Saúde e Bem-Estar
Refluxo em crianças: por que remédios anti-ácidos não devem ser prescritos

Refluxo em crianças: quais são os tratamentos mais indicados, e por que não são os anti-ácidos? (Foto: Bigstock)
“Vômito em bebê cabe bastante investigação, análise clínica, porque mais de 90% das crianças nessa idade têm refluxo, e não significa nada, já que é normal vomitar nessa idade. Depois do primeiro ano, o refluxo cai para 5% e não é algo esperado com frequência. Mas o tratamento para criança é diferente do adulto. A questão da alimentação é muito importante, assim como a postura”, explica Marcilene Teixeira Lima Oku, médica pediatra do hospital Nossa Senhora das Graças.
Há também falta de exercícios físicos, excesso de peso e erro na postura. “Hoje temos muitos casos de obesidade infantil, que facilitam o refluxo, e não só em crianças. Quando abordamos outras vertentes de diagnóstico conseguimos resultados mais interessantes do que apenas aplicando um remédio”, reforça a pediatra.
Sintomas de refluxo em crianças
“Nesses casos são crianças que, na sua grande maioria, têm erro alimentar, obesidade. Existem sim casos em que é preciso fazer uma investigação e tratamento, mesmo cirúrgico. Tive um paciente que não tinha a válvula por uma doença congênita e, ao fazer uma cirurgia, uma parte do estômago subiu com o esôfago. Ele tinha pneumonias de repetição, com três anos, e até passar pela cirurgia foi preciso usar muito bloqueador de ácido. Porque a gente tirava o remédio, a criança tinha asma, pneumonia, otite. Mas é um caso específico”, reafirma a médica pediatra Marcilene Oku.

Risco dos remédios
“A acidez do estômago é uma barreira também para proteger a criança, é uma proteção contra infecções, além de facilitar o processo de digestão. Alterar esse pH gástrico a longo prazo tem consequências, seja em crianças, mas adultos também”, explica a pediatra Marcilene Oku.
“Atualmente, não há evidências científicas que justifiquem a recomendação do uso destes medicamentos em pediatria, uma vez que os potenciais efeitos colaterais destas medicações são mais importantes do que os benefícios por eles alcançados no tratamento da DRGE (doença do refluxo gastroesofágico)”, explica Mário Vieira, médico gastroenterologista pediatra do hospital Pequeno Príncipe, médico, que também é membro da diretoria da Sociedade Paranaense de Pediatria (SPP) e professor da PUCPR.
“Os motivos que levam ao excesso de tratamento na DRGE não são claros, mas se acredita que o ‘rótulo de DRGE’ pode perpetuar o uso da medicação em lactentes saudáveis influenciando a percepção dos pais no interesse em medicar os bebês, mesmo quando são informados que os medicamentos são provavelmente ineficazes.”