As cinco lesões e traumas mais comuns em quem pratica esporte
Carolina Kirchner Furquim, especial
10/09/2019 13:00
O ombro é extremamente sobrecarregado na natação e 60% dos atletas vão sofrer com tendinite nessa região. Foto: Bigstock.
As cinco lesões e traumas mais recorrentes nos consultórios e pronto-atendimentos ligadas a ortopedia são contusão, a popular pancada; luxação, se que caracteriza por um desencaixe articular, torção também chamada entorse; distensão muscular, conhecida por estiramento e fraturas.
A informação é do médico ortopedista Vagner Messias Fruehling, especialista em ombros e cotovelos.
Segundo ele, todas as pessoas estão sujeitas a isso, com uma tendência clara do crescimento no número de atendimentos, dado o aumento da expectativa de vida, da disseminação das atividades físicas e também da diversidade dessas práticas. Saiba um pouco mais sobre cada uma delas:
Contusões
Normalmente as contusões, que geram rompimento de fibras e também lesam a microcirculação, despertando assim uma cadeia inflamatória, são tratadas com gelo.
“Essa deve ser uma conduta imediata, porém realizada com cautela. Algumas pessoas se enganam e pensam que “mergulhar” o membro na água gelada é o melhor a ser feito, mas esse comportamento pode resultar em uma queimadura cutânea, por exemplo. O gelo deve ser feito com cuidado, por 15 a 20 minutos, três vezes ao dia”, orienta.
Em casos mais extensos, o médico pode recomendar, inclusive, o uso de órteses. A cirurgia, por sua vez, tem recomendação bem específica. “É comum nos depararmos com lesões ligamentares bem completas, mas que não requerem esse tipo de intervenção”.
Luxações
A luxação se caracteriza por uma deformidade geralmente aparente no membro afetado. Esse tipo de lesão requer manobras para que a articulação seja novamente colocada no lugar.
Contudo, devem ser executadas por profissionais altamente especializados, pois, se mal feitas, podem piorar o quadro do paciente.
“Luxações são traiçoeiras. Elas podem estar associadas ou não a fraturas, então o Raio-X é o exame mais indicado para o diagnóstico”, diz Fruehling.
Entorses
As entorses, que decorrem de movimentos bruscos, má colocação do pé ou até de um simples tropeção, por exemplo, são lesões ligamentares sem descolamento ósseo.
Entorses mais importantes têm indicação cirúrgica, mas na maior parte das vezes o tratamento é sintomático, com repouso e medicação para controlar a dor e a inflamação.
O paciente, nesse caso, não pode voltar à prática do esporte sem estar completamente curado, o que só acontece semanas mais tarde, mesmo que não haja mais dor.
“Se não for respeitado o tempo da lesão, ela pode aparecer no primeiro pique de uma corrida”, alertou o médico.
Distensões
Um pouco mais preocupantes, as distensões, com ruptura de algumas fibras musculares ou até mesmo do tendão, requerem, acima de tudo, o respeito ao período de quarentena exigido para a devida cicatrização.
“São lesões bem incômodas, com dor que pode persistir até o décimo quinto dia”, observa o ortopedista.
Segundo ele, a percepção de um “furo” muscular pode permanecer por toda a vida.
“A explicação é que no organismo, só o osso cicatriza como osso. Todos os outros tecidos, inclusive músculo e pele, cicatrizam como outros tecidos que não o seu original, deixando marcas sensíveis ao toque”.
Fraturas
Já as fraturas, extremamente comuns, com ruptura total ou parcial do osso, requerem tratamento imediato com imobilização e, em casos mais graves, cirurgias para a colocação de placas e parafusos.
É possível evitar
Segundo o médico, grande parte das fraturas pode ser evitada apenas com a prática do alongamento e aquecimento antes dos exercícios físicos, algo que boa parte das pessoas não faz.
“Não insistir em exercícios — se estiver com dores — e conhecer os próprios limites são algo muito importante. Se der uma pausa e decidir voltar, deve-se usar uma carga menor”, diz ele.
Nas academias, lesões de ombro, que costumam ser complicadas, podem ser facilmente evitadas ao excluir do plano de treino exercícios como voador, desenvolvimento de ombros com movimento dos braços atrás do pescoço e remada alta, feita no crossover.
“Todo exercício com rotação de ombro, nos quais o braço fica longe do tórax, é péssimo para essa articulação. Isso inclui até movimentos do dia a dia, como abrir ou fechar uma janela com o braço muito afastado do corpo”.
A natação, ainda que seja um excelente exercício e reconhecida pelo baixo impacto, nunca é recomendada para pessoas com problemas de ombro.
“Essa articulação é extremamente sobrecarregada na natação. Para se ter uma ideia, 60% dos atletas dessa modalidade vão sofrer com tendinite nessa região, popularmente conhecida como ombro de nadador”, fala o médico.