Moda e beleza

Preto total é aposta das marcas para inverno

Larissa Jedyn
23/01/2012 12:30
Ele esquenta, tem a cara do inverno, vai bem com tudo e dizem até que emagrece. Então, que se faça a festa, pois quando o inverno chegar será a hora e a vez do preto. Na verdade ele nunca deixou de fazer parte do guarda-roupa de frio, mas pelo que se vê na São Paulo Fashion Week — que acontece até a próxima terça-feira (24) no prédio da Bienal, em São Paulo — é que ele vem, sozinho ou acompanhado, em materiais e acabamentos superdiferentes.
A Cavalera, que levou no domingo para a Estação da Luz, bem no centro da capital paulistana, o seu faroeste urbano, veio com a cor em couro envernizado, em tule bordado com miçangas, jeans Black ornamentado com ferragens. Parte disso combinada a algumas explosões de cores, estampadas em moletom, com bordados sobre voil em tons nude e parkas militares esverdeadas.
Nos pés, coturnos e tênis com tachas e espinhos metálicos. E na cabeça, chapéus. Como era de se esperar de um bom bang-bang.
Outro a brincar com o preto foi o curitibano Jefferson Kulig, que trabalhou borracha, acrílico e tecidos esportivos numa mesma peça. Para aliviar o peso das peças de inverno, vestidos, saias em seda estampada e outras enfeitadas com flores em metal. Que, a propósito, desceram também para as sabotas — uma mistura de sandália e bota, que já viraram marca registrada do estilista.
Fause Haten usou o preto em vestidos estruturados, que ajudam a valorizar as formas do corpo, e em peças de alfaiataria, jaquetas e casacos recobertos de paetês.
Juliana Jabour, por sua vez, optou por trabalhar a cor. Dos ziquezagues coloridos no tricô, aos looks inteiros amarelos ou pinks. Lamês e lurez azuis e cinzas completaram a coleção, marcada por vestidinhos finos, com barrados em forma de babados, casacões pesados e jaquetas avolumadas. Atenção para as golas. A estilista usou na coleção golas fechadas, românticas, em estilo retrô, e outras mais generosas, fofas, em lã.
A Colcci fez barulho, como sempre. Trouxe Alessandra Ambrósio para a passarela, exibindo a barriguinha de grávida, e o ator norte-americano Ashton Kutcher à plateia. Na coleção, de inspiração urbana, com referências da cultura pop dos anos 1990, muita cor, tricôs e uma variedade impressionante de saias bacanas.
Destaque absoluto para as de modelo lápis (sensação para o frio), as mais rodadas e plissadas na altura dos joelhos (até em couro), minissaia e afins.
O que mais
Inspirado pelos vitrais e pela atmosfera da Catedral de Notre Dame, em Paris, o estilista Reinaldo Lourenço mostrou no sábado (21) sua coleção de linhas soturnas, longas como as colunas das catedrais góticas, a maioria delas em preto, mas aliviadas pela aplicação de tecidos leves, transparentes, em contraposição com peles e couro. A seleção de peças com capuzes e golas de pele (são vestidos justos, tailleurs e casacos) é belíssima.
A Ellus também teve uma parte de suas peças em preto, em forma de casacos em camadas (cada uma feita e num material diferente) pare eles e elas. O couro veio sozinho, navalhado, recortado, com brilhos, escovado, com pele. Para os homens, silhueta ajustada e, para elas, muita coisa curta, justa e partes de cima superenfeitadas.
Samuel Cirnansck, por sua vez, fez sua moda festa em preto, branco e dourado, desconstruindo tecidos para criar um material parecido com pêlos, aplicados em vestidos elaborados. O estilista, aliás, demonstra cada vez mais talento em transformar materiais inusitados em belos vestidos de noite.
A Huis Clos fez um desfile sofisticado, de formas limpas e tecidos ricamente modelados. A marca trabalhou com outro hit da estação, o veludo, em vestidos comportados e delicados. Rendas foram aplicadas em decotes e barrados, pequenas dobraduras fizeram o acabamento das mangas.
Mario Queiroz, que ficou conhecido por sua alfaiataria masculina, pela segunda vez faz também roupas para mulheres. Nesta coleção, detalhes para os materiais clássicos, como veludo, lãs e jacquards. Entre as cores, laranjas, vermelhos e azul petróleo.