Oxford, Derby, Brogue: saiba as diferenças entre estes sapatos que são tendência
Marina Mori
21/10/2018 12:00
Foto: Reprodução / Pinterest
Quando os sapatos com cadarços surgiram, no fim do século 19, pés masculinos e femininos se libertaram. A facilidade que um amarrar de laços proporcionava nem se comparava às dezenas de botões que serviam de fecho para as botas do dia a dia, modelo predominante entre os calçados da época. A revolução foi definitiva e dura até hoje. Mas você sabe qual sapato merece o crédito pela mudança?
Oxford e Derby, modelos clássicos que fazem parte do vestuário de homens e, cada vez mais, de mulheres em todo o mundo. O Viver Bem conta, abaixo, as principais diferenças entre eles.
Oxford x Derby
Não há afirmações concretas sobre a origem exata do modelo oxford, mas as principais suspeitas são de que ele surgiu na Escócia e na Irlanda no século 18. Porém, foi no início dos anos 1800, graças aos estudantes da Universidade de Oxford, que o sapato ganhou fama e nome de batismo. Porém, antes de tomar a forma atual, com os tornozelos à mostra, era uma espécie de bota de cano curto com cadarços, as oxonian boots.
Mesmo assim, é conhecido por outros termos em países como EUA e França. Na terra do Tio Sam, o modelo é chamado de Bal-type ou Balmorals, uma referência ao castelo escocês de Balmoral. Conta a história que o filho da rainha Vitória, Eduardo VII, tinha adoração pelo calçado de couro fechado a cadarços. Já na França, o Oxford pode ser encontrado como Richelieu, nome do primeiro-ministro de Luis XIII.
“O Oxford é mais fechado, tem as abas fixas”, explica Sheila Hiromoto, proprietária da marca de calçados Apuê. Ou seja: as perfurações para o cadarço são feitas no corpo do sapato (cabedal). A parte frontal recobre as laterais, formando um sapato mais “achatado”.
O derby, por outro lado, é um sapato mais “alto”. O motivo é a adição abas “soltas” costuradas no cabedal, que permitem mobilidade e melhor ajuste nos pés. “Quem tem o peito do pé mais alto se sente melhor com um derby. Na hora de calçar, ele abre mais”, explica a especialista.
Nos EUA, o modelo é chamado de blucher em referência ao general da Prússia Gebhard Blücher, que derrotou Napoleão Bonaparte na Batalha de Waterloo em 1850.
Brogue?
Um oxford ou um derby podem ser brogue, mas um brogue nem sempre é um oxford ou um derby. O motivo é um só: “brogue” se refere à técnica broguing, que representa os furinhos sequenciais em tiras (geralmente serrilhadas) de couro. “O broguing pode ser aplicado em qualquer sapato. É um detalhe que veio do campo e se popularizou”, conta Hiromoto.
Mas os furinhos demoraram um bom tempo para se tornarem ornamentos de calçados. No fim do século 18, seu uso era estritamente utilitário. Segundo a tradicional marca de sapatos Undandy, de Portugal, os camponeses furavam os sapatos para que pudessem andar sobre a terra molhada e a água escoasse mais facilmente.
Foi apenas por volta dos anos 20 que o brogue passou a ser visto como elemento de estilo, graças a artistas do jazz e ícones como Elvis Presley. Mesmo assim, os sapatos brogue são recomendados para ocasiões não muito formais. Na hora de usar um costume, por exemplo, a dica é apostar no bom e velho oxford.
Os modelos clássicos têm lugar especial no coração da curitibana Sheila Hiromoto. Ela trabalhou por 12 anos na empresa que é referência no universo dos sapatos, a britânica Clarks. Quando voltou ao Brasil, em 2014, percebeu a lacuna do mercado nacional em produzir versões clássicas e autorais do Oxford. “Lá, todo mundo tem um no guarda-roupa. Senti falta disso aqui”.
No Brasil, os modelos tradicionais de Oxford e derby surgem em versões coloridas e revisitadas nas numerações femininas. O tradicional couro, por exemplo, muitas vezes é substituído pelo plástico ou mesmo por tecidos.
“Também tem bastante mudança na modelagem, que é masculina. Elas preferem os de bico mais fino ou os que têm salto plataforma. É uma forma de as mulheres brasileiras adaptarem a moda ao seu gosto”, compara Hiromoto. É uma questão cultural, que vai além dos calçados.
Não à toa, o modelo do sapato clássico com plataforma tratorada que Stella Mccartney lançou em 2015 ganhou dezenas de versões fast-fashion no Brasil. Lembra deles?
Já as britânicas, segundo ela, não veem problemas em aderir a um guarda-roupa “mais masculino”. Além de usarem oxfords com a modelagem clássica, costumam vestir-se com peças largas e de modelagem reta (o estilo tem até nome: tomboy).