Saúde e Bem-Estar

As doenças que você compartilha quando divide a cuia de chimarrão

Amanda Milléo
26/06/2018 08:44
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Dividir utensílios domésticos, como a cuia do mate, não é uma boa ideia na época de inverno, segundo alertam os médicos infectologistas. Foto: Bigstock

Dividir a cuia do chimarrão pode ser uma experiência comum e, em um primeiro olhar, inocente. No entanto, o compartilhamento de utensílios domésticos, como a cuia do mate, não é uma boa ideia na época de inverno, segundo alertam os médicos infectologistas.
Isso porque as doenças respiratórias mais comuns da época, como resfriados e gripes, têm diversos meios de propagação. Os mais conhecidos são as gotículas, lançadas ao ambiente através de espirros e tosses. Essa transmissão pode ser feita de forma direta (espirro nas costas de um amigo) ou indireta (espirro na mão, que encosta no teclado do computador usado por outras pessoas).
(Foto: Andre Rodrigues / Agência Gazeta do Povo / Arquivo)
(Foto: Andre Rodrigues / Agência Gazeta do Povo / Arquivo)
Quando encostamos em uma cuia de chimarrão logo depois de alguém resfriado, forma-se uma transmissão indireta e as chances de contato com os vírus também são grandes, bem como a contaminação e o desenvolvimento da doença. Se usamos o mesmo canudo, sem a devida limpeza entre os usos, o risco de contaminação é ainda maior:
“A água do chimarrão não chega a uma temperatura capaz de matar o vírus. Ele morre somente na água fervente mesmo, o que não é o caso. A cuia, apesar de estar quente, assim como o canudo, não chega a uma temperatura suficiente e não impede a transmissão“, explica Bernardo de Almeida, médico infectologista do hospital Marcelino Champagnat.

Como se livrar da gripe tomando chimarrão

Deixar de lado um hábito como o compartilhamento da cuia de chimarrão não é tarefa fácil. Mas há uma solução mais simples e que evita o abandono da prática: limpar a cuia sempre antes de usá-la.
Existem maneiras de se livrar dos vírus, e do risco de contaminação, sem perder muito tempo, conforme explica o médico infectologista. “Se você fizer a limpeza da cuia, especialmente o canudo, onde as pessoas colocam a boca, com álcool, bloqueia a transmissão do vírus. Ou, também, pode ser feita a lavagem com produtos de limpeza mesmo. Se usar o álcool, é importante esperar até secar antes de entrar em contato”, sugere.
A limpeza, no entanto, deve ser com um álcool específico – líquido a 70%. Se optar por um álcool em gel, conforme explica Marta Fragoso, médica infectologista do hospital VITA, a cuia ficará pegajosa e a ação de limpeza demorará a fazer efeito.
“Tivemos casos de surtos de hepatite B nas regiões de Santa Catarina e Rio Grande do Sul relacionados ao uso compartilhado do chimarrão. É um hábito do pessoal, mas compartilhar a cuia, ou qualquer outro objeto com saliva, sem dúvida tem esse risco”, reforça a especialista. O melhor, segundo Fragoso, é que cada um tenha a sua cuia.
Gripe ou resfriado?
Embora ajam da mesma forma para atacar o organismo, aproveitando-se da vulnerabilidade do sistema imunológico, os sintomas entre uma gripe e resfriado são diferentes. Reconhecendo quando é uma gripe e quando é um resfriado, o tratamento será feito corretamente.
Resfriados têm início gradual e raramente apresentam febres altas ou dores de cabeça. No caso da gripe, porém, o início é rápido e, além da febre, os pacientes relatam sentir dores musculares intensas. A gripe dura entre duas até três semanas, enquanto o resfriado se cura em poucos dias, uma semana.
Os resfriados também trazem nariz congestionado, coriza e dor de garganta – sinais que nem sempre se apresentam na gripe. Uma pessoa pode, mesmo resfriada com regularidade, nunca ter sido infectada e desenvolver uma gripe.
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