Moda e beleza

Tommy Hilfiger: o homem por trás da marca que traduz o “sonho americano”

Bruna Covacci
12/11/2015 15:35
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Foto: Divulgação

No mesmo ano em que a grife que leva seu nome comemora 30 anos, o estilista Tommy Hilfiger, 64 anos, esteve no Brasil para inaugurar a sua primeira flagship no país, localizada na Oscar Freire, rua conhecida por abrigar as maiores grifes internacionais do mundo. Sinônimo de lifestyle americano, foi ele quem popularizou o termo “preppy” nos anos 1970 e converteu um adjetivo que até então só se referia à estética dos universitários de elite americana a uma tribo urbana. Hoje, diz-se que a marca criada por Hilfiger (há cinco anos comprada pelo grupo PVH, que também é dono da Calvin Klein) não vende só roupas, mas também um estilo de vida e o Sonho Americano.
Com a nova loja, ele espera que o os brasileiros conheçam mais do que as suas tradicionais camisas polos; lá, é a sua criação fashion que ganha destaque. Nas araras, estão as linhas Collection, a de desfile, e a infantil. O novo espaço tem três andares e direito a rooftop – é a primeira loja do mundo a receber o novo conceito da marca, com seus mais de 500 metros quadrados decorados como o interior de um late.
A atitude jovial, ligada à música e à cultura pop em geral se mantém viva nas peças e na figura de Hilfiger, que nos recebeu em sua nova loja. Em 2014, a marca alcançou mais de US$ 6,4 bilhões em vendas no varejo. São mais de 1.400 lojas Tommy Hilfiger em mais de 90 países nos cinco continentes.
Por que você decidiu abrir uma flagship no Brasil em meio a um período de crise econômica?
A minha marca vai muito bem durante crises econômicas. É uma época em que nem todas as pessoas conseguem consumir luxo como Gucci, Prada, Louis Vuitton e Dolce&Gabbana. E, honestamente, a Tommy Hilfiger produz um formidável luxo. As pessoas continuam consumindo moda, continuam elegantes, então eles procuram marcas premium (mais baratas) para vestir uma roupa bem acabada e de qualidade. É aí que crescemos. Não acho que o consumidor da marca seja o mesmo que procura roupas tão baratas como fast-fashion. O momento é perfeito para nós.
O que acha do estilo de se vestir dos brasileiros?
Muito global e internacional. Os brasileiros são muito elegantes e querem fazer parte do mercado global da moda.
A marca tem uma forte relação com música e já vestiu inúmeros artistas. Há algum músico em especial que você gostaria de vestir atualmente?
 O cenário musical é fonte da minha inspiração, assim como a cultura pop em geral. Não existe alguém específico que eu gostaria muito de vestir, mas posso citar quem tem um perfil similar ao da minha marca, como Beyoncé, Jennifer Lopez, Britney Spears, Lenny Kravitz, David Bowie. Muitos já vestiram a grife. E isso não fica só na música. Eu gosto de fazer roupa que inspira um estilo de vida. Modelos, atores, todos eles fazem parte disso.
A grife está presente nos quatro cantos do mundo, o que mais falta fazer?
 Fazer tudo melhor, abrir mais lojas, expandir coleções, processos… Trabalhar com itens que ainda não fazemos como homewear, mais underwear e continuar aprimorando a forma de trabalhar temas como o esporte. Eu estou muito feliz com tudo o que construí, mas acho que sempre dá para fazer melhor.
Você parece não parar. É workaholic?
Completamente.
Os temas que te inspiram são outros ou continuam os mesmos desde que você tinha 18 anos e começou?
 Os temas são os mesmos, mas de forma diferente. São os ícones americanos como Grace Kelly, Audrey Hepburn, James Dean, Paul Newman, Leonardo Di Caprio, Brad Pitt. Mas tudo ligado a F.A.M.E. [fama]: F para Fashion, A para arte, M para música e E para entretenimento. Também gosto de observar os lugares, o esporte (um pouco mais o futebol americano e rugby), outdoors pelas ruas. Rock’n’roll. Mas depende da coleção. Eu percebo que o que eu tento atualmente é mudar e modernizar o preppy, trazendo-o de uma maneira mais chique e sofisticada.
Como surgiu a parceria da marca com a de moda praia Salinas? É uma tentativa de juntar o melhor do estilo americano com a moda praia brasileira?
Nós tivemos essa oportunidade, foi um convite, e eu considero a Salinas uma grande marca, além de adorar o estilo de moda praia brasileiro. Assim, tudo deu certo. Eu acho ótimo.
Há cinco anos, o grupo PVH (também dono da Calvin Klein) comprou a Tommy Hilfiger.O que mudou para você, desde então?
 Não preciso ficar de olho no negócio 24 horas por dia, eles fazem isso por mim. Antes eu tinha que cuidar de tudo e agora não preciso mais pensar em nada.
Você se considera mais um estilista ou um homem de negócios?
Sou essencialmente estilista. Mas tenho negócios fora da área da moda… Acho que um homem de negócios.
Como você define o seu estilo?
 Preppy clássico, esta é a minha escolha. Mas o estilo da marca é o americano cool e clássico, sempre com toques de surpresas a cada coleção.
Qual o seu estilo musical preferido?
Eu gosto de rock clássico. Mas também escuto o que tem de novo e pop, principalmente durante os finais de semana. Adoro Rihanna e Madonna, é claro! Eu sou apaixonado por música.
Você tem cerca de 50 obras de Andy Warhol. Qual a sua preferida?
 Marilyn Monroe.
Você conhece algo sobre arte brasileira?
Nestes dois dias em São Paulo pude passear um pouco, conheci o trabalho do Eduardo Kobra e até postei no meu Instagram. Achei incrível! Outro lugar que estive foi o Beco do Batman, gosto de obra de rua.
Sobre moda feminina: poderia citar peças essenciais para uma mulher ter em seu guarda-roupa?
Ela precisa de uma calça jeans que a vista bem, uma boa camisa branca, um trenchcoat e um look moderno: pode ser uma calça-pijama e botas de salto alto.
E para os homens?
Um blazer azul marinho bem cortado, uma calça jeans, chinos (calça cáqui de algodão), camisas e jaquetas azuis e brancos e uma peça xadrez.