Saúde e Bem-Estar

Autoridades desmentem mensagem sobre epidemia de gripe que circula no WhatsApp

Guilherme Grandi
03/04/2018 17:50
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Alerta da mensagem é falso, mas autoridades não descartam uma nova epidemia da doença em 2018. Foto: Daniel Castellano / Agência de Noticias Gazeta do Povo. | GAZETA

As autoridades de saúde do Paraná negaram que os hospitais do estado não estão preparados para receber doentes vítimas da gripe H3N2, como ocorreu no último inverno dos Estados Unidos. A explicação é uma resposta à uma mensagem que está circulando pelo WhatsApp desde o final de semana.
Na gravação, um suposto gestor da Santa Casa de Misericórdia afirma que os hospitais não darão conta de atender a tantos doentes, e que muitos deles irão morrer por causa da gripe.
O chefe da Divisão de Vigilância de Doenças Transmissíveis da Secretaria de Estado da Saúde, Renato Lopes, afirma que a mensagem não condiz com a realidade. “Nós não conseguimos identificar o autor da gravação, mas ela não é daqui do Paraná”, explica.
Os responsáveis apontados pelo autor da gravação, como integrantes do Conselho Municipal de Saúde, prefeito e vereadores que teriam sido avisados sobre a possível epidemia, também não são os mesmos que atuam nas instituições do Paraná.
Para Lopes, esta é mais uma fake news que costuma circular nas redes sociais para preocupar a população. “São coisas alarmistas que aparecem nos dias de hoje, mas que não são verdade”, salienta ele, reafirmando que é feito um monitoramento diário da doença, com análise de todos os casos que chegam à rede de saúde.
Na última campanha, os jovens foram os que menos se vacinaram. Foto: Venilton Küchler/SESA divulgação.
Na última campanha, os jovens foram os que menos se vacinaram. Foto: Venilton Küchler/SESA divulgação.

Epidemia?

Apesar de negar a veracidade da mensagem, Renato Lopes Afirma que uma epidemia não está totalmente descartada: “tudo vai depender de como a doença vai se desenvolver no Brasil”.
Até agora, a gripe H3N2 já provocou nove mortes no país, e está deixando a população em alerta.
A chamada gripe americana é uma variação da gripe suína H1N1 que provocou uma epidemia no Paraná em 2016, quando 240 pessoas morreram por complicações da doença. Para esta temporada de outono-inverno, a SESA reconhece que a situação pode se repetir. “Não há como eliminar totalmente a gripe, mas podemos ter um controle para que diminua a quantidade de óbitos e circulação do vírus”, explica o chefe da Divisão de Vigilância de Doenças Transmissíveis.

Mortes

O último boletim epidemiológico aponta que já foram registrados pelo menos dois casos de H3N2 no Paraná, em pessoas acima dos 60 anos, e uma morte foi confirmada. A H1N1 também provocou um óbito, e ainda é considerado o tipo mais grave. Renato Lopes diz que “existe sim a possibilidade de se repetir o que foi em 2016, mas a retaguarda dos hospitais do estado já está pronta para receber pacientes”.
A preocupação com a chegada de uma nova epidemia de gripe não é nova, tanto que essa mesma variedade – ou cepa – já estava presente na vacina brasileira aplicada no ano passado. Em 2017, a H3N2 foi a de maior circulação no Paraná, mas não tão letal quanto à H1N1.

Alarde nos EUA

A preocupação com a infecção pela H3N2 está maior agora por conta dos transtornos causados nos Estados Unidos. Os hospitais norte-americano chegaram a ficar lotados de pessoas com a gripe, e farmácias não deram conta de fornecer medicamentos.

“O que aconteceu nos Estados Unidos é que as pessoas estão se vacinando cada vez menos. Todas as crianças que morreram não haviam sido imunizadas”, explica Marta Fragoso, médica infectologista do Hospital VITA.

Além disso, Renato Lopes lembra que a situação nos Estados Unidos foi agravada por conta do inverno rigoroso, que se prolongou — a gripe H3N2 fez 759 vítimas fatais, e levou 47 mil pessoas aos hospitais.

Prevenção

Para evitar que o mesmo aconteça aqui, Lopes pede que as pessoas se previnam com cuidados básicos do dia a dia e tomem a vacina, que foi modificada neste ano: a vacina da gripe 2018 terá uma proteção maior em relação à de 2017, com uma cepa do vírus H3N2. Confira os mitos e verdades sobre a vacina.
A campanha nacional de vacinação começará no dia 23 de abril, e segue até 1º de junho. A imunização começaria uma semana antes, mas um problema de logística atrasou a campanha.
A campanha nacional de vacinação terá distribuição gratuita para: crianças a partir de 6 meses até 4 anos completos, idosos a partir de 60 anos, gestantes, pessoas que estejam em tratamento de outras doenças, mulheres que acabaram de dar à luz (45 dias após o parto), indivíduos privados de liberdade, trabalhadores de saúde, povos indígenas, funcionários do sistema prisional e professores.
Entre os grupos prioritários para vacinação estão os idosos com mais de 60 anos. Foto: Venilton Küchler/SESA divulgação.
Entre os grupos prioritários para vacinação estão os idosos com mais de 60 anos. Foto: Venilton Küchler/SESA divulgação.
Quem não pertence ao grupo ou não quer esperar a campanha pode aplicar a vacina em clínicas particulares.

Nova dose

Segundo a enfermeira Sueli Santos, do sistema Fiep, quem tomou a vacina em 2017 deve tomar novamente neste ano. “A imunidade contra a gripe dura até um ano após tomar a vacina. Outro fator é que a composição dela varia conforme os vírus que circularam no ano anterior”, completa.
Há também diversas empresas promovendo campanhas internas, com desconto para seus colaboradores e familiares. A Secretaria de Estado da Saúde afirma que a vacinação anual é a principal medida para evitar a doença, já que pode ser aplicada antes da exposição ao vírus e promove a imunidade durante todo o período de circulação da gripe.

Veja como se prevenir da gripe e de outras doenças respiratórias:

– lave as mãos frequentemente, principalmente antes de consumir algum alimento, com água e sabão — também use álcool gel com frequência.
– utilize lenços descartáveis para higiene nasal.
– cubra o nariz e a boca quando espirrar ou tossir.
– higienize as mãos após tossir ou espirrar.
– evite tocar nas mucosas dos olhos, nariz e boca.
– não compartilhe objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas.
– mantenha os ambientes bem ventilados mesmo nos dias mais frios, e evite aglomerações.
– procure não ter contato próximo a pessoas que apresentem sinais ou sintomas de gripe.
– adote hábitos saudáveis, como alimentação balanceada e ingestão de líquidos.
– Não se automedique, e busque atendimento médico quando surgirem os primeiros sintomas como aparecimento súbito de calafrios, mal-estar, dor de cabeça, nos músculos ou na garganta, coriza e tosse seca. A SESA também informa que sintomas como diarreia, vômito, fadiga, rouquidão e conjuntivite podem ser sinais de gripe, e devem ser analisados.
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