportado, que delineia o corpo (muitas vezes ajudado pelos frisos e recortes de tecidos), que permite as sobreposições e deixa o visual mais leve. Valem para elas as saias lápis, os vestidos bem assentados e, para os homens, calças, camisas e blazers sem sobras. Até para conseguir contrabalançar com um tricô avantajado.
Silhueta reta
Alexandre Hertchcovitch, Andrea Marques, Fernanda Yamamoto, Huis Clo, Maria Bonita
Reto não é largo. Dito isso, preste atenção na modelagem da estação. Casacos e vestidos descolados do corpo, que descem reto, formando desenhos geométricos e volumes leves. Peças de alfaiataria nesta linha flertam com o guarda-roupa masculino, misturam linguagens e promovem um jogo divertido. Para os homens, vale o mesmo. A ideia, mais uma vez, não é abusar das quantidades de tecido. Quem olha, vê tudo no lugar, peças com de­se­nho definido, sem sobras ou excessos.
Veludo
Animale, Animale, Huis Clo e Osklen
Ele tem a cara do inverno. O tecido peluciado é quente, gostoso ao toque, molinho, o que reforça seu uso nesta época do ano. De todos os tipos de veludo, o que mais apareceu nas semanas de moda nacionais foi o molhado, que tem um efeito brilhante, sofisticado. Para usar em peças inteiras, em detalhes específicos ou combinado com transparências (um hit!).
Midi
Nada, desta vez, será curto demais. Os longos comprimentos até vêm, mas não como no verão. Esta é a hora e a vez dos midi: um comprimento complicado para algumas, que pode envelhecer a produção se for usado de um jeito caretinha. A dica é usá-lo em peças com tecidos tecnológicos, combinado com blusas bem contemporâneas ou em saias (ou vestidos) justinhos – no melhor estilo diva.
Foto principal
Para resumir as tendências, a revista Viver Bem Moda & Beleza produziu a foto que abre esta matéria para a sua capa. Confira o making of desta produção:
Look: Jefferson Kulig (www.jeffersonkulig.com.br).
Foto: Alexandre Mazzo. Produção: Antonia Hauer Gottschild, email antoniagott@hotmail.com.
Modelo: Estefane Mayer, agência Ford Models, fone (41) 3015-3747. Beleza: Ana Carolina Meirelles (cabelo) e Dekka Santos (maquiagem), ambos do Vimax Beauty, Rua Gonçalves Dias, 532, fone (41) 3342-1286.
Agradecimento: Centro Europeu (estúdio fotográfico), Rua Brigadeiro Franco, 1.700, Centro, fone (41) 3222-6669 e www.centroeuropeu.com.br/portal/