Saúde e Bem-Estar

“Voltei a ter miopia depois da cirurgia”: essa e outras complicações do procedimento

Amanda Milléo
01/07/2018 07:00
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(Foto: Bigstock)

Nem todo paciente que se submete à cirurgia no olho de correção da miopia, astigmatismo ou hipermetropia (chamada também de cirurgia refrativa) sairá ileso. Complicações pós-cirúrgicas não são comuns, mas podem acontecer e causar danos que comprometem a produção de lágrimas, sensibilidade à luz, visão dupla, ardência ou até a volta dos problemas de visão anteriores.
A prevalência das complicações acontece em um caso a cada mil a três mil cirurgias, segundo o médico oftalmologista Wallace Chamon, membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologista, e cabe ao especialista escolher qual paciente pode, de fato, passar pelo procedimento.
“A seleção inadequada do paciente aumenta a chance de um mau resultado. Essa seleção vai desde características da córnea, o grau do paciente e até a expectativa para a cirurgia. Eu diria, de forma geral, que pelo menos 10% a 20% dos pacientes não podem se submeter à cirurgia”, explica o médico e também professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Universidade de Illinois de Chicago, nos Estados Unidos.
Se a córnea tiver qualquer irregularidade, não há como fazer a cirurgia, e o exame de topografia da córnea, portanto, torna-se essencial. Essa é, segundo Chamon, a principal contraindicação.

“Voltei a ter miopia depois da cirurgia”

Um relato não tão incomum é a volta do problema de visão anos depois do procedimento cirúrgico. A atriz Luara Fagundes Maranho, de 26 anos, realizou o procedimento em ambos os olhos em 2012 e, ano passado, sentiu que a miopia estava voltando.
Antes, Luara sofria com oito graus de miopia e 2,5 de astigmatismo. Agora, a miopia não chega a um grau, mas fez a atriz voltar a usar óculos de descanso. “Como não chega a 0,5 grau de astigmatismo e só um grau de miopia, está pouco e a cirurgia ainda valeu a pena”, comenta.
A volta da condição depois da cirurgia, segundo Wallace Chamon, médico oftalmologista, está relacionada principalmente ao diagnóstico anterior de evolução dessa mesma condição. “A expectativa é que a cirurgia seja feita uma vez só na vida, portanto eu preciso de um grau que não esteja evoluindo. Se eu tenho um paciente com grau hoje e, daqui três anos, o grau está maior, a miopia está evoluindo. Se ele fizer a cirurgia hoje, em três anos ele terá miopia novamente, porque ela evoluiu”, explica.
Embora a estabilidade de grau seja alcançada depois dos 18 anos, isso não significa que qualquer pessoa míope de 19 anos tenha a indicação cirúrgica.

Como é feita a cirurgia?

Existem atualmente duas grandes técnicas de correção da visão: a PRK e a Lasik. Cada técnica é escolhida com base em características do paciente, como a espessura da córnea, e ambas aplicam um laser na córnea de forma a moldá-la na posição mais adequada.
“O Lasik não pode ser realizado se a córnea for muito fina, pois não se consegue realizar o flap corneano [abordagem adotada nessa técnica]. Depois desse flap, o laser é utilizado e o flap é recolocado. No PRK, é feita a remoção do epitélio da córnea e depois feito o laser. No Lasik, a recuperação é mais rápida e com menos dor, mas a PRK é mais segura”, explica João Guilherme Oliveira de Moraes, médico oftalmologista especialista em retina.
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