Saúde e Bem-Estar
Queijo branco com furinho? Alimento artesanal não é sinônimo de saúde

Furinhos em queijo tipo Minas Branco Frescal podem ser sinal de contaminação com coliformes fecais. Leite fresco, tirado da vaca sem cuidados, pode acarretar outros tantos riscos. Foto: Bigstock.
“A segurança de um alimento sempre depende do tipo de alimento, das suas características intrínsecas (como atividade de água e pH) e dos cuidados tomados durante o processamento na cadeia produtiva, ou seja, de como foi preparado, embalado, transportado e comercializado. Então, seja um alimento artesanal, seja industrializado, ambos podem ser saudáveis ou conter perigos. Não se pode dizer que um é melhor ou pior que o outro só pelo fato de ser artesanal ou industrializado”, explica.
Basicamente, a segurança de um alimento depende sempre da cadeia de processamento. “Um palmito artesanal ou outras conservas, sem os devidos cuidados de higiene e sem o controle de pH, podem permitir a presença de bactéria Clostridium botulinum, que produz uma toxina que causa o botulismo, que por sua vez pode levar à morte por paralisia da musculatura respiratória”, diz ele.
“Pense ainda em um açaí batido na hora, fresquinho, mas sem a devida higiene e sem tratamento térmico: ele pode conter um inseto chamado Barbeiro, que estava no cacho do fruto e foi moído junto. Neste inseto pode conter o protozoário Trypanosoma cruzi, que causa o mal de Chagas, uma doença infecciosa que dá febre, inchaço e problemas cardíacos, que podem levar o paciente à morte”, conta.
Para ficar atento
“Em queijos como o Gruyère, Emmenthal, Prato, Gouda e Edam, onde os furos são grandes e lisos, não há problema algum, pois foram ocasionados, principalmente, pela bactéria Propionibacterium shermanii, que é inofensiva à saúde, e que confere um sabor especial. Então, furinho pequeno é ruim, furo grande é bom”, orienta o consultor.
“A vaca pode também estar com mamite, que é uma inflamação da glândula mamária com bactérias como Staphylococcus aureus, que pode causar vômitos e diarreia”, alerta Marco Túlio.
“Se migrarem pela corrente sanguínea, podem até ir parar no cérebro, causando uma doença chamada neurocisticercose, que tem como sintomas convulsão, hidrocefalia, infarto cerebral e pseudo-tumores devido aos cistos gigantes que simulam um tumor ou abcesso cerebral”, fala o especialista.
Para ficar tranquilo
“Macarrão, biscoitos e pães costumam ser bastante seguros, mas deve-se ter cuidado para que não haja a presença de mofo. Um bom café torrado também costuma ser seguro, pela baixa umidade”, diz Marco.