Pacientes diagnosticados com depressão ganham uma nova ferramenta no combate aos sintomas da doença. Aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o programa interativo deprexis oferece ao usuário uma autoavaliação do que está sentindo toda semana, durante 90 dias, e propõe soluções, baseadas na terapia cognitivo-comportamental. O uso pelo paciente só é possível sob aprovação do médico.
A ferramenta, que estava disponível apenas na Europa, chega agora ao Brasil. O lançamento oficial foi no fim de junho em Gramado (RS), durante evento do Instituto de Neurociências Aplicadas.
O programa não busca substituir as consultas com médicos psiquiatras e psicólogos — até porque, para que a pessoa tenha acesso à ferramenta, é preciso incluir o número do registro no Conselho Regional de Medicina (CRM) do médico, e pagar uma taxa de R$ 990 pelos três meses de uso. Trata-se de um tratamento aplicado em conjunto com outras terapias, mas que comprovadamente traz a redução dos sintomas da depressão.
Um dos estudos mais recentes com a ferramenta, a pesquisa publicada em 2017 no periódico científico Journal of Affective Disorders mostrou que o uso combinado de psicoterapia com o programa interativo provou ser mais eficaz que o tratamento psicoterápico sozinho no tratamento da depressão.
“Não observamos nenhum efeito colateral negativo no formato misturado [psicoterapia e ferramenta on-line] (…) Este estudo oferece a primeira evidência que o uso de um programa baseado na internet como uma ferramenta adjunta na psicoterapia regular poderia ser uma opção promissora a ser considerada nos futuros tratamentos contra a depressão”, destaca a pesquisa.
Através de diálogos individuais com cada paciente, o Deprexis tira dúvidas e ensina técnicas que façam com que a pessoa perceba os próprios sintomas. O tratamento oferece 10 abordagens psicológicas (como os aspectos cognitivos, ex: lidar com os pensamentos negativos; aspectos comportamentais; habilidades sociais e técnicas de resolução de problemas, entre outros).
Durante o período, o paciente consegue ainda imprimir seus resultados e compartilhar com o médico responsável. No site, os formuladores ressaltam que o deprexis não deve ser usado no tratamento de transtorno bipolar, transtorno psicótico, como no caso da esquizofrenia. E há contra-indicação também para o caso da existência de pensamentos suicidas.
“O mercado de livros e aplicativos de auto-ajuda já existe há bastante tempo, com qualidade muito variável. Muitas vezes, no tratamento da depressão, essas ferramentas podem ser úteis, desde que bem indicadas e em situações específicas. Quanto ao deprexis, já existem vários estudos comprovando que a plataforma funciona, mas o Brasil é apenas o segundo país a ter disponibilizado seu acesso, por isso ainda carece da experiência clínica do dia a dia”, explica Marcelo Daudt von der Heyde, vice-presidente da Associação Paranaense de Psiquiatria (Appsiq), professor de psiquiatria PUCPR e supervisor do serviço de residência em psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC/UFPR).
No site do Deprexis, a orientação dos proprietários é que o programa seja usado de uma a duas vezes por semana, durante pelo menos 30 minutos, ao longo dos 90 dias.
A ferramenta também oferece suporte durante 24 horas ao paciente, o que seria de grande ajuda durante os momentos em que os médicos não podem estar presentes.
A compra da licença deve ser feita diretamente no site, caso o médico forneça a aprovação para o uso. Quem quiser apenas experimentar, o Deprexis oferece uma experiência gratuita na versão de teste.
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