Genética, estresse, falta de nutrientes, doenças autoimunes. Várias podem ser as causas para a queda de cabelo. Fato é que o problema é uma das queixas mais comuns nos consultórios. Segundo a médica Juliana Battiston, o comum é que uma pessoa perca de 80 a 120 fios de cabelo por dia. É uma perda quase imperceptível de fios que ficam na roupa, na escova ou no travesseiro. Se percebemos essa queda, é porque o número pode ter ultrapassado os 200 fios – e aí é preciso se preocupar.
“Tem gente que chega a contar quanto perde por dia, mas não acho que seja necessário, porque a pessoa fica neurótica. Mas se a queda é perceptível, é porque está caindo bem mais que o normal”, afirma Juliana. As causas para a perda de fios podem ser muitas. A alopecia androgenética, conhecida simplesmente como “calvície”, é a mais comum.
De acordo com dados da Sociedade Brasileira para Estudo do Cabelo (SBEC), 42 milhões de brasileiros sofrem com a disfunção. Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que metade da população masculina do planeta terá algum grau de calvície até os 50 anos.
E se engana quem pensa que a condição atinge apenas homens. Ainda que em menor grau, mulheres também têm calvície. O problema é que a maioria delas demora para procurar tratamento. Quando o faz, é porque já perdeu muito cabelo. Portanto, quanto mais cedo for a consulta com um médico, melhor.
A causa para a alopecia androgenética é, como o próprio nome sugere, genética. E a história de que a condição é herdada da família materna é parcialmente verídica. É que o principal gene relacionado à calvície está localizado no cromossomo X. No caso dos homens, portanto, que herdam um cromossomo X da mãe e o Y do pai, é da família materna mesmo que virá o gene da calvície. Em relação às mulheres, a herança pode vir de qualquer um dos lados, pois elas recebem um cromossomo X de cada genitor.
Em ambos os sexos, é na puberdade, na transformação dos corpos de meninos e meninas para a vida adulta, que a calvície começa a se manifestar. Isso acontece por conta do aumento dos hormônios andrógenos nos jovens. Esses hormônios atuam na regulação do crescimento do cabelo, sendo responsáveis pela mudança da característica dos pelos nessa época de transição.
Seguir uma dieta deficiente em vitaminas, carboidratos, proteínas ou minerais – como o ferro e o zinco – também leva à queda de cabelo. É que para que o fio possa nascer, o folículo demanda uma grande quantidade de minerais. Por isso, antes de seguir qualquer dieta “da moda”, é preciso consultar um especialista.
Se tenho calvície, ficarei completamente careca?
Dificilmente quem tem alopecia androgenética ficará completamente careca. É que, nesse caso, o comum é que a perda de cabelo ocorra de forma mais intensa na parte frontal da cabeça. Há, porém, outro tipo de alopecia que pode causar a perda total dos fios.
Trata-se da alopecia areata, que também afeta homens e mulheres. Assim como a alopecia androgenética, a areata tem como causa a hereditariedade, mas também pode ocorrer devido ao estresse ou como reflexo de uma doença autoimune, como lúpus e vitiligo.
Normalmente, a alopecia areata se caracteriza pela perda de cabelo ou pelos em áreas específicas do corpo, como na parte mais “arredondada” do couro cabeludo, nos cílios, sobrancelhas e até na barba. Em algumas pessoas pode haver uma evolução para a alopecia areata total, com a perda de todo o cabelo.
A condição, porém, é reversível, mesmo nos casos de queda total – se houver o tratamento adequado, é claro. É que a alopecia areata é uma alopecia não cicatricial, isto é, os folículos pilosos, estruturas compostas por um fio de pelo ou de cabelo, não foram destruídos de forma permanente.
Lavar o cabelo todos os dias estimula a queda?
Esse é mais um mito que ronda a perda de cabelo, garante a médica Juliana Battiston. “Quanto mais tempo ficar sem lavar, mais sebo vai se formar no couro cabeludo, intensificando a queda”, diz. O ideal, portanto, é lavar mesmo os fios todos os dias ou dia sim, dia não.
Em relação aos penteados que exigem o cabelo preso, como coques e rabos de cavalo, a história é parcialmente verídica. Nos casos em que se prende com bastante força ou muito perto da raiz a queda pode, sim, ser intensificada. O mesmo vale para quando o cabelo é escovado com muita força.
Diagnóstico e tratamentos
É somente na consulta com um dermatologista que o paciente vai saber, com certeza, qual é a causa para a queda dos fios. Geralmente o exame físico feito no consultório dá conta do diagnóstico, mas às vezes exames complementares, como o tricograma – exame de análise do cabelo – e o exame de sangue, para descartar baixa de ferro e de vitaminas, por exemplo, são pedidos.
Quanto ao tratamento, a medicação, que pode ser oral ou tópica – aplicada diretamente na área afetada -, já dá conta do recado em muitos casos. O paciente também pode se submeter à intradermoterapia, que consiste na aplicação de microagulhas com compostos que estimulam o crescimento e fortalecimento de novos fios.
Em casos mais avançados, quando boa parte dos folículos já está “morta”, a saída é o transplante capilar. Para que a cirurgia dê certo, o paciente precisa ter área doadora – geralmente na parte posterior da cabeça -, de onde será retirado cabelo para ser transplantado na área calva.
* Colaborou: Mariana Balan.
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