Moda e beleza

Semana da moda de Milão traz mistura livre de estilos e gêneros

AFP
21/01/2016 10:00
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Desfile da Lemaire. (Foto: AFP / Patrick Kovarik)

A Semana da Moda Masculina de Milão terminou na terça-feira (19) com uma série de desfiles que propõem para o próximo inverno peças nas quais se misturam livremente estilos e gêneros, lãs e couros, caçadoras e ponchos, gosto clássico e mentalidade livre.
A maioria dos desfiles trouxe a lendária caçadora, jaqueta originalmente desenhada para pilotos de aviões e helicópteros do exército britânico e americano e que, com o passar dos anos, ganhou detalhes metálicos ao estilo dos rappers.
A empresa Costume National a apresentou inclusive para mulheres; Salvatore Ferragamo a tingiu de vermelho telha e a Diesel a lançou como o uniforme indispensável do homem moderno.
A proposta para este ano da excêntrica estilista britânica Vivienne Westwood é misturar gêneros e, por isso, vestiu seus modelos masculinos com saias, algumas vezes com os ombros descobertos, e com botas de montaria.
O estilista Alessandro Michele, que entrou na Gucci no ano passado, também apresentou uma moda andrógina, com homens com os cabelos longos e delicados, que usam acessórios cor de rosa com acabamentos e estampados florais e tons pastel. O homem Versace, mais atrevido, usa suéter de mohair cor de rosa. A ‘maison’ Prada encerrou trazendo bolsas masculinas, que permitem que eles deixem as pastas e as mochilas tradicionais no passado.
Bowie
Os estilistas fizeram um verdadeiro tributo ao “rei do estilo” David Bowie, após sua morte em 10 de janeiro. Sua música, elegante e original, acompanhou vários desfiles.
Na completa escuridão, a Emporio Armani abriu o desfile com um clipe emocionante do roqueiro britânico. Ennio Capasa, da Costume National, fez suas modelos desfilarem penteadas como na época do álbum Ziggy Stardust, em que Bowie narra e interpreta a história de um ET bissexual com imagem andrógina e que vira um astro do rock.
De olho no western
Criação de Dolce e Gabbana para a Semana de Moda de Milão 2016/2017. (Foto: AFP/Gabriel Bouys)
Criação de Dolce e Gabbana para a Semana de Moda de Milão 2016/2017. (Foto: AFP/Gabriel Bouys)
Os sicilianos Domenico Dolce e Stefano Gabbana se inspiraram no cinema de Sergio Leone, os chamados “Spaghetti Western”, para suas novas coleções. O sardo Antonio Marras também lançou um olhar ao oeste, razão pela qual os caubóis foram o ponto de referência das duas ‘maisons’. O estilista Philipp Plein introduziu o skateboard para dar maior mobilidade e modernidade. A Gucci, graças a Alessandro Michele, deu seu toque com franjas texanas.
Sua majestade, o tricô
Milão se rendeu à sua majestade, a malha artesanal. A capital italiana da moda, que abriga na região talentosos artesãos, aproveitou a ocasião para relançar peças em tricô. O saber centenário da empresa Missoni brilhou. Para Angela Missoni, os tecidos se elaboram como “as pedras preciosas e devem servir como uma armadura de proteção”, disse.
A estilista se inspirou nos platôs tibetanos para criar suas peças, que tiveram como carro-chefe o suéter com ‘ondas’, com restos de lã desfiados e misturados com inserções de prata. Etro e Versace também propuseram suéteres em suas coleções, de texturas únicas, mohair ou seda, tão originais que não podem ser copiados.
O couro
Os estilistas voltam a apostar no couro, em particular na casa Fendi, que cobriu a passarela com peles e os modelos, na verdade reencarnações do ‘yeti’, o abominável homem das neves, usavam mocassins e casacos peludos.
Ponchos
A peça típica da América do Sul, simples e fácil de usar, voltou a aparecer nos guarda-roupas. Firmas “tradicionais”, como Ermenegildo Zegna e Prada, o apresentaram em suas novas coleções, Dolce & Gabbana também, mas bordado com cactus.
Paris
Depois de Londres e Milão, Paris recebe, desde quarta-feira (20), os desfiles de moda masculina, seguidos pelos de alta-costura na próxima semana, organizados sob medidas reforçadas de segurança nesse país em estado de alerta após os atentados extremistas de 2015. “Nestes últimos anos, Paris recuperou sua imagem. Existe a ideia de que é o lugar onde tudo acontece, ainda que trabalhemos muito bem com nossos amigos italianos e respeitemos integralmente o que é feito em Londres e Nova York”, acrescenta o ex-diretor geral do Instituto Francês da Moda (IFM).