Basta digitar no Google “comer à noite” que já o buscador sugere, automaticamente, a continuação da pergunta: “engorda?” Esta, aliás, é uma das grandes questões sobre nutrição e sempre volta à tona. Mas será que para perder peso é preciso mesmo eliminar o jantar? Ou cortar carboidratos desta refeição?
“É um mito dizer que comer à noite engorda. O ganho de peso depende de uma série de fatores e entre eles o horário em que a pessoa come é o menor. Se ela se alimenta bem durante todo o dia, não vai ser o jantar responsável por ela engordar”, afirma a nutricionista Naiara Belmont, que atua com foco em comportamento alimentar.
Para ela, a refeição da noite só é capaz de engordar quando for consequência de uma alimentação desequilibrada. “O que ocorre atualmente é que, pelo estilo de vida que as pessoas levam, muitos não têm dado a devida atenção à alimentação ao longo do dia.
Então, quando chegam em casa a fome vem muito forte e acaba havendo um exagero, que pode levar ao ganho de peso. Mas ele não é consequência do horário em que se come, mas deste desequilíbrio como um todo”, explica. Ela fala que quando se está faminto, o critério de seleção de alimentos é comprometido, por isso é importante que se faça refeições conscientes ao longo do dia.
Diversidade à mesa
Outro grande mito é o que associa a ingestão de carboidratos ao ganho de peso. “Mesmo quando o objetivo é emagrecer não existe razão para cortar os carboidratos, basta optar pelos de baixo índice glicêmico e com maior teor de fibra, como os tubérculos e raízes”, sugere Valéria Sprengler Dietrich, nutricionista clínica funcional e fitoterápica.
Para ela, não é o fato de a refeição ter ou não carboidrato que vai impactar na balança, mas sim o quanto este grupo de alimento compõe o prato. “Minha recomendação é que as pessoas jantem, sim, e não fiquem fazendo lanches à noite. Mas metade do prato deve ser composto de saladas e vegetais, e a outra dividida entre proteínas e carboidratos de baixo índice glicêmico. É importante fazer uma refeição com densidade nutritiva”, defende.
O melhor horário
Para Valéria, o horário desta refeição vai depender muito da rotina de cada pessoa. “Alguns têm um ritmo mais intenso de vida, e vão dormir perto da meia-noite, então este jantar pode ser lá pelas 21 horas. Mas o ideal é que seja entre duas horas e meia e três horas antes de deitar”, recomenda.
Ela diz ainda que dependendo dos objetivos de cada indivíduo, comer à noite não é apenas indicado, mas sim fundamental, existindo ainda casos em que se recomenda uma pequena ceia logo antes de ir para a cama. “Atletas que desejam hipertrofia, por exemplo, são instruídos a se alimentarem antes de dormir, para que o corpo não perca massa magra. Nos casos de compulsão noturna, em que as pessoas acordam no meio da noite para comer, também se recomenda uma última refeição leve.”
Sobre a compulsão noturna, aliás, tanto Valéria quanto Naiara afirmam que os “assaltos à geladeira”, não são um comportamento normal e que podem ter consequências ruins para a saúde, entre elas o sobrepeso. “A síndrome do comer noturno precisa ser tratada, muitas vezes com acompanhamento psicológico e nutricional. Às vezes pode ser um desequilíbrio hormonal ou até mesmo um hábito, mas não pode ser encarado com normal”, alerta Naiara.
Equilíbrio acima de tudo
E sobre a perda de peso, Naiara afirma que tudo é questão de adotar hábitos mais saudáveis e equilibrados. “As pessoas geralmente gostam de ter uma solução pronta para o problema, por isso acham que vão cortar o jantar e tudo está resolvido. Mas ninguém consegue ficar tanto tempo seguindo uma dieta restritiva. O ideal é ter uma abordagem comportamental, que não foca no peso, mas na relação com a comida”, defende a nutricionista.
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