Biópsias, cirurgias, quimioterapia, radioterapia e hormônio terapia são as etapas mais comuns pelas quais passa um paciente diagnosticado com câncer, seja do tipo que for, nos dias de hoje no Brasil. Existem, porém, novidades em tratamentos que, alguns ainda em estudos ou voltados a cânceres específicos, vão ajudar no combate das células tumorais em um futuro próximo. Durante um encontro para jornalistas da América Latina no início de maio, promovido pela empresa farmacêutica Bayer, o Viver Bem conversou com especialistas do Brasil e de outros países e descobriu quatro novidades em tratamentos. Confira!
Cada ano que passa, a lista dos cânceres que a imunoterapia combate cresce e isso é motivo de celebração, de acordo com o médico oncologista Antonio Buzaid, membro do Comitê Executivo do Centro Oncológico Israelita Albert Einstein e diretor do Centro Oncológico Antonio Ermírio de Moraes, do hospital Beneficência Portuguesa. “Hoje há estudos que mostram eficácia da imunoterapia contra melanomas, câncer de pulmão, cabeça, pescoço, bexiga, linfomas, câncer de rins, câncer de pele, entre outros. A lista só tem aumentado”, diz Buzaid.
Como funciona: A imunoterapia busca reforçar o sistema imunológico para não cair nas armadilhas das células tumorais e combatê-las de forma efetiva. Quando essas células de defesa do organismo chegam próximas ao câncer, a doença se arma de moléculas e proteínas que visam impedir a ação do sistema imunológico. Contra essas armas do câncer, há medicamentos específicos, como o anti-PD1, anti-PDL-1 e inibidores de check point, que desarmam o câncer, fazendo com que o sistema imunológico consiga derrubá-lo.
A ideia dos médicos e pesquisadores parece ser inovadora, mas as histórias que ouvimos desde a infância das batalhas entre gregos e troianos deram uma possível resposta à guerra contra o câncer. Usar as células de defesa (que são inativadas pelas células tumorais) como um “cavalo de Troia”.
Como funciona: os combinados de anticorpos e medicamentos é um tipo de tecnologia onde se usa as células de defesa do próprio paciente como “carteiros” dos medicamentos contra o câncer. “Ligamos, conectamos aos anticorpos do paciente um agente anti-câncer. Como os anticorpos tem características específicas para se conectarem ao tumor que queremos derrubar, unimos medicamentos contra o câncer, que vão atacar o tumor”, explica Mark Rutstein, médico vice-presidente de desenvolvimento clínico global de oncologia da Bayer.
Existem atualmente vários tipos de anticorpos conjugados com drogas sendo estudados, que podem estar conectados a um medicamento clássico, como um quimioterápico ou mesmo a medicamentos radioativos, que liberam moléculas de radiação alpha no tumor.
Um exemplo desse medicamento é o Anetumab Ravtansine, em estudo pela Bayer, que atua contra o câncer mesotelioma pleural, um tumor do tecido que reveste os pulmões, estômago, coração, entre outros órgãos, causado pela exposição ao amianto – substância usada antigamente na construção civil. De acordo com Rutstein, embora os estudos ainda estejam na fase I, a expectativa é que esse medicamento e tecnologia estejam disponíveis aos pacientes em 2019.
Todas as células se comunicam entre si. Quando há um erro nesta comunicação, as células passam a se dividir de forma errada e em disparada. Isso gera o câncer, seja do tipo que for. Ainda assim, a má comunicação gera um caminho, que pode ser visualizado pelos médicos e pesquisadores: a sinalização oncogênica.
Como funciona: Ao estudar o processo de comunicação entre as células tumorais – chamada de sinalização oncogênica – os pesquisadores e médicos podem criar drogas que consigam interromper essa sinalização e, por consequência, a reprodução das células tumorais. Dessa forma, conseguem terminar com o próprio câncer. Um exemplo de tumor que sinaliza o caminho é o linfoma, de acordo com informações do médico Mark Rutstein. As pesquisas com medicamentos que consigam esses resultados ainda estão em estudos.
A expectativa das terapias alvo é que elas sejam mais efetivas que os tratamentos atuais – e até menos danosas às células normais – porque elas tendem a atuar diretamente na célula tumoral.
Como funciona: Tratam-se de drogas que atuam em pontos específicos da célula cancerosa, identificadas a partir das enzimas de cada célula, com o objetivo de diminuir a divisão celular irregular. Com isso, como esses medicamentos atuam apenas nas células tumorais, não atingem outras células, normais, e os tecidos saudáveis do corpo. Reduzem, portanto, os efeitos danosos de terapias agressivas ao paciente.
“Os desafios de hoje é entender por que o câncer escapa do sistema imunológico e desenhar estratégias contra esse escape. Isso é mais fácil na teoria do que na prática. O câncer de pâncreas, por exemplo, não vê nada de novo em tratamentos há 20 anos e eles têm várias teorias de escape. A complexidade é muito grande”, explica o médico oncologista Antonio Buzaid.
*A repórter viajou a São Paulo a convite da Bayer.
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