Elas são puro glamour. Cobertas de paetês, atraem olhares por onde passam. Foram até apelidadas de “irmãs Lady Gaga”. A designer de interiores Barbara Bacchi, de 28 anos, e a estudante de arquitetura Vick Bacchi, de 26, adotaram as “roupas de brilho” – como elas chamam as peças cintilantes – ainda na adolescência. Para manter o estilo inconfundível, a dupla concebe os próprios modelitos, garimpa achados em lojas de fachada duvidosa e arrisca usar materiais inusitados.
O gosto pela moda veio da avó materna, costureira por hobby. “Ela é tipo uma Hebe, sabe? Super elegante. Quando era mais nova, trazia roupas, luvas e chapéus de Paris”, conta Vick. Segundo as netas, a avó jamais usa uma peça pronta, como veio da loja. Troca o zíper, muda o forro, customiza. Foi com ela que Barbara aprendeu a costurar, aos 4 anos, e fez as primeiras almofadinhas.
As irmãs Vick e Barbara Bacchi: peças com materiais inusitados confeccionadas por elas mesmas.
A mãe também é uma referência de estilo para as irmãs Bacchi. “Ela sempre foi muito fashion. Para você ter uma ideia, ela casou vestida com um macacão, em uma balada, nos anos 1980. Teve uma vez em que ela pegou um maxi blazer decotado e colocou a frente nas costas. Virou um vestido com decote atrás”, lembra Barbara.
Seja em eventos ou no dia a dia, as irmãs se divertem com o impacto que suas roupas provocam– um misto de surpresa e admiração. “A gente gosta de chamar atenção”, diz Barbara. “Não”, corrige Vick, “a gente não gosta de passar despercebida”. Os paetês, canutilhos e ornamentos reluzentes são usados no cotidiano. Quando é uma festa especial, elas ousam ainda mais nos materiais.
Para um casamento na praia, Vick comprou cordas náuticas e se pôs à procura de quem pudesse transformar a matéria-prima em vestido. Por fim, encontrou uma tecelã que aceitou fazer a peça em um tear. Barbara inventa vestidos com tecido para sofá e idealizou um traje de gala feito de malha de metal. A roupa, soldada por um serralheiro, pesa oito quilos e já foi usada pelas duas irmãs.
Elas compartilham tudo, inclusive as mais de 100 peças de paetê que colecionam. O que elas mais amam na vida é casa de tecidos. Quando encontram uma, se perdem em meio ao mar de estampas e possibilidades. Em brechós e butiques alternativas elas fazem a festa: “Quanto mais brega é a loja, melhor. É lá que a gente entra e só sai depois de achar algo incrível”, diz Vick.
Economia A relação afetiva com a costura e o amor pela moda herdado de mães e avós é algo que a supervisora do curso de Design de Moda do Centro Europeu, Vânia Schwerpner, observa em muitas mulheres que fazem as próprias roupas: “Antigamente, íamos muito a costureiras. Sabíamos pregar um botão, fazer uma barra, sabíamos que tamanho um zíper tinha de ter. Algumas de nós passaram essa tradição para as filhas e netas”.
Segundo a supervisora, costurar para si mesmo pode ser um hobby, uma profissão, uma forma de se vestir sem gastar tanto e também um meio de obter o que não se encontra no mercado. Para a estudante Tainá Graf Huk, de 16 anos, costurar é tudo isso: “Gosto de peças femininas, com a cintura alta, bem marcada. É muito bom ver um vestido numa vitrine e pensar ‘nossa, está caro, então eu vou fazer!’”.
Quando menina, ela descobriu o ateliê de costura da avó paterna e se encantou pelo universo das linhas e agulhas. Com 11 anos, se inscreveu em seu primeiro curso. As técnicas adquiridas foram usadas para fazer uma colcha de bebê de patchwork, que Tainá vendeu e, com o dinheiro, comprou sua máquina de costura, companheira desde então.
A estudante Tainá Graf Huk, de 16 anos, não pensa duas vezes quando vê uma roupa na vitrine de uma loja: “Nossa, está caro, então eu vou fazer!’”.
A mochila com que a estudante vai à escola todos os dias é uma de suas obras. O vestido da festa de 15 anos foi ela mesma quem fez. Metade de seu guarda-roupa é composto por criações suas. “As roupas que eu faço são únicas, exclusivas. É uma forma de me diferenciar. Com o status das grifes e marcas fica todo mundo padronizado, parecendo que está de uniforme.”
Tainá comemora o 16.º aniversário porque conquistou o direito de fazer um curso de modelagem, que exige essa idade mínima. Quanto à futura faculdade, ela ainda não se decidiu, mas considera cursar Design de Moda. Enquanto isso, cede aos pedidos de parentes e amigas: “Prega este botão que caiu?” “Faz esta barra de calça para mim?”
Faça você mesmo
Estas instituições oferecem aulas para iniciantes:
Escola técnica de Corte e Costura Curso básico de costura, com conhecimentos gerais para tecido plano. R$ 210 por mês, aulas semanais de quatro horas de duração. Praça Tiradentes, 258, 2.° andar, sala 3.
Senac –Unidade Pinhais Curso de costureiro. Gratuito, com inscrições abertas até 3 de maio. As aulas começam dia 18 de maio e são diárias, com quatro horas de duração.
SESC – Unidade Centro Corte e costura iniciação. As quatro turmas estão lotadas, mas novas vagas podem abrir após o quinto dia útil de cada mês. Aulas semanais com três horas de duração. R$ 53,20 por mês para comerciário e R$ 99 por mês para não comerciário. Informações: (41) 3304-2266.
Ansa Cursos Corte e costura. Aulas semanais de três horas de duração. R$ 205 por mês. Rua Voluntários da Pátria, 610, Centro, fone (41) 3223-0803.
VITRINE
Pensa em começar a costurar? Veja estas máquinas domésticas de fácil manuseio:
Singer Doméstica Facilita Pro 4411, com 10 opções de pontos e velocidade de até 1100 pontos por minuto. Na Ponto Frio, R$ 795,90.
Agilità, leve, compacta e fácil de operar. Funcionamento a pilha, que dispensa energia elétrica. No Walmart, R$ 323,57.
Bella Elgin, com design ergonômico e painel indicativo de pontos. Na Americanas.com, R$ 229,90.
Janome 2008, máquina de costura mecânica com 8 opções de pontos e capacidade para costura pesada. Na Online Máquinas, R$ 549.
SteamMax MaxHome, portátil, leve e silenciosa, é ideal para pequenos reparos e ajustes. No Magazine Luiza, R$ 109 .