As aftas são uma das condições mais comuns nos consultórios odontológicos, mas também uma das mais desconhecidas dos dentistas. Isso porque as causas variam bastante entre os pacientes e não é possível definir apenas uma causa. Para alguns, são os abacaxis ou alimentos ácidos, enquanto outros não podem comer chocolates. Há também quem culpe os dias mais estressantes pelo surgimento das feridas, mas o que é verdadeiro?
Os motivos são variados, mas alguns tendem a aparecer com mais frequência. Quem tem pais ou familiares que sofrem com aftas, deve ficar atento. A condição tem pré-disposição genética, e isso está comprovado em estudos. Da mesma forma, se os familiares não têm muitas aftas, a tendência é que os filhos também estejam mais protegidos.
Dentre outros fatores desencadeantes citados pelos pacientes, estão a deficiência nutricional, alergia a certos alimentos, influência hormonal, estresse e trauma na região bucal. “Às vezes, até uma queda na imunologia do paciente, gerada por outra doença, como um resfriado, favorece o surgimento da afta”, alerta Fernando Henrique Westphalen, mestre doutor em Diagnóstico Bucal, professor do curso de Odontologia da UFPR e membro da Associação Brasileira de Odontologia, seção Paraná (ABO-PR).
Embora as causas variem, a ação e formação das aftas funciona da mesma forma para todos. “Quando um fator qualquer atua sobre a mucosa bucal, forma uma erosão, deixando-a mais fina. Isso permite que exista ali um aumento de micro-organismos, gerando a resposta imunológica. Essa resposta, porém, não reconhece o agressor e atua contra a própria mucosa, formando a afta”, explica o especialista.
Aftas têm lugar certo para surgir
Dor, incômodo e dificuldade para se alimentar são sintomas comuns de quem sofre com as aftas e, por mais que elas desapareçam sozinhas entre uma semana a, no máximo, 15 dias, a localização onde surgem diz muito sobre a condição.
Aftas não aparecem em mucosa ceratinizada, ou no dorso [parte superior] da língua. Elas surgem da borda da língua para baixo. As aftas também não surgem na gengiva, embora possam aparecer ao fundo da boca, e nas mucosas das bochechas. Ponta da língua são lugares propícios para as aftas, e fique atento se as feridas demorarem mais que 15 dias para cicatrizar.
“O paciente que diz que está com uma afta na língua, na parte de cima, não é afta. De imediato, é importante buscar um dentista, de preferência especialista em estomatologia, para verificar o que se trata. O local mais comum, para câncer bucal, é na borda lateral da língua, onde também surgem as aftas”, reforça Fernando Henrique Westphalen, especialista.
Nem toda úlcera que surge na boca é uma afta, explica o dentista, e a busca pelo dentista, ou mesmo o médico dermatologista e otorrinolaringologista pode auxiliar o diagnóstico.
“A afta é uma doença bem caracterizada. É a estomatite aftosa recorrente. Mas sabemos que tem diferentes úlceras causadas por outros motivos, inclusive uma lesão de câncer inicial. Logo, durou mais de 15 dias, acende sinal de alerta” – Fernando Henrique Westphalen, dentista.
Tratamentos polêmicos
Da mesma forma que as causas são variadas, os tratamentos das aftas tendem também a serem polêmicos. Cada paciente responde a um tratamento específico, mas o primeiro impulso deve ser, sempre, proteger a área, de forma a evitar uma infecção.
“A causa da dor é a infecção da área, e a boca é povoada por muitos micro-organismos. Dos tratamentos disponíveis, há uma medicação que promove o crescimento de uma película em cima da úlcera, favorecendo a proteção do local. Outro é o uso de corticoides e pomadas que aceleram o processo inflamatório para o reparo da lesão”, diz Westphalen.
Não se deve usar o bicarbonato de sódio, entre outros produtos caseiros, sem consulta com o dentista. A ação principal desses itens, como o bicarbonato, a violeta genciana e o azul de metileno, se dá pela queima das terminações nervosas — e então traziam alívio, paralisando a dor. O lado negativo, porém, é a agressão à saúde bucal.
Dos ingredientes caseiros que podem ser usados para alívio das dores, estão os alimentos mais gelados, como sorvetes, visto que a baixa temperatura diminui o potencial de sensibilidade.
40% a mais de aftas tendem a surgir entre as crianças do que nos adultos, em média. Embora adultos também podem sofrer com aftas, a tendência é que elas reduzam a frequência a partir dos 25 anos.
LEIA TAMBÉM