Métodos mais modernos reformulam tratamentos preventivos, tópicos, orais e cirurgias. (Fotos: Bigstock e divulgação)
As estatísticas geram alguma preocupação. Cerca de 50% dos homens apresentarão cabelos mais finos e falhas a partir dos 15 anos. Depois dos 40, o porcentual sobe para 90%. Mas o pior para quem teme a perda de cabelos é estar em grupo restrito, o de 5% de homens que não terão resultados satisfatórios ao tentar barrar a ação da calvície androgenética. Prevista no código genético e, por isso, de difícil combate, essa é a calvície que mais afeta homens e impulsiona novidades em tratamentos (veja nesta reportagem).
Quem está no grupo dos 5% apresenta um descompasso que impede a cirurgia para transplante capilar – a forma mais drástica de tentar barrar a calvície. Esses homens têm área doadora pobre (como é chamado o local de onde serão retirados bulbos a serem implantados na região calva). Ela é incapaz de ajudar a cobrir a calva, extensa demais.
Outros percalços, além da genética, contribuem para que o homem perca a batalha contra a calvície. Um deles, diz o médico Luciano Barsanti, do Instituto do Cabelo, é adiar a prevenção, a melhor forma de conservar cabelos. Uma associação de tratamentos não invasivos é capaz de postergar uma cirurgia e preserva os fios de homens que estão na faixa etária em que transplantes não são indicados (antes dos 30 anos).
São frequentes, ainda, erros de diagnóstico que levam o homem a gastar dinheiro com terapias inúteis. “Complexos vitamínicos são caros e têm eficácia zero contra a calvície genética”, diz o médico. “Não existe milagre, ninguém entra careca e sai cabeludo. Saber qual é o problema é essencial, os tratamentos são muito diferentes um do outro”.
Cicatriz
O dermatologista João Carlos Pereira, responsável por clínicas especializadas em transplante capilar, afirma que a cirurgia tradicional (FUT), feita com bisturi, apresenta risco de falha considerável. É o tal “transplante que não pegou”. “Desde os anos 1990 surgiram técnicas mais modernas, então a meu ver essa deveria ter sido abandonada”.
Apesar de o risco de falha ser inerente à cirurgia, Pereira avalia serem comuns indicações erradas para o transplante. “Há patologias que impedem um resultado bom para a cirurgia, assim como muitas vezes é melhor ficar tratando em vez de partir para ela”, diz. Além de comprometer a área doadora (os bulbos são tirados dela em vão), o mau uso dessa técnica ainda causa uma cicatriz – foi o que ocorreu com o ator Paulo Vilhena.
DIAGNÓSTICO
Existem exames que durante a análise clínica “cravam” a causa da calvície, que pode ser hormonal, por estresse, falta de vitaminas ou genética. O scanner do couro cabeludo permite ao médico visualizar o fio em detalhes. A microscopia eletrônica facilita examinar a raiz do cabelo para checar se há bulbos inativos.
PREVENÇÃO
Se o tema é técnica preventiva não-invasiva, o mais moderno hoje é associar tratamentos durante sessões periódicas, diz Luciano Barsanti. No mesmo dia, o couro cabeludo recebe limpeza, desobstrução de poros e estimulação das raízes vivas. A estimulação pode ser por fotobioestimulação – laser de baixa penetração que tem ação antinflamatória. Outra forma é a eletroestimulação, feita com microcorrentes elétricas. Há ainda a ionização, em que compostos ativos penetram na raiz por ação de correntes magnéticas.
REMÉDIOS
Conhecido pelos efeitos colaterais indesejados (como a perda da libido), os tradicionais remédios orais estão sendo substituídos por fitoterápicos, com resultados positivos. Manipulados, os compostos têm extratos de plantas como serenoa repens, chá verde, ruibarbo e outras.
MICROAGULHAS
Uma opção para ampliar a eficácia do tratamento tópico é a técnica de microagulhamento, em que o couro cabeludo recebe micro-perfurações para aumentar o nível de absorção dos ativos aplicados durante a sessão. É usado um rolo coberto com agulhas de 0,5 milímetro de comprimento, conta a fisioterapeuta Verônica Lapuente Cavallari, do Rei da Barba. “Mas para ter resultado bacana, precisa ter uma boa área com bulbos ativos”. Uma aviso: a técnica dói.
CIRURGIA
A novidade é o uso de sistemas robóticos, que garantem mais precisão. A cirurgia assim tem pós-operatório menos dolorido e não deixa cicatriz visível. Também é garantida estética mais apurada, pois o robô é “incansável”. “Em cirurgias longas, é comum que o médico se canse, o que altera o resultado nas últimas áreas operadas”, diz João Carlos Pereira.
PREÇOS
O mercado desse tipo de procedimento é vasto, o que se reflete nos preços (não cobertos por planos de saúde). Uma consulta costuma sair, em média, por R$ 400. O preço é parecido para cada sessão de tratamentos não invasivos ou de microagulhamento – é necessário repeti-las a cada três meses. As cirurgias custam de R$ 20 mil a R$ 40 mil, dependendo da técnica.
ELES TENTAM
Confira uma lista de homens famosos que andam lutando contra a calvície:
O senador Aécio Neves, 55 anos, fez transplante capilar antes das últimas eleições presidenciais.O zagueiro David Luiz, 28 anos, faz tratamento intensivo para controlar as entradas.O ator Paulo Rocha, 38 anos, fez cirurgia para combater a perda dos fios.O ator Paulo Vilhena, 36 anos, tentou transplante capilar, mas não deu certo; ficou com a cicatriz na parte de trás da cabeça.