Moda e beleza

Sem apresentar tendências, primeiro dia da SPFW reproduz estilo das ruas

Bruna Covacci, enviada especial
14/03/2017 08:03
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Desfile da Animale: das ruas para às passarelas. Foto: Agência Fotosite/divulgação.

O conceito de tendência acabou. O imediatismo provocado pelo sistema “see now, buy now” (veja agora e compre agora, em tradução livre) extinguiu as novidades nas semanas de moda. No primeiro dia da São Paulo Fashion Week, que acontece até sexta-feira (17), nenhuma das apresentações surpreendeu ou despertou desejo do consumidor, um dos maiores objetivos dos desfiles.
O custo alto do evento também passa a ser questionável. Qual o intuito dos estilistas ao apresentarem as suas coleções que só parecem mais do mesmo? Pantacourt, transparência, veludo, couro, tricô, pele fake e mood esportivo. É mais do mesmo. Ou como brincaria Miranda Priestly em “O Diabo Veste Prada”: “flores para primavera? Que novidade!”.
Este mesmo texto poderia servir para descrever a temporada de moda passada, o que está nas ruas e também às apostas das marcas Animale, Uma, Lilly Sarti, Osklen e João Pimenta, que desfilaram nesta segunda-feira (13).
Lilly Sarti trouxe diferentes texturas de veludo para a passarela. Foto: Agência Fotosite.
Lilly Sarti trouxe diferentes texturas de veludo para a passarela. Foto: Agência Fotosite.
Mais do que nunca, a máxima de que a moda sai das ruas é verdadeira. O desafio dos estilistas, atualmente, é o de produzir roupas extremamente comerciais, com cara daquilo que o consumidor já tem no guarda-roupa e quer mais. Fazer diferente seria um risco (ainda mais em meio à crise econômica). Como produzir uma coleção que precisa de pronta entrega (para já!) e pode não vender? Uma oportunidade, no entanto, para as pequenas grifes autorais.
João Pimenta apostou na alfaiataria esportiva, usando recortes diferentes.
João Pimenta apostou na alfaiataria esportiva, usando recortes diferentes.
A São Paulo Fashion Week está em crise. Menos dias, menos desfiles, menos estrutura e um time de peso de estilistas que pularam a edição: Ronaldo Fraga, Glória Coelho, Reinaldo Lourenço, Iódice e Helô Rocha. Não há espaço para moda como arte. Ela é indústria. O investimento foi o de R$ 10 milhões de reais (dedicados a Passarela), cerca de 3 milhões a menos que a edição do ano anterior.
O tricô da Osklen não poderia ficar de fora. Foto: Agência Fotosite.
O tricô da Osklen não poderia ficar de fora. Foto: Agência Fotosite.
Por outro lado, outros nomes prometem trazer fôlego para a programação, como a mineira GIG, conhecida pelo seu tricô. O primeiro dia de São Paulo Fashion Week acaba desesperançoso, sem sal, sem propósito. Aguardamos os próximos dias.
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