Moda e beleza

Todo o cuidado com a flor

Daniela Neves
26/10/2008 02:01
Em 2006, O Boticário resgatou a técnica, aperfeiçoando-a com ajuda de pesquisadores da Unicamp (SP), para a produção do Lily Essence, e, agora, para o recém-lançado Sensuelle. A alquimia foi resgatada para chamar a atenção dos consumidores. “Se fizéssemos de outra maneira seria mais um produto. O Sensuelle, por exemplo, é feito com uma flor que abre uma vez por ano. É uma flor única”, diz Andrea Mota, diretora de marketing da empresa. A flor em questão é a angélica, uma tuberosa.
Tanto a angélica quanto o lírio são produzidos na cidade de Holambra (SP) por um único produtor, que trabalha exclusivamente para a empresa. As duas espécies são produzidas de maneira especial, diferentemente da cultura para flores de ornamentação, pois além de serem entregues fechadas para a fábrica, precisam chegar em boas condições.
O volume de produção das flores não é pouco: são necessárias 126 mil angélicas para a produção de um quilograma de óleo essencial do Sensuelle e 40 mil lírios para um quilograma de óleo essencial do Lily. Cada gota do óleo essencial 100% natural, que cai em um erlenmeyer (frasco usado em laboratório), no final do processo, vale ouro.
Liletes
Os lírios viajam 571 quilômetros, aproximadamente sete horas, entre a cidade de Holambra, interior de São Paulo, e São José dos Pinhais, local da fábrica de perfumes. Chegam a cada 15 dias, depois de viajarem dentro de uma caixa de isopor e com suportes de gelo em volta.
Chegando na fábrica, as flores são retiradas uma a uma e depositadas em um tanque, em pé. Daí em diante são cuidadas pelas “liletes”, espécies de babás das flores. Duas funcionárias do chão de fábrica foram escolhidas, cuidadosamente, para ser as liletes (referência ao primeiro perfume feito com a técnica na empresa, o Lily). “Precisavam ser pessoas mais sensíveis e alegres para trabalhar com as flores”, afirma o farmacêutico César Antônio Veiga, pesquisador de novos produtos de perfumaria da empresa. Terezinha de Jesus Demko, de 29 anos, é uma delas. Ela cuida das flores há dois anos. Troca a água do tanque a cada dois dias, liga o rádio com música suave na sala e fica de olho esperando elas se abrirem para retirar as pétalas. “Nos dias em que estamos as duas aqui juntas e contamos as novidades da vida, elas abrem rapidinho. Também é comum que estejam fechadas pela manhã e quando voltamos do almoço estejam quase todas abertas, de uma vez só”, conta a lilete.